Wednesday, October 26, 2005

Homens que pedem em namoro

Eu tenho um amigo que está saindo com uma menina há alguns meses, mas ainda não sabe se está namorando. Não, ele não tem quinze anos, ele tem quase trinta, já morou com outra namorada e já teve inúmeras outras meninas menos importantes. Mesmo assim, ele ainda se pega questionando se o que vive é ou não um namoro.

E um dia ele conversava comigo no carro para saber se aquilo que ele tinha era um relacionamento oficial, dizendo que ele não queria assustar a menina, e que etc e tal, quando eu perguntei: "Você já pediu ela em namoro?"

Ele riu. E riu mais. E o que eu fiz foi acender um cigarro e esperar que o ataque terminasse.

Por fim, ele parou, olhou pra mim, e respondeu:
- Pedir em namoro? Eu nunca fiz isso na minha vida!

Coitadinho, eu pensei. E falei:
- Coitadinho de você.

Esse meu amigo não sabe o quanto é legal você pedir em namoro. E, pelo visto, essa garota com quem ele está quase-namorando também não vai ouvir da boca dele.

É muito bom responder "sim". Mesmo quando você não tem certeza se é isso que deve fazer no momento. Um homem que pede em namoro já tem um diferencial dos outros. Merece uma atenção melhor, um tratamento especial.

Tá bom, eu confesso que já ouvi a pergunta, e que ela foi essencial para tornar a minha resposta positiva.
As pessoas precisam parar de ter medo e começar a agir de modo mais direto. Dá uma preguiça danada tentar adivinhar o que está rolando entre um casal.

Às vezes dá a maior saudade dos tempos da minha avó. Como a vida devia ser fácil de viver...

Thursday, October 20, 2005

Uma pesquisa mais bizarra

Hoje tentei pesquisar minhas imagens no Google. Coloquei meu nome, cliquei no Google Imagens e apareceu um monte de fotos de cantores gospel.
Que nada tinham a ver com o meu nome. Pelo menos isso.

Wednesday, October 19, 2005

Bernard Cornwell rules!

Eu sou uma amante dos nerds. Na verdade este texto deveria se chamar Nerds rule!, mas aí eu me emocionei com o Bernard Cornwell e resolvi mudar tudo. Mas, como uma amante de nerds, eu mesma já me vi envolvida até o pescoço com comportamentos nerdísdicos de primeira. Já virei noite jogando RPG em ambientação medieval. Já li quase todos os quadrinhos do Sandman. Já usei camisetas de bandas de rock (alguém duvida que não há nada mais nerd do que isso?) e recentemente me vi na festa de uma amiga perguntando baixinho: "Ei, é aquele ali que é o Cardoso?" Quando você participa de uma festa em que a maior celebridade é um blogueiro famoso, você é nerd. E não há nada que se possa fazer para alterar este fato.

E por causa de toda nerdice adquirida, fiquei interessada em histórias da época medieval. Guerra de senhores, Cavaleiros da Távola Redonda, magia e brumas da Inglaterra antiga. Adoro tudo isso. É claro que li todos os volumes de "As Brumas de Avalon", mas isso foi lá pelos meus 14 aninhos, e hoje em dia confesso que acho o livro muito... mulherzinha. E não tenho mais paciência.

Até que conheci Bernard Cornwell. Uma amiga me mandou de presente os volumes de As Crônicas de Arthur, três calhamaços de 300 páginas que eu devorei feliz da vida durante 2004. Não tinha absolutamente nada a ver com As Brumas de Avalon, e eu fiquei particularmente feliz com as descrições de cenas de guerra, com muito sangue, sangue por todo lado, sangue, sangue, sangue. Coisa de quem já jogou RPG.

O sinistro foi me pegar pensando no personagem principal. Pensando mesmo. Andando de ônibus, olhando pela janela e matutando: "O que será que o fulano (não lembro mais o nome...) vai fazer depois que Arthur nomeá-lo soldado?"
Quantos escritores você já leu que o fizeram pensar no personagem principal?

