Saturday, July 26, 2008

Catarina, The Cat

Agora tenho uma gata no meu apartamento: Catarina, the cat. No primeiro dia, tentei me aproximar e ela se arrepiou de desconfiança. No segundo dia, se escondeu embaixo da cama da sua dona, de vez em quando procurando de onde vinha a voz estranha que conversava perto dela. No terceiro dia, ficou na porta do meu quarto até ganhar coragem e entrar. Quando entrou, cheirou meus vestidos e minhas bolsas, cheirou minha cama, meus sapatos, meus livros, cheirou minha pilha de papéis inúteis, minha sacola de fotografias erradas dos anos 90, cheirou o Massashi que estava deitado, cheirou o cesto de roupa sujas e mais um monte de livros sujos, e quando se cansou de cheirar tudo, Catarina se enroscou perto de mim e se deitou, ocupando o espaço perto do meu travesseiro.
Foi paixão imediata.

Monday, July 14, 2008

Nascimentos

Mãos e orelhas de bebês me fazem querer parir. Talvez porque as mãos sejam pequenas e busquem qualquer coisa que consigam segurar com aquelas minúsiculas palmas. Ou porque as orelhas sejam cópias exatas das orelhas dos adultos, só que na versão mini: mini-orelhinhas, mini-dedinhos, mini-unhinhas, e uma vontade mega de colocar aquele ser no meu colo e protegê-lo de todos os bichos papões. Nem todas as mulheres nasceram par ser mãe. Eu nasci.

Também nasci pra ter um marido, e para vasculhar a Tok Stok pensando na decoração da sala. Nasci pra jogar pro alto, mesmo morrendo de medo, meu apartamento mobiliado com móveis de segunda mão para comprar tudo novo em um outro na Avenida Paulista. E também pra achar semelhança entre os pais naqueles bebês que ainda têm cara de joelho, porque nem bem chegaram ao mundo, e nem bem abriram os olhos, e já estou eu procurando e encontrando uma sombra do pai, da mãe e etc.

Definitivamente, eu nasci pra fazer uma puta festa de casamento - mas não nasci pra padre nem igreja, nem véu e grinalda.
Nasci pra fazer lista de presentes em lojas caras, acreditando que meus amigos vão se juntar em uma vaquinha e me darão um sofá. Mas deixando opções mais acessíveis para aqueles que estão na segunda faculdade.

Não sabia, até ontem, mas agora descobri: nasci pra adotar uma criança, de preferência aquela que ninguém quer porque é negra, mas que tem a orelhinha e a mãozinha que tanto me encantam em bebês.
Nasci pra fazer planos de viagens para as quais não tenho dinheiro. E para tentar aprender novas línguas, mantendo a pronúncia horrorosa do meu espanhol iniciante.

Nasci pra ser boa de garfo e ruim de panela.
Pra ser preguiçosa, mas vencer a preguiça de arrumar a casa.
Pra ter eternamente 5 quilos a mais do que gostaria.
Pra ser egoísta e ciumenta e cegamente legal, como um cachorro - com amigos ou namorado.

Friday, July 11, 2008

Sobre Calcinhas Novas

Outro dia comprei calcinhas novas. Não daquelas confortáveis, que se vende nas Lojas Americanas. Mas aquelas do tipo que se paga uma grana por elas, e que incomodam, mas são incrivelmente lindas. E percebi que a calcinha resume a essência de ser mulher: a gente prefere se sentir ligeiramente desconfortável, porém linda, do que se sentir gorda ou mal vestida em calças aconchegantes. Nem que seja apenas em público.

E hoje, coloquei as calcinhas novas e abri um vinho. Assim, com as calcinhas e com a taça na mão, e o meu dente quebrado metade falso que cisma em ficar meio preto toda vez que bebo vinho. Acaba com qualquer glamour. E só porque bebi três taças e estou sozinha em casa numa sexta-feira, o que seria inadmissível há seis meses, ouvindo o shuffle do iTunes e selecionando qual música merece 3 ou 4 estrelinhas, e raramente colocando as cinco máximas estrelas, e ouvindo Nina Simone na semi-escuridão, esperando que a maçaneta gire e pela porta entre o meu namorado, para quem eu comprei calcinhas novas e bebi três taças de vinho.

Eu sou uma observadora do comportamento humano da zona sul carioca, e por isso digo com toda certeza que calcinhas lindas e desconfortáveis e extremamente overpriced servem para entreter namorados; e que roupas de grife servem para valorizar curvas não esqueléticas e deixar com certa inveja inimigas escrotas, e que tudo isso se faz sorrindo e fingindo que foi por acaso. Mulheres são gênios do mal quando não estão apaixonadas. Quando estão apaixonadas, a menos que sejam a Nina Simone, elas ficam idiotas e viram pequenos fantoches, da mesma maneira que os homens ficam quando estão apaixonados (com a vantagem de que eles não têm que comprar novas e caras e desconfortáveis calcinhas para impressionar seus pares).

