Friday, May 30, 2008

Tudo se encontra na capital

Devo admitir que São Paulo tem uma carcaterística que me seduz quase que completamente: a diversidade cultural. Qualquer tipo de comida, artesanato, música, arte, teatro e filme produzidos em qualquer canto do Brasil pode ser encotrado em Sampa. E eu, que já andei por muitos cantos brasileiros e acabei me apegando por manias regionais, gosto de saber que logo ali tem um gostinho do Rio Grande do Sul, ou do Ceará, ou do Acre. Me lembra, mesmo que só um pouquinho, da época em que morei em NY e conseguia encontrar Nescau e bombons Garoto pra vender no supermercado do meu bairro. Eu achava que NY era incrível porque não era o lar de ninguém mas, ao mesmo tempo, era o que mais se aproximava de qualquer tipo de cultura situada fora de seu país natal. Em uma escala muito menor, São Paulo também é assim.

Outro dia eu estava na casa do Japanimation. Faziam uns 12 graus na rua, chovia, ventava e o edredom era o melhor lugar do mundo, quando não sei por que, me lembrei da existência da cuca. A cuca vem a ser um pão doce alemão que é muito popular no RS - principalmente na cidade de Novo Hamburgo - e que é simplesmente uma tentação divina, quase pornográfico de tão gostoso. Eu fiquei viciada em cuca de chocolate (tem de vários sabores, minha gente) quando passei uma longa temporada de trabalho nas terras gaúchas. Pronto, me ferrei: cuca só se vende no sul, e mesmo assim só no RS, porque nem Santa Catarina, nem Paraná têm o costume de produzir essa delícia. Não sei o que me deu - talvez tenha sido o frio - que fiquei com uma vontade louca de comer uma cuca de chocolate como aquelas que viraram mania em Novo Hamburgo.

Googling "cuca alemã de chocolate em São Paulo", descobri um blog que citava um supermercado gaúcho que tinha aberto filial em Sampa. E, acreditem, vendia cuca de todos os sabores.
Corremos pro supermercado, compramos mais um milhão de coisas calóricas e irresistíveis, e afundamos no edredom. São Paulo é frio e bom pra comprar comida de todos os cantos do Brasil - então vamos aderir e na segunda a gente corre atrás do prejuízo.

Wednesday, May 28, 2008

Com o futebol ninguém se sente sozinho

Eu já fui futeboleira, do tipo que escutava mesa redonda no rádio e ia ao Maracanã. Graças a deus essa fase passou, depois que o meu time perdeu de virada em pleno Maraca, e eu tive que percorrer praticamente toda Tijuca atrás do meu carro estacionado sabe-se lá aonde, cabisbaixa e mal humorada com a virada do jogo.

Mas agora que eu moro no bairro mais tricolor do Rio de Janeiro, mesmo quando eu não to interessada, acabo participando da festa. Explico melhor: pela minha janela, cercada de outras janelas por todos os lados, ecoam gritos de júbilo a cada gol do Fluminense. E, a partir do primeiro, uma espécie de comunicação é estabelecida entre os torcedores: eu grito Nense aqui e outro alguém grita Nense lá, e soa uma corneta, e uivam os mais animados. Quando o adversário faz gol, já é diferente: a gente ouve um 'mengo' aqui e ali, provando que a maior torcida do mundo é realmente a do Flamengo, principalmente quando eles estão fora do campeonato e só querem que os outros times cariocas percam.

Para quem cresceu ali bem pertinho do clube das Laranjeiras, é praticamente impossível não ser tricolor. Até os flamenguistas da São Salvador devem ter aprendido a nadar da piscina de 50 metros do Fluminense, escondendo isso dos outros amigos que é pra não ser zoado na escola. Mas tem jeito? Se você mora em Laranjeiras ou no Flamengo, não vai nadar lá na Gávea, certo? Então, uma hora ou outra, mesmo os rivais do pó de arroz têm que pisar no clube inimigo.

Como não tenho saco pra assistir 90 minutos de bola rolando, minha tática pra saber o placar é muito simples: nego gritou, eu dou uma olhada na internet e fico por dentro da pontuação. Semana passada o Fluminense ganhou e teve até comemoração na praça. Mas como eu me defino como "tricolor não praticante", fiquei morrendo de preguiça da bebedeira da vitória, apesar feliz pela conquista. É que mesmo na minha curta carreira de torcedora eu aprendi que não vale a pena sair do sério por causa de time de futebol. Mesmo que a alegria entre ecoando pela minha janela.

