Wednesday, March 30, 2011

Arena Rock

Eu lembro bem quando anunciaram a morte do Freddie Mercury no Jornal Nacional. Era 1991, eu tinha 14 anos e era uma fã incondicional dos movimentos de contra cultura dos anos 60. E aquela era uma época em que se falava em impeachment do Collor, e a TV inventada um movimento que nunca existiu: os caras pintadas. Cara pintada só se for de palhaço - hoje eu penso assim. Mas naquela época eu queria mesmo era estar no meio dos protestos contra a corrupção do governo, mas não podia ir a nenhuma passeata porque... er... meu pai não deixava. Que grande revolucionária!E no momento em que o Jornal Nacional notociou a morte do líder do Queen, eu assisti a matéria com lágrimas nos olhos, e deixei escapar algo do tipo: "Por que ele tem que morrer? Por que o Collor não morre?!" Ah, esse drama adolescente... Eu era uma adolescente dramática. Sou até hoje, né. E aí, diante da minha exclamação, minha madrasta riu um pouco e eu odiei demais aquela risada. E saí em disparada pro quarto, pra poder ouvir um pouco de Queen e chorar em paz a morte do pop star.

Eu acho que essa coisa toda que eu tinha com o Queen vinha de uma lembrança da infância, uma daquelas lembranças que você não tem certeza se sonhou ou se elas aconteceram realmente. Eu lembro de assistir à apresentação do Queen no Rock in Rio 1 pela televisão, eu e a minha mãe animadas com a multidão. A banda tocava Radio Gaga, e todas aquelas milhares de pessoas respondiam com as palminhas ao ritmo da música. Lembro da minha mãe falando "olha só, que legal, todo mundo junto!" E eu acho que foi naquele momento que eu virei uma apaixonada por Queen e por shows de rock em geral. Mas agora eu nem sei por que lembrei disso tudo,. Talvez seja por causa do novo RiR, que eu obviamente não vou. Ou porque os shows são ainda a forma de lazer que mais me lava a alma. Ou porque ouvi Love of My Life outro dia.

Anyway, consegui resgatar no Youtube o vídeo que assisti com a minha mãe há quase trinta anos. E era exatamente como eu me lembrava da cena. Então, pelo menos dessa vez, eu não devo ter sonhado nenhuma memória.

Tuesday, March 29, 2011

Sonhos Estranhos

Uma das reações adversas do meu remédio para parar de fumar era ter sonhos estranhos. A bula exibia o aviso exatamente assim, chamando de "estranho" o que, por definição, é de se estranhar. Eu, pelo menos, nunca conheci quem não fosse contar um sonho e começasse a frase com "Ontem à noite tive um sonho muito estranho..." Alguém já sonhou normal na vida?

E bem que eu comecei a ter realmente muitos sonhos. Mais do que costumava ter. Não eram sonhos ruins, na verdade eles eram muito legais, e parecia que surgiam assim que eu fechava os olhos, e só desligavam quando o despertador tocava na manhã seguinte. Várias vezes pensei em anotar essas histórias pra poder me lembrar mais tarde. Mas obviamente, nunca anotei nada, e hoje só lembro de uma das minha aventuras inconscientes. Eu estava em um mega aquário, que exibia peixes de vários lugares do planeta. O visitante passava por um túnel por dentro do aquário, e conseguia ver os peixes nas paredes, no teto e no chão do lugar. À medida que eu ia caminhando, ia encontrando conhecidos. Parava um pouquinho pra conversar, dava umas risadas, e continuava a visita. Até que, num certo momento, os visitantes podiam entrar no aquário pra nadar com uns peixes fosforecentes e coloridos. Eram uns peixes que pareciam feitos de energia, e eu abraçava os bichos e saía nadando. Eu não precisava parar pra respirar, não sei porquê. Olhava pro lado e via meus conhecidos e meus amigos embaixo d'água, abraçados com seus peixes energéticos e coloridos, nadando pelo aquário. Todos se divertindo.

Contei o sonho pra algumas pessoas, e ouvi sempre a mesma piada: "Onde tem desse remédio pra vender?" Ha ha. Gente engraçada assim não merece uma volta com os meus peixes energéticos.

Notícias Umbiguistas

Lá vou eu no meu blog bissexto, de novo tentar alguma periodicidade. É que nem sempre eu tenho coragem de abrir a página do Blogger no meio da redação, para gastar o meu tempo remunerado com uma atividade que nada tem a ver com trabalho. Aliás, meu blog é o contrário de qualquer obrigatoriedade, regra, dever. Escrevo quanto to a fim, sobre o que quero. E lê quem quer, certo? E comenta quem tem vontade. Mesmo que seja pra falar mal (o que eu acho bizarro, porque o trabalho que dá entrar no blog de uma pessoa que você não gosta, ler um texto inteirinho pra depois deixar um blá blá blá anônimo... Isso é amor, só pode ser!)

É que a urgência de escrever acontece assim mesmo. Vai crescendo uns dias, eu vou ignorando, até que chega uma tarde em que não to fazendo nada de importante, em que não tenho com quem conversar, em que nenhuma ligação me satisfaz. E aí, nasce um post novo. Que não vai falar absolutamente sobre Big Brother, José Alencar recém morto, Maria Bethânia. UFRJ que pegou fogo... No meu blog, a manchete é sobre o mês e pouco que eu já estou sem fumar. E sobre como eu estou psicótica e neurótica em relação ao meu peso, e em como conto calorias e vou à academia todos os dias, e em como continuo achando o meu corpo uma bela porcaria que precisa de uma lipoescultura, mas não tenho coragem nem de encarar a faca nem de optar pela mesa de cirurgia ao invés de, suponhamos, uma viagem a Paris. No meu blog, o umbiguismo da autora é o editorial.

Eu costumo dizer que, pra toda profissão, existe uma certa postura que denuncia a amargura daquela atividade. Os jornalistas são todos encurvados, pode ver. É o peso da cruz nos ombros. Os roteiristas são barrigudos, porque dentro das barrigas mora um reizinho de genialidade que está pra ser parido a qualquer momento. Os diretores são estrábicos de tanto enxergar o mundo pela ponta do nariz. Mas os blogueiros... Eles são o quê? No começo, eles eram uns nerds que gostavam de escrever textos malditos sobre vidas que não conheciam de perto. Mas agora a coisa se popularizou e todo mundo tem um blog. Todo mundo. Os mais espertos definiram um assunto central e seguiram em frente, informando. Eu não tenho vontade de informar ninguém. Só tenho vontade de vomitar. Vai ver, se blogueiro fosse profissão, seriam todos bulímicos.