Monday, July 07, 2008

Viajar é preciso 2

Aqui vai uma lista dos lugares por onde passei nos últimos 3 anos:

1 - Canoa Quebrada, CE
Fiz uma matéria com uma escola de circo que se inspirava no Cirque de Soleil. Era uma ONG chamada Canoa Criança. Eu já gtinha estado em Canoa Quebrada, mas isso não diminuiu a vontade de passar pelo menos uma noite lá. Só que não deu, fazer o que. Ainda não fotografei a Lua e a Estrela que são símbolos da cidade, encrustradas nas falésias. Fica para minha terceira ida a Canoa, se um dia ela rolar.

2 - Genipabu, RN
Gravei com os dromedários do Dromedunas, uma empresa que faz passeios nas corcovas dos bichinhos. É claro que eu também dei meu passeio, devidamente fotografado. Mas antes de chegar nos dromedários, consegui fazer uma viagem com bugres no estilo "com emoção" pelas dunas. Dá um medinho, mas é bem legal.

3 - Cabedelo, PB
Uma das surpresas que tive na vida foi a Paraíba. Que lugar lindo! E olha que antes de conhecer eu nunca iria considerar a minha primeira opção de viagem. Gravei com a ONG Tartarugas Urbanas, peguei uma tartaruguinha na mão, fiquei vendo aqueles bichinhos correndo pro mar. Faltou conhecer o pôr-do-sol do Jacaré, e tantas outras milhões de praias.

4 - Itamaracá, PE
É um paraíso, e eu só passei por lá. Não fui no forte, nao mergulhei no mar. Estava um calor sinistro, e a gente tinha acabado de gravar com o Projeto Peixe-boi. Tínhamos que voltar pra Recife pra pegar um vôo em dierção à proxima cidade. Um dia.

5 - Praia do Francês, Maceió, AL
Fui duas vezes. A primeira foi em dia de semana, numa brechinha que tivemos entre uma matéria e outra. Foi maravilhoso: não tinha quase ninguém na praia, era tudo só pra gente. O Francês é uma praia fechada por um coral. As ondas quebram no coral e formam uma piscininha entre o coral e a areia.
Na segunda vez fui em um domingo. Péssima experiência, programa tipo Posto 9 de Ipanema ao meio dia, no carnaval. Tudo lotado, sem lugar pra sentar, gente por todos os lados.

Já me deu vontade de viajar de novo, só de lembrar desses lugares. E tem muita história pra contar ainda... Outro dia eu continuo. É que só de pensar em todos os lugares que ainda terei que lsitar, fico com uma preguiça. E ando muito preguiçosa para textos ultimamente.
Outro dia falo de outros lugares. Por hoje é só p-p-p-pessoal.

Viajar é preciso

Fazem uns cinco meses que não viajo. Não conto as minhas idas a Sampa, cidade que já virou segunda casa, e onde muitas vezes nem saio do apartamento (nem do quarto) do Japanimation, enfurnada vendo séries e filmes downloadiados no estilo pirateiro de ser. Quando reclamo (reclamo?) que não viajo há cinco meses, me refiro àqueles retiros de fim de semana quebrando a rotina, em pontos em que o celular não pega, conhecendo gente e lugares novos. Adoro pisar em terras nunca antes pisadas (por mim).

Essa noite sonhei que ia para a Polônia a trabalho. Não sei por quê o país do sonho foi a Polônia: não tenho nenhuma vontade de conhecer esse lugar - por enquanto - e não há a menor possibilidade de eu viajar para o exterior a trabalho. Quer dizer, isso eu já não digo com tanta certeza, porque uma das características da minha profissão é justamente a imprevisibilidade de compromissos, o que tanto pode significar o cancelamento da minha festa de aniversário quanto uma viagem pra Nova York com tudo pago pela empresa. Essa última opção nunca rolou, mas quem sabe um dia?

A verdade é que conheci quase o Brasil inteiro por causa do meu trabalho. E conheci de uma maneira interessante, proque não foi através da visão do turista, mas sim através do povo que mora no lugar. Agora, tinha vezes que eu ficava com água na boca de visitar melhor a cidade que estava no momento. Porque, ao contrário do que alguns pensam, viajar a trabalho não significa fazer turismo de graça. Se trabalha muito mais do que em casa e, se dá tempo de passear um pouquinho, é só um pouquinho mesmo. Na Chapada Diamantina, eu ficava doída de tanta vontade de fazer aquelas trilhas. Em Itamaracá, eu não dei um mergulho naquele mar maravilhoso. Em Ouro Preto, nem rolou de beber uma cachaça mineira. Fiquei só na vontade, em todos esses lugares - apesar de tantos convites dos nativos para me juntar a alguma farra. Pena que não deu...