E agora eu me dedico à série Busca do Graal. Me dedico mesmo. Chego em casa, janto e me tranco no quarto. Não vejo TV, não leio jornal, não ligo pra ninguém. O meu negócio é com o Bernard. (Por enquanto)

Friday, October 14, 2005

Uma noite para cortar os pulsos

Na próxima sexta eu vou cortar os pulsos. Aviso logo para que depois ninguém fique surpreso com os meus pulsos cortados, já que meus amigos têm mania de achar que eu sou otimista (não sei bem quem inventou isso, mas a verdade é que eu peguei a fama, e agora está difícil de largar). Mas então, semana que vem estarei sozinha no quarto, sem companhia de amigos, porque todos eles estarão no show dos Strokes.

Já foi o tempo que eu me preocupava com shows perdidos. O pior deles foi o dos Beatsie Boys, quando tocaram no Rio e o meu pai não me deixou ir porque era ano de vestibular. Longínquos 1993. Na época pensei: "what the hell, uma hora os caras voltam". Mas eles nunca mais voltaram, e eu lembro com amargura da apresentação tão cobiçada que eu perdi.

Ano passado a história se repetiu, mas com uma sutil diferença: perdi a vinda dos Pixies, só que dessa vez foi por causa de trabalho e não por causa do meu pai. Tinha ficado uns bons meses na rua da amargura, e quando finalmente algum trabalho apareceu, eu tinha que começar a labuta no mesmo dia da apersentação dos caras lá em Curitiba. Dessa vez pensei: "Que coisa adulta", o que é sempre pior que pensar "what the hell". E os caras não vão mais voltar.

Agora é a vez dos Strokes. Não me perocupei em comprar os ingressos - que acabaram em quatro dias, por sinal - porque tinha uma viagem marcada. Os dias passam e a minha viagem é transferida para uma semana depois. Mas daí é tarde demais. Não existem mais ingressos disponíveis, e todos os meus amigos - to-dos - estarão lá.

Bom, pode ser que eu não corte os pulsos na próxima sexta e decida, ao invés da investida dramática, ir ao cinema. Ainda não sei. Até lá eu me decido.

Thursday, October 13, 2005

Pesquisando pessoas no Google

Que atire a primeira pedra quem nunca colocou seu próprio nome no Google só pra ver o que aparece. Um dia comentei com uma antiga chefe que tinha feito esta experiência, e uma semana depois ela chegou ao trabalho com um globo de presente pra mim, seguido com a fala: "Isso aqui é pra você ver quantos lugares no mundo você ainda não conhece, e quanta gente mora em todo esse espaço. Pense nisso ao invés de pesquisar seu nome no Google" Foi uma fala de impacto, mas dita com muito cuidado, e por isso, no final, eu acabei concordando com ela. Mas hoje - só de curiosidade, sabe como é - eu pesquisei meu nome de novo.

E aparece tanta coisa bizarra! A maioria é de links pro meu blog antigo, o Pequenas Observações sobre Coisas sem Importância, que era um sucesso absoluto de público e bilheteria - mas que foi tirado do ar pela Globo.com porque eu fiquei dois meses sem atualizar. Bastards. Mas o engraçado é que não aparece uma linhazinha sequer deste meu novo diarinho de pensamentos pequenos e rasos, e eu não sei por quê. Vai ver é porque eu não escrevo o meu nome aqui em nenhum lugar. (Então que fique logo registrado BRUNA PAIXÃO. Tomara que agora o Google me localize).

Só que esquisita mesmo é essa mania que eu tenho de pesquisar outras pessoas na internet. Ou melhor: de pesquisar possíveis príncipes encantados. Será que só eu faço isso?
Acho incrível o quanto você pdoe descobrir sobre alguém usando a internet. Você descobre até o que não quer descobrir. Vê fotos que nunca deveria ver, lê textos que não deveriam estar publicados, é um desastre só. E mesmo sabendo de tudo isso, continuo fazendo. Uma vergonha.

Pesquisar pessoas no Google é feio, feio, feio. Mas às vezes eu não resito...

Tuesday, October 11, 2005

Amanhã é feriado! Mas não pra mim...

Amanhã terei que trabalhar. Eu já deveria ter me acostumado a não ter feriado, horário, fim de semana ou qualquer outro tipo de day off institucionalizado. Afinal de contas, faz parte da minha profissão. Acontece que à medida que o tempo passa, menos paciência eu tenho para expedientes em dias que deveriam ser de folga.

