Friday, March 31, 2006

Expectativas e decepções no diretório cultural do Poça D'água

Será que quanto mais um livro/filme é esperado, mais ele decepciona? Até pouco tempo eu achava que isso era bobagem, coisa de gente que não sabia saborear a contagem regressiva do lançamento de uma obra. Mas hoje em dia, talvez porque eu esteja - finalmente - me aproximando do termo "adulta" para classificar a minha pessoa, ando achando chato tudo aquilo que contava as horas para ver.

Naked Lunch, por exemplo. Que livro chato que é Naked Lunch! (e que chovam, agora, milhões de comentários em defesa do Burroughs). Eu tinha medo de admitir que estava de saco cheio do romance, e que empurrava goela abaixo todas aquelas imagens nojentas que o autor descreve por páginas e páginas sem fim. Mas aí, um belo dia, veio a libertação: um amigo me disse que parou de ler Almoço Nu na metade. "Eu também", concordei, quase emocionada, e me senti menos farsante por conseguir expressar meu descontentamento com um clássico da literatura maldita em voz alta.

Por outro lado, é muito triste saber que esse tal de Willian Burroughs é um chato. Quer dizer, a história dele é ótima, cheia de doses de heroína e brincadeiras de Guilherme Tell chapado, e todo o glamour de ter começado a escrever com mais de 40 depois de ter matado a mulher justamente quando fingia ser Tell. Sempre que eu pensava que tinha que me movimentar e escrever alguma coisa que realmente valesse à pena, fazia emergir a vozinha que sossegava o meu facho: "que nada, o Burroughs só foi escrever um livro quando já era coroa!" E agora, vendo que eu não gostei nem um pouco do livro, fico achando que a hora de escrever é agora mesmo, e que mulher que escreve tarde fica parecendo a Lia Lufth. Deus me livre.

E teve também Morangos Mofados. E filmes que eu queria muito gostar, mas que agora não me lembro mais quais são. Ai, ai, preciso com urgência sentir aquele tesão que só a arte dá. Ou eu vou acabar dormindo em frente ao computador do meu trabaho.

Thursday, March 30, 2006

O que vou fazer da minha vida?

Nas últimas semanas de ausência do blog, várias questões passaram pela minha cabeça. Tais como:
- Devo lutar pela minha vida profissional ou deixar as águas rolarem?
- Será que procuro um apt na Barra ou na Zona Sul?
- Por que os professores de ginástica falam com os alunos como sargentos na hora da abdominal?
- Algum dia eu vou me olhar no espelho e não me achar gorda? Aliás, existe alguma mulher que não se ache gorda?
Todas essas perguntas de tamanha importância vieram à minha cabeça para encobrir a maior de todas: o que é que eu vou fazer da minha vida?

Não importa o quanto eu esteja realizada pessoal e profissionalmente, ou se eu estou realaxadamente trabalhando e ganhando pouco, ou se tenho dedicado meus dias a algum hobby que não sirva para nada mas que me deixe contente ou sei lá o quê. A qualquer momento, em qualquer lugar, surge na mente a pergunta como um pop up de filosofias de vida superficiais: o que é que eu vou fazer da minha vida?

É que são muitas as opções. Geralmente, sou uma pessoa que sabe exatemente o que quer. Só me sinto confusa em relação a comida (o que vou pedir de lanche no Mc Donald's? Vou jantar em uma creperia, um restaurante japonês ou no Outback?) e ao resto da minha vida. Eu tenho muitas possibilidades e aquele medinho que não me abandona que é o temor de ter escolhido o caminho errado.

Ok, estamos em quase abril. Nestes quatro meses, já considerei (e ainda considero) trocar de empresa, trocar de cargo, conversar com o chefe sobre aumento, fazer o meu trabalho bem feitinho e esperar que ele fale por si só, frilar para aumentar o orçamento, frilar como estilo de vida, trocar de profissão e até (uma vez só, confesso) abrir um negócio próprio.

O Ninja não é nada assim. Ele sabe muito bem o que quer, para onde vai e como estará daqui a 5 anos. Deve ser ótimo viver dessa maneira.

