Thursday, January 12, 2006

Ainda existe gente legal

Me interesso quase que totalmente por gente sem máscaras. Nas poucas vezes em que conheço alguém assim, fico absolutamente fascinada, quase até com uma certa dose de inveja, intrigada em como alguém consegue ser daquela maneira. Acho tão difícil e tão heróico se despir de máscaras que tenho essa tendência a acreditar que estas pessoas são espécies de seres iluminados. E fico querendo ser amiga delas, que nem quando eu tinha dez anos e queria andar com a galera de quinze. Obviamente nunca dá certo.

Em contrapartida, morro de tédio de toda essa gente que veste um personagem. Fica tão na cara que aquilo não passa de encenação de uma noite que eu me pergunto se ninguém mais repara na falcatrua a não ser eu. Descobri que sim, só eu reparo, e isso se dá apenas por um detalhe: eu quero ver. Não que eu seja mais inteligente ou mais observadora que a maioria da humanidade, mas simplesmente já deixei pra trás há muito tempo a vontade de me enganar com posers.

O problema é que tem pessoas demais no fingimento. Ontem foi um dia em que, de repente, me vi cercada de uma galera legal. Céus, há tempos eu não me encontrava nessa situação, de vontade genuína de levar um papo com aquelas pessoas, sem ter que procurar no fundo do bolso conversas sobre amenidades só para quebrar o silêncio. Houve uma época em que eu deixava o silêncio incômodo correr de propósito, me recusando a falar sobre o tempo com gente com quem não tinha papo. Mas depois de uns anos você acaba entrando no jogo, eu acho, e então quando percebe está conversando sobre efeito de drogas e festas e o jeito como não sei quem dança. E, internamente, você tem vontade de ler algumas linhas do primeiro clássico que vê na frente.

Mas ontem não foi assim. Talvez toda a minha impaciência tenha sido amainada com doses de álcool, mas talvez também não seja essa a questão. O lance é que se tratavam de pessoas legais. E é ótimo descobrir que, apesar de todas as evidências contra, elas ainda existem em algum lugar por aí.

1 comment:

Beatriz Zandonadi said...

Poxa, seus textos são muito bacanas. Leio todos os seus blogs, desde o "Observações...". E realmente temos que fazer parte de um jogo de sobrevivência e conveniências, que é uma chatice.