Quando comecei a brincar de adulta, eu achava o máximo falar que estava super cansada de tanto trabalho. É essa veia workaholic que eu tenho e que agora eu luto tanto para fazer com que ela cale a boca. Mas no meu primeiro emprego ela gritava a altos brados. Fizesse chuva ou sol, fosse natal ou véspera de ano novo, lá estava eu em frente ao meu computador, suportando um calorão (é que desligavam o ar condicionado central do edifício nos dias que não eram "úteis", como se já não bastasse todo o resto), com o ICQ ligado e digitando loucamente.

Também, pudera: nessa época eu tinha pouco dinheiro, não tinha namorado, não gostava de praia e podia chegar na redação lá pelo meio-dia. O que rolava era que eu saía todos os dias e ia trabalhar todos os dias. Uma pessoa feliz.

Mas agora eu tenho uma puta inveja de quem tem um emprego de 8h às 5h, que tem fim de semana, que tem feriado, que tem férias remuneradas, décimo terceiro e licença maternidade. E essas pessoas são cada vez mais raras. Cada vez mais....

***

By the way, tem um textinho meu na Mood sobre o Nokia Trends do Rio. Não procurem informações corretas, trata-se apenas de uma visão muito pessoal de uma festa para muitos.
Enfim, quem puder, passa lá.

Monday, October 10, 2005

Festa de amigos dos amigos

Sexta-feira em Santa Teresa, bem em frente à bela paisagem de pequenas luzes do Morro dos Prazeres. Digam o que quiser, mas eu acho que a favela à noite é muito bonita, toda iluminada por milhares de casas, casebres, barracos e prédios de três andares. Do outro lado da vista estava eu, debruçada sobre uma janela de apartamento, esperando que a sala ficasse cheia. É que cheguei muito cedo na festa, e como não conhecia ninguém, esperei pela música alta na companhia de coca-cola + vodka. Adoro.

Eu gosto dessas festas em casa de amigos, com músicas que todo mundo gosta e a sensação de que a casa poderia ser sua. Quer dizer, graças a deus a casa não era minha, porque o povo estava empolgado e o meu lado virginiano de primeiro decanato provavelmente ficaria freaking out com toda aquela animação. Mas é bem possível que nenhum virgiano morasse naquele prédio inteiro, a julgar pelo barulho que a gente fazia. Não houve reclamação por parte de nenhum vizinho, e isso foi realmente incrível.

Tinha esquecido de como era divertido sair para este tipo de festa. Tanto que às 4h da manhã pessoas decidiram dar uma passadinha ali no Riocenacontemporânea. Uma passadinha às 4h da manhã em qualquer lugar era algo que eu nao fazia há muito, mas muito tempo mesmo. E foi neste estado de espírito que cheguei à Estação Leopoldina.

Descobri todo um mundo novo depois desse final de semana. Descobri que é divertido ter namorado e sair sozinha, principalmente porque dessa forma a gente não carrega aquele eterno pensamento "será que hoje vou conhecer alguém interessante?" - pensamento este que nos persegue mesmo quando não estamos interessadas em ninguém.

Depois de uma hora de Riocenacontemporânea e Estação Leopoldina, decidi que a minha noite estava completa. Cheguei em casa e tirei os sapatos para não acordar o resto da casa, até que me joguei na minha caminha de solteiro. Não tenho certeza, mas acho que a noite tinha se transformado em 1998. Ou talvez até antes disso.´

É ótimo ser jovem de novo.

Friday, October 07, 2005

Cheiros

Cheiros inesperados são deliciosos. Daquele tipo que a gente está passando e de repente sente um perfume e pensa: nossa, esse é de fulano. Ou então aqueles que imediatamente trazem sensações e sentimentos de volta, ou que lembram uma época específica. Adoro os cheiros.