Tuesday, March 21, 2006

Sobre gente que abriu mão

Eu nunca tinha conhecido nenhum suicida até ontem, quando soube que uma amiga havia se jogado do décimo andar de um prédio. Ao contrário do que a gente pode imaginar sobre pessoas que se matam, esta amiga não parecia deprimida ou desgostosa da vida, mas sim uma mãe coruja e esposa orgulhosa, inteligente e bonita. Pra mim, é difícil entender o que a levou a uma atitude tão drástica.

Daí eu fico pensando que deveria ter marcado aquele chope de que a gente sempre falava. De vez em quando eu passava pelo nome dela na lista do meu celular e pensava: tenho que ligar. Mas nunca liguei, e agora não ligo mais. Dá um puta arrependimento.

Depois eu fiquei o dia inteiro pensando nessa história, e até chorei um pouquinho, mais chocada do que triste (será?). Só que hoje já está tudo bem, a vida continua, e só de vez em quando eu me lembro dela. Tipo agora.

Thursday, March 16, 2006

Presente de Grego I: bichinhos de estimação


De: Bruna
Para: namorado Ninja

Ziggberg, o gato cabeçudo.
Cada ida ao veterinário: $45
Ração importada: $20
Aparador de unha: $17
Produtos de limpeza para o xixi no pufe de couro: $15
Oferecer o pufe de couro para a visita indesejada sentar: não tem preço...

Em nome do português aceitável

Tem me dado muita preguiça de escrever no blog. De repente nada disso faz o mínimo sentido mais, tudo não passa de uma grande besteira, e eu aqui perdendo um tempo precioso, escrevendo para uma média de dez leitores diários, todos conhecidos meus, salvo raras exceções.

Mas, por outro lado, existe essa necessidade de não deixar a peteca cair e desaprender a escrever, que é um risco que todo o mundo corre, o tempo todo. Tenho medo de daqui a pouco virar uma dessas pessoas que usam'a nível de', ou falam 'que eu seje' e 'estou meia chateada'. No jeu trabalho, adivinhem, é cheio de gente que fala assim. Inclusive pessoas que ganham muito mais que eu.

Ai, ai, que falta de paciência.

Wednesday, March 08, 2006

Deveres, Match Point, Dostoiévski e falta de criatividade

Demorou, mas a vida finalmente voltou ao normal: trabalho de dez horas/dia, insônia, imposto de renda, ipva, problemas com o banco, quatro ações no Juizado Especial.... Pode parecer que eu estou reclamando, mas não estou não. Eu gosto. Parece que quanto menos tempo eu tenho, mais coisas eu faço.

E ontem ainda consegui dar uma passadinha no cinema pra assistir Match Point. Fui sozinha, na última sessão de uma sala da Barra. Taí outra mania minha, a de ir sozinha ao cinema em salas quase que completamente vazias, no meio da semana. Saio sempre encucada com o filme, envolta em uma bolha imaginária que me separa de toda esse mundinho ordinário. Não ouço o trânsito, não sinto calor, não sou um ser humano. Inclusive, quando vou ao cinema sozinha, no meio da semana e em salas quase totalmente vazias, escolho sempre um lugar à frente do resto dos espectadores. Nâo quero saber que existem outros humanos naquela sala, porque fico distraída com os outros. Quando choro, fico com vergonha de alguém ver que estou chorando. Quando não choro, sempre dou uma espiadinha no rosto de quem está ao meu lado. Pessoas me distraem.

Mas, sobre o fime, o que eu achei foi o seguinte: não é Woody Allen, é outra coisa. Tá bom, é legal, mas não é Woody Allen. Quer dizer, não é pra mim, entende? Acho que o próprio Allen já está de saco cheio de ser como ele é, por isso fez um filme totalmente diferente do que costuma fazer.
Outra coisa: tudo aquilo que a gente vê ali é Crime e Castigo. Pra mim isso é bem óbvio, e foi por isso que eu gostei. Mas explicar o estrago que Crime e Castigo fez em mim é complicado, e eu deixo para outro dia. No momento, tenho que passar no banco, ou fazer a unha, ou alguma coisa do tipo. Escolha.