Wednesday, March 24, 2010

Clubbers das antigas

Outro dia fui à festa de aniversário da Giselle, uma amiga que não chega a ser amiga, mas que eu quero muito bem. Ela faz parte de um grupo de pessoas que eu conheci na específica situação de boates de música eletrônica. E o mais irônico é que você realmente pode conhecer pessoas com a música alta e enquanto dança um pouquinho e bebe um pouquinho. Depois de ser apresentada à Giselle, já fiz uns trabalhos de assessoria de imprensa pro salão que ela mantém em Ipanema. E, de vez em quando, deixo umas medeixas por lá.

Meu marido não entende muito bem essa história de amizades noturnas. Durante toda noite, cada vez que alguém me encontrava e me dispensava um daqueles abraços dignos de resgate de seqüestro ("Brunaaaaaa!!! Quanto tempo!!!!"), ele me perguntava: de onde você conhece? E eu sempre tinha a mesma resposta: da noite...

Mas deixa eu explicar melhor. No meio dos anos 90, os amantes de música eletrônica no Rio de Janeiro eram uns poucos gatos pingados, que se encontravam todo sábado na mesma boate - a única a se dedicar ao gênero no Rio - ouvindo os mesmos DJs. Não queríamos ser um clube, mas éramos. Sonhávamos com o dia em que o Brasil veria raves do tamanho das que eram feitas nos desertos norte-americanos, ou nas ruas de Berlim. As meninas usavam glitter e estrelinhas coladas na sobrancelha, e todo mundo saía de tênis porque assim era mais confortável pra dançar.

Sendo assim, depois de certo tempo reconhecendo os mesmo rostos desconhecidos, chega uma hora em que você simplesmente passa a falar com aquelas pessoas. Não sei bem como conheci o povo que estava na festa da Giselle, mas sei que foi bom reencontrar meus antigos companheiros de dancinhas. É um pessoal fácil, que fala sobre amenidades, sem maiores conseqüências. E, por isso mesmo, é bem divertido.
Tem vezes que a gente só precisa falar sobre o calor do ex-verão ou sobre se a música que está tocando é boa ou não.