Lembro que certa vez, lá pelo começo das aulas na faculdade, conheci um menino que me rendeu um ou dois encontros de verão. Nada mais que isso porque eu andava apaixonada por outro, e eu sou assim mesmo, fiel até a paixões não correspondidas. E depois eu nunca mais vi o menininho, que era uma pessoa legal, mas que parava por aí. Anos depois, quando terminei a faculdade, encontrei com o tal cara sem querer e a gente parou no Leblon pra tomar um café e colocar as novidades em dia. Papo vai, papo vem e, na despedida, trocamos um abraço. Nessa hora, ele vem com a surpreendente frase: "Nossa, você ainda usa o mesmo perfume!" E uso mesmo. Le Male do Jean Paul Gaultier, o qual sou cliente desde os dezoito aninhos, quando ganhei um frasco e passei a usar só porque não tinha outra marca disponível no momento. Perfumes masculinos são irresistíveis para mim.

E aí ontem, desfazendo a mala de roupas que estavam espalhadas em uma casa que não é a minha, veio um cheiro de surpresa, um cheiro de uma pessoa que não sou eu. Respirei fundo. Era como se a pessoa que não sou eu estivesse lá ao meu lado, o que me fez lembrar de várias situações interessantes e engraçadas, e eu sorri de saudade.

Tem gente que precisa de fotos, tem gente que precisa de músicas, tem gente que precisa de longas conversas ao telefone. Eu só preciso da fragância certa.

Thursday, October 06, 2005

No escritório

No trabalho são anunciados planos mirabolantes de sucesso incontestável. Mas como eu sou mercenária, tudo o que penso é em ganhar um aumento. Outro dia li no meu horóscopo que esse era um bom mês para melhorar as finanças, mas até agora ninguém bateu no meu ombro e disse: "hmmm, você está merecendo ganhar mais". Então acho que sou eu que tenho que me mexer.

Uma coisa que não suporto no ambiente de trabalho é fofoca. E como tem, meu deus. O quanto cresce a fofoca é o quanto eu me distancio do grupo. E aí acaba que eu não sou convidada para festas e chopes do pessoal do escritório, o que realmente me incomoda. Odeio não ser convidada para festas, mesmo que eu não tenha a mínima pretensão de aparecer. Esse é um dos mes 4.723 defeitos.

No trabalho, é preciso ser diplomático, dizem os livros de auto-ajuda que eu não li. Mas me falta essa diplomacia, e o máximo que eu consigo é ficar de longe rindo das piadas maldosas, um pouco incomodada, com certa culpa sobre os ombros.

Ainda bem que está chegando o fim de semana.

Wednesday, October 05, 2005

Adultos

Quando nosso amigos começam a arredondar para cima sua conta no bar, isso é sinal de que estamos virando adultos. Quando passamos a escolher o que vamos comer sem olhar a coluna da direita - a dos preços - isso é sinal de que viramos adultos e ganhamos razoavelmente bem. Agora, quando damos uma festa de aniversário em um bar e a conta final dá muito menos do que o bolo de dinheiro + ticket, e decidimos continuar a festa com o dinheiro que sobrou, isso é sinal de que não queremos virar adultos. Principalmente se essa festa estiver acontecendo em uma terça-feira.

Tenho problemas em usar a palavra "adulta" para me descrever. Isso só funciona quando quero afirmar que sou uma pessoa consciente de todas as merdas que eu faço. Nesse caso, posso usar frases do tipo: "Eu sei onde estou me metendo, sou uma pessoa adulta" - mesmo quando não faço a mínima idéia do que estará por vir. Aliás, não ter idéia do que vai acontecer é um dos aspectos que mais me seduz em qualquer situação. E talvez explique por que não gosto de me chamar de adulta.

Ontem foi aniversário de doze anos da minha irmã mais nova, e nós fomos comemorar a data comendo um mega hamburguer com cebola frita, cogumelos, queijo e bacon no Friday´s. Uma das coisas boas de ser adulta e não aceitar essa situação é que ter dinheiro para pagar mega hamburgueres em franquias americanas super caras.

A grande diferença entre minha irmã e eu - além dos 16 anos que nos separam - é que ela pediu coca normal, enquanto eu bebiba coca light.
Não tem jeito, um deslize ou outro sempre nos lembram a nossa verdadeira idade.
(principalmente se for levado em conta que ela não tem celulite nenhuma, enquanto que eu...)

