Monday, March 10, 2008

Mauro fez 30 anos

Às vezes parece absurdo o quanto eu e meus amigos estamos envelhecendo. Quer dizer, todo o meu grupo social se recusa terminantemente a virar adulto. Poucos se casaram, quase ninguém tem filhos. E, para a maioria solteira, as noites de sábado ainda são regadas a _________ (complete aqui com o destilado de sua preferência).

Outro dia, o Mauro fez 30 anos. Mauro é um amigo que abandonou a carreira de farmacêutico e decidiu cursar medicina quando já estava nos seus 26 anos. Agora, ele divide seu tempo livre entre os amigos do colégio, todos balzaquianos, e colegas de faculdade, pós adolescentes na frescura dos vinte e pouco.

E que festa fazer em um aniversário com convidados tão diversos? O Mauro estava quase desistindo de ter sua comemoração bombástica, quando, a tempo, lembrou de um lugar que iria agradar tanto seus amigos bagaceiros e trintões quanto à inocente molecada de medicina: uma noite no Buraco da Lacraia.

Pra quem não sabe, o Buraco é um bar GLS que fica na Lapa, onde você paga sinceros R$18 e bebe cerveja de garrafa e caipirinha a noite inteira. São dois andares: no de cima, uma pista que toca Britney Spears e outras musas pop, no de baixo, um videokê incrível, um bar mais ou menos e um darkroom que eu tive medo de entrar.

Mauro fechou a noite cantando "Total Eclipse of The Heart": "O ponto alto do evento, uma catarse coletiva", segundo o aniversariante. Na verdade, o cara de pau do Mauro copiou a idéia que eu tive na minha festa de 30 anos, quando pedi ao Marinho para fechar a noite com "Total..."
Dizem que a música fechou bem a festa; eu não sei, porque não estava mais lá. Fui embora sem dar tchau do meu próprio aniversário.

Anyway, esse texto é só pra falar que é possível ser trintão e se acabar de cantar em um videokê brega do centro e no dia seguinte estar ótimo, concentradíssimo na sua vida de interno-que-um-dia-será-um-médico-de-muito-dinheiro.
E viva balzaquianos que não querem envelhecer.

Aqui e lá

Lá é assim:
Saio à noite e quase não conheço ninguém, visto mini-saia e as outras meninas não, invejo a maneira como elas sabem usar pomada no cabelo, encaro um inacreditável trânsito a caminho do aeroporto às 6h30, planejo ter um gato e colocar uma rede de proteção na varanda, bebo café no Starbucks, acabo comprando muitos livros necessários (porque minha vida precisa de livros maravilhosos) na Livraria Cultura, imagino como seria morar lá e não sei bem o que eu acho disso. Talvez. Um dia. Quem sabe.

Aqui é assim:
Pouso na cidade azul e lá se vão todas as minhas vontades de morar em outro lugar. Só fica a saudade. Dele.