Quando eu viajava a trabalho, gostava de sentar no banco da frente do carro que nos buscava no aeroporto, para poder ver as ruas e as placas melhor. Pra mim, essa sensação de olhar pela primeira vez um lugar é incomparável. Até o cheiro é diferente. As pessoas na rua, a arquitetura, os sotaques. Eu gosto de reparar em tudo nesse primeiro momento em que, felizmente, sou uma etsrangeira. Porque depois esse momento vai embora e nós, também felzimente, passamos a fazer parte daquela nova paisagem, mesmo que por apenas alguns dias.

Friday, July 04, 2008

A segunda metade do ano

Não sei explicar exatamente por que isso ocorre, mas quando chega julho parece que finalmente as coisas começam a acontecer no mundo. E quando passamos a marca dos seis meses, o ano sai correndo que nem um maluco em direção ao reveillón. Isso me faz lembrar o quanto eu estou parecida com o meu pai e com todas as pessoas adultas que conheço, porque são essas pessoas que costumavam falar "nossa, como o tempo passa rápido!" Quando eu era criança, achava muito estranho que falassem que o tempo estava correndo, porque pra mim o tempo passava igual em qualquer dia e em qualquer mês.

O negócio é que as festas mais legais e os melhores shows e o meu aniversário, todos ficam para a segunda metade do ano. No final de agosto faço 31 (31!!!), e já penso em festas alucinadas, amigos DJs, lista de convidados e roupas novas. Por mais que eu faça 31, a minha comemoração de aniversário continua basicamente a mesma desde os 20.

Além disso, há o fato dos milhares de shows que povoarão o Brasil na segunda metade de 2008: estou esperando Radiohead, Nine Inch Nails, o tradicional Tim Festival e tantas outras bandas que eu ainda não conheço mas que na véspera do show vou baixar e cismar de assistir à apresentação. É assim que se faz.

O problema é que, atualmente, shows são meu maior custo-benefício no quesito lazer. Outro dia mesmo fui ver The Go! Team no Ibirapuera (tudo bem que esse foi de graça, mas vamos lá) e foi tãão bom, e eu saí com a alma tãão lavada que me fez pensar sobre ganhar e gastar dinheiro com coisas que valem a pena.

Shows valem a pena. Aniversários valem a pena. Roupas novas para festas de 31 anos também valem a pena.
É tudo uma questão de critério.

Thursday, July 03, 2008

Eu coração isso

Descobrir coisas legais na internet é um hobby que tem ganhado proporções. Por isso não largo o Twitter nem um dia na vida: quando descubro um site legal, corro pra passar o endereço adiante, e adoro quando alguém me passa um site, e por aí vai. E foi nessas idas e vindas de informação cyber que eu descobri o We Heart It, o site de um designer brasileiro chamado Fabio Giolito, que tem uns 20 e poucos e já inventou uma coisa muito legal.

Funciona assim: você faz um cadasttro no site e cria uma conta, e chama os seus amigos pra fazerem o mesmo, e aí você tem a sua pequena comunidade We Heart It (é isso aó, internet sem rede social não é internet, não é mesmo?) Aí você baixa pro seu computador (o termo correto não é baixar, é mais instalar, mas também não é isso, exatamente) a ferramenta que permita que você ame imagens muito legais que encontrar por aí.

Você pode amar qualquer tipo de imagem que, sem nenhuma explicação, você goste. E todas as imagens que você amou vão para o site, e outras pessoas podem amá-las também. Quando nos damos conta, estamos cercados de imagens legais, que dariam ótimas camisetas. E que não servem mais pra nada, a não ser para serem amadas. E não tem nada melhor que amar uma imagem.
E quando você percebe, adquiriu, através das imagens que você ama, uma descrição engraçada e inesperada de si mesmo.
Eu sou assim.

Feliz Aniversário (Para o Japanimation)

Acordei bem cedo pra estudar espanhol e lá estava você ao meu lado: os olhos fechados que pareciam sorrir, a barba eternamente por fazer, um nariz aquilino e um pouco torto, os cabelos de sempre e o cheiro de sempre. Me enrosquei no braço que estava solto e você semi-acordou. Me puxou pra mais perto, me deu um beijo e eu te disse "parabéns". De novo você me pediu em casamento e de novo eu disse que sim; de novo eu falei que quero ter uma filha e de novo você disse que também quer. De novo a gente fez as contas e chegou à conclusão de que só daqui a cinco anos. De novo falamos sobre ir ao Japão. De novo imaginamos como vai ser quando morarmos na mesma cidade. De novo beijamos e nos enroscamos e de novo eu reclamei de ter que acordar cedo.
A vida tem sido uma reprise deliciosa.