Tuesday, October 04, 2005

Namorado

Como de costume, acordei ainda louca de sono, e fiz mentalmente a lista das tarefas que deveria realizar hoje. Funciona como uma espécie de fator de expulsão da cama, já que eu não estava, também como de costume, com a mínima vontade de levantar. Uma coisa é você ser obrigada a acordar porque precisa chegar a certa reunião às 9h da manhã. Outra bem diferente é ter a reunião marcada para as 14h e ter que chegar às 10h só para não ficar muito feio. Em um Universo perfeito, hoje eu sairia de casa às 13h, para chegar ao trabalho a tempo do meu encontro profissional. Mas como nem o meu trabalho, nem eu, nem o universo são perfeitos, foi com muito esforço que me chutei da cama uns vinte minutos depois do despertador começar a tocar. E só consegui me chutar usando a técnica da lista mental de tarefas do dia.

Se de manhã me obrigo a ficar ligada nas ocupações e deveres de um ser quase totalmente responsável, à noite quero, desesperadamente, deixar tudo para trás. Também inventei uma técnica particular para me desvincular de todo o peso de trabalho + pressão + pouco dinheiro, e essa técnica se chama "namorado". Basta eu pensar um pouquinho nele e pronto: em questão de minutos estou pulando as nuvens junto com meus carneirinhos. E só volto a mim na manhã seguinte, quando o despertador toca.

Fora isso, bem, estou entediada. Acordo entediada, chego ao trabalho entediada, converso aparantemente animada - mas no fundo estou transbordando de tédio. Parece que as coisas estão se movendo em câmera lenta, e isso me dá uma impaciência louca. Não tenho tido saco nem comigo mesma. Como se faz para tirar férias de si mesma? Na verdade, pouca gente sabe, mas existe uma maneira de parar de encher o próprio saco. E essa maneira se chama... "namorado".

Só que o meu está longe. Quilômetros de distância. E aí eu sou obrigada a me agüentar até poder voltar ao normal.
Ai, que tédio.

***

Se bem que aconteceu um milagre. Meu peixe não morreu. E eu juro que ele estava seguindo a luz branca na última vez que o vi. Eu juro que ele já estava com um pézinho lá no céu dos peixes. Mas ele voltou a si e ontem, quando me viu, fez festa pedindo comida.
Vai ver não era a hora dele ainda.

Monday, October 03, 2005

Meu peixe está morrendo

Outro dia acordei e o meu peixe estava morrendo. Eu percebi que ele não andava lá essas coisas, comia pouco, nadava menos ainda, e nem se animava quando eu entrava no quarto. É que, em condições normais, o meu peixe ficava muito feliz quando me via, já que eu era sinal de que ele receberia comida. Mas nos últimos tempos ele mal chegava na beira da água à procura da raçãozinha quase diária. E outro dia, finalmente, eu vi que ele não passaria de algumas horas.

Mas o que você faz quando um peixe está agonizando? Nada. Não é como um cachorro, ou um gato, que você pode levar pro veteriário e esperar por um milagre. Quando um peixe agoniza, o máximo que podemos fazer é esperar pela hora da morte. Como eu sou uma pessoa cheia de compromissos inadiáveis, tive que deixar o peixe moribundo pra trás, e desde então não pus mais os pés em casa. Há três dias não apareço por lá. Não consigo pensar no que vou fazer com meu peixinho morto, boiando de barriga pra cima. Vai ter o mesmo fim que tantos outros já tiveram. É o caminho natural das coisas.

E então, diante de toda a minha impotência naquela situação de quase-morte, eu mandei uma mensagem no celular para alguém que entenderia. A mensagem dizia apenas : "Meu peixe está morrendo." Cinco minutos depois, a resposta veio: "Ahh..."
Era só disso que eu precisava.

Não é todo mundo que entende o que você sente quando o seu peixe está morrendo. Quando se encontra uma pessoa assim, é preciso aproveitar com todos os poros o que ela tem a oferecer a você. Eu já sabia disso, mas a cada minuto mais um detalhe me confirma que é verdade.
Pessoas que entendem o peso da morte de um peixe entedem também de muitas outras coisas. É por isso que eu não abro mão de gente assim por nada no mundo.

Quando você voltar, o aquário vai estar limpo, com um novo morador, só esperando para que você o conheça.
Até lá, todos as minhas mensagens de celular estarão em silêncio. Simplesmente porque não adianta tentar de outra forma.