Tuesday, May 20, 2008

Vale dos Templos




Um dos passeios mais legais que eu fiz desde que passei a, digamos assim, freqüentar São Paulo, foi conhecer o Vale dos Templos. É um refúgio em Itapecerica da Serra, a uma hora de Sampa, mas que parece estar muitos quilômetros de distância da capital paulista. Primeiro porque quando a gente chega lá, percorre ruazinhas de terra que lembram caminhos para casas de campo. Segundo que, passando o portal da entrada, temos a impressão de que entramos em outra dimensão, tal é o silêncio e a paz daquele lugar.

Não sou budista. Até admiro a filosofia de Buda aqui e ali, mas nada que me faça acompanhar os cultos ou tentar meditar. Mas quando a gente chega lá, a história é outra. Antes de chegarmos aos templos, na descida do morro, há um cemitério japonês, com lápides luxuosas que lembram um pouco aquele monolito de "2001" - sendo que nas lápides há uma escritura em japonês com o nome da família do morto. É incrível, porque você não espera encontrar um negócio daqueles no meio da mata. Uma surpresa.

E assim são todos os momentos do passeio. Cada esquininha que você vira, cada árvore que você percebe, guardam uma pequena admiração.

Compramos comidinhas pro piquenique (e eu levei um vinho, é claro, porque não sou nem um pouco espiritualizada...), estendemos o lençol e curtimos o resto do tempo no parque , que fecha às 17h e, obviamente, a gente só conseguiu chegar lá umas 16h. Uma outra família estava reunida um pouco mais adiante, e tinham umas crianças que corriam pra lá e pra cá.

E tinham uns patos que roubavam a ração que a gente comprou pra alimentar as carpas. E ainda um monge que eu acho que fez voto de silêncio, porque quando eu disse boa tarde ele só acenou com a cabeça. E um friozinho de 16 graus, que eu não senti porque bebi a garrafa de vinho quase inteira. E as cinzas do Cassio Gabus Mendes. E um monte de origamis pendurados sobre um anjo japonês. E cheiro de insenso dentro dos templos. E queijo brie com geléia de mirtilo.

Ai, ai, como a vida é boa.

Monday, May 19, 2008

Todos unidos contra o mal

Alguém em falou que, quando em perrengue, seres humanos tendem a se unir e se tonar solidários uns com os outros. Realmente, quando uma cidade passa por uma catástrofe, ou por uma guerra, de repente todos aqueles que antes nem olhavam para a cara dos seus vizinhos passam a se preocupar e ajudar ao próximo. Como se caísse a ficha de que todo mundo está morando na mesma canoa furada.

Em São Paulo, essa solidariedade do perrengue pode ser vista no trânsito. Todos os esforços estão voltados para avisar os companheiros sobre qual caminho está engarrafado, qual está livre, quantos quilômetros de trânsito foram verificados... Uma estação de rádio, a Sulamérica FM, apresenta de manhã um programa que não toca músicas, só dá boletim de trânsito. E a galera participa ativamente, liga pra lá e avisa: "olha, eu to parado aqui na avenida tal, ta tudo ruim, então é melhor que os ouvintes que vão pra zona x que sigam pela rua y", ou então mandam emails através do WAP do celular sugerindo melhores caminhos e dando os panoramas da região.
Enfim, é um povo unido contra um mal.

Outra situação curiosa é aquela que diz que são tantos os quilômetros de engarrafamento. Nunca entendi que cálculo era aquele, porque eralmente imaginava uma fila dos tais quilômetros só de carros parados. Mas então o Japanimation me explicou que esse cálculo é feito da seguinte forma: eles pegam todos os trechos da cidade que estão engarrafados, medem a distância de cada pequeno engarrafamento e somam. E daí, o número de quilômetros divulgado é importante para que o pobre do paulista possa calcular quanto tempo ele vai demorar para chegar em determinado endereço.

No caminho que faço da casa do Japanimation pro aeroporto, ficamos sempre engarrafados no trecho inicial. Na avenida próxima ao apartamento do Japa, há um muro com um grafite, onde se lê "Você é escravo do trânsito". Tudo bem, é verdade, mas dá uma deprê danada ler aquilo às 7h30, com medo de perder o avião, contando carros incontáveis freando na sua frente.
Você é escravo do trânsito, e o trânsito manda em São Paulo. Solução? Se muda por Rio.

Friday, May 16, 2008

Parando no auge

Alguém já disse, uma vez, que uma coisa boa de trilogias é que no terceiro acaba. Realmente, a julgar pelas infindáveis seqüências de certos títulos cinematográficos, cada uma com menos qualidade que a anterior, é de se comemorar um final, tipo: ai, que bom, estou livre. Eu me senti assim com Matrix: o primeiro foi aquela coisa incrível, figurinos de vinil, Neo tudo de bom, etc e tal. O segundo já desceu bem mais quadrado, mas eu até dei um desconto, porque uma história tinha que ser contada ali, e tinha que deixar um gancho pro grand finale. Mas o terceiro... ui. Arrepio só de lembrar.

Mas algumas continuações funcionaram tão bem que deixaram até saudade. Lembro que quando assisti o primeiro do Senhor dos Anéis, saí do cinema ansiosa para a segunda parte. E quando vi o terceiro e último filme da série, rolou uma certa melancolia de perceber que tinha acabado ali. Quer dizer, eu não ia mais ficar esperando o lançamento no próximo ano, lendo a respeito, contando os dias...

O mesmo aconteceu com Kill Bill. Achei muito foda o Quentin Tarantino não ter se dobrado a mais uma trilogia ao dividir a saga de Beatrice Kiddo em duas partes apenas. E na minha opinião os filmes são tão equilibrados que é difícil separá-los de contexto. Pra mim, o 1 e o 2 são o mesmo filme, não há divisão. Por isso achava mega estranho quando alguém vinha me perguntar de qual dos dois Kill Bill eu gostei mais. Eu pensava: puts, esse cara não entendeu nada!

Mas, pelo visto, quem não entendeu nada fui eu. Porque ontem (quantos anos depois do lançamento do primeiro KB? Uns 4?), Tarantino anunciou que vai fazer o Kill Bill 3. Confesso que... dei uma brochada.

Eu queria ter o Kill Bill como aquela seqüência perfeita, dois filmes clássicos que se completam. Não queria testemunhar uma série que vai caindo de nível, como em O Poderoso Chefão. Porque isso me deixa meio deprimida, confesso.

Mas aí o cara quer fazer o terceido Kill Bill. Beleza, eu até confio nele. Até acho que ele é foda, que vai fazer um filme bom. Mas que soou desesperado, isso soou.
E a gente aqui de fora só fica esperando, com a certeza de que vamos todos assistir no cinema, mesmo que seja uma droga.

Thursday, May 15, 2008

Foi algo que eu disse?

Faz pouco tempo que decidi colocar o endereço deste blog no meu currículo. É que eu achava que o Poça D'água era bobo demais para ser levado em consideração em uma disputa de trabalho e, além disso, algumas vezes os textos daqui assumem um ar confessional demais. Mas todas as minhas crenças foram abaixo quando uma entrevistadora admitiu que procurou meu nome no Google, achou o blog e leu de cabo a rabo. E achou os textos muito bons.

Se através do blog fui bem analisada, e se meu nome aparece facilmente em qualquer site de busca, por que não colocar a minha URL no currículo? Realmente não faz o mínimo sentido, ainda mais porque sou uma pessoa que, além de blog, tem Flickr, Twitter, Orkut (claro), MySpace e tantas outras nerdices inventadas na era da rede mundial de computadores.
E, convenhamos, o meu texto é bom!

O meu texto é bom. Eu sou uma profissional de televisão completa. Eu me adequo a qualquer cargo em poucas semanas. Eu gosto de sentir frio na barriga e de percorrer outros caminhos. Eu não tenho problemas com relacionamentos interpessoais. Aliás, eu não tenho nem problemas com oportunidades de trabalho, porque estou empregada, com bebefícios mil, e todos os meus chefes me elogiam.

Então por que eu nunca fui chamada para nenhuma das últimas três vagas a que me candidatei?

Eu fico pensando: "Será que fui muito arrogante quando disse que sou uma profissional de televisão completa? Mas... cara, eu sou mesmo! Será que eu deveria ter fingido que não? Será que eu deveria ter dito que sou completa mas que, por outro lado, ainda tenho muito o que aprender? As pessoas adoram ouvir que a gente tem muito a aprender com elas. Vai ver foi isso..."

Sempre que saio de uma entrevista, tenho certeza quase absoluta de que fui muito bem. Sei conversar e expor minhas qualidades, e admito que nunca fiz certa coisa, mas que também não tenho medo de tentar, etc etc. Então depois, quando não me procuram com a resposta, eu fico dias martelando: O que eu fiz de errado? É quase como terminar um casinho que você jurava que ia virar namoro. Do nada a história desanda, e você nunca sabe exatamente por quê.

Da última vez foi uma troca de emails com o pessoal de um respeitado site de música eletrônica. Mandei meu currículo e recebi uma resposta quase imediata, pedindo para listar meu gosto musical. Fiquei animada com a rapidez e pronto: discorri sobre o que tenho baixado, sobre o que descobri recentemente, sobre os últimos shows incríveis que eu vi, sobre meu vício na Last.fm... E depois, quando dei meu endereço na Last, nunca mais ninguém do site me escreveu.

Será que não gostaram do meu gosto musical?
Mas, cara... Eu tenho um gosto tão bom!

Estou me tornando uma especilista no pé na bunda de Recursos Humanos.

Tuesday, May 13, 2008

Info addicted

A primeira vez que ouvi o termo "viciados em informação" foi quando uma amiga explicava que seu marido era um data addicted: ou seja, alguém absurdamente enlouquecido por tecnologia, aquele que conhece e pesquisa as ultra novas novidades tecnológicas. É um hobby caro - especialmente para quem mora no Brasil e ganha em Real - mas é uma mania que se espalha no país em progressão geométrica.

Só que eu não sou uma data adictted. E dou graças a Deus, porque dificilmente teria dinheiro para adquirir todas as coisas muito legais que aparecem todos os dias nos meus emails. Mas justamente por essa mania de querer saber sobre tudo que está sendo lançado, relançado, divulgado, revitalizado, inventado, remasterizado (mesmo que eu não tenha nenhuma intenção de adquirir qualisquer dos ítens), me descobri um outro tipo de viciada: a dependente de informação.

A princípio, não há nada de mal em se tornar uma info addicted - ainda mais para uma jornalista que, a princípio, tem que saber de tudo mesmo. Mas a verdade é que a caçada por novidades se tornou quase doentia: toda vez que recebo um email com um link bacana, fico me perguntando como é que nego descobriu esse endeerço, e vasculho os outros links da página, à procura do que pode ser ainda mais interessante, e penso em postar no Twitter minha mais nova descoberta, e só sigo lá quem tem a me oferecer informação relevante (a não ser que sejam amigos da vida real).

Veja a maldição que é ser uma info addicted:

- Quando estou de bobeira em casa ou no trabalho, me sinto na obrigação de procurar novidades na rede. Mas eu acabo voltando sempre aos mesmos sites, o que me deixa muito mal-humorada. - Me sinto culpada quando fico em casa vendo televisão: acho que deveria usar eu tempo livre para ver um filme, ou ler um livro, ou porduzir de alguma maneira.
- Tenho vontade de conhecer o mundo inteiro, e raramente consigo decidir qual é a minha prioridade. Ou seja: minha meta muda assim que recebo informações sobre outro destino.
- Quando vejo uma matéria muito legal, penso: "damn it, por que não pensei nisso antes?" E tenho uma inveja negra do autor (a não ser que o autor seja meu amigo, aí a inveja é branca).
- Tenho idéias de matérias imperdíveis e não sei onde publicá-las. E como sou mesquinha, não quero passar essas idéias pra ninguém, achando que um dia vou finalmente realizar as reportagens.
- Dou refresh no Twitter de 5 em 5 minutos para ver se alguém postou alguma coisa legal.

Agora os pontos positivos - porque nem tudo é terrível nessa vida:

- Informação, atualmente, vale mais que dinheiro. Portanto, convenhamos que o meu vício veio bem a calhar.
- A troca de informações é o que há de mais belo na internet, a meu ver. I'll show mine and you'll show me yours, e dessa maneira todo mundo conhece coisas bem legais.
- Obter informação faz as idéias crescerem e a critividade aumentar, e quanto mais idéias a gente tem, mais elas surgem.
- Mais uma vez a internet ajuda todo mundo: temos acesso a qualquer revista ou publicação, de qualquer parte do mundo, absolutamente de graça.
- As pessoas te acham incrível quando você vem com uma solução que você viu em um site qualquer. Acham que você é a pessoa mais inteligente do mundo, mesmo a idéia não sendo originalmente sua...

Monday, May 12, 2008

Jonathan Safran Foer

Estou na reta final do "Everything is Iluminated", livro daquele cara que eu odeio, porque é genial e tem a minha idade, Jonathan Safran Foer. O que acontece quando estou nas últimas 50 páginas de um livro é que fico absolutamente obcecada por terminar logo a leitura. Não paro de pensar no desfecho e nos personagens, fico ansiosa para poder, finalmente, sentar na cama, embaixo do cobertor, e me dedicar ao fim do romace. E depois, quando acabo, fico meio arrependida de ter ido tão rápido, porque dá um vazio e faz falta a companhia dos personagens do livro terminado.

"Everything is Iluminate" virou filme que eu, resistindo à maior de todas as curiosidades, ainda não assisti. Quero terminar o livro e só depois ver como é que ele foi adaptado ao cinema - mas confesso que existe uma constante luta interna pra não dar o braço a torcer e baixar de uma vez o longa.

E o livro está aqui na minha bolsa. Ele me olha lá do fundo e eu resisto ao impulso de abrir em uma página qualquer e ler um trecho. Ele é um livro que serve assim também, aberto ao acaso. Mesmo fora de ordem ele faz sentido, porque cada palavra escrita foi certamente bem pensada e, por isso, carrega um caminhão de significados.

Futilidades sobre Jonathan Safran Foer:

- "Extremamente alto, incrivelmente perto" foi eleito pelo Poça D'água's Voice Reader, o Oscar dos livros lançados e lidos por quem escreve esse blog, como o melhor romance publicado no século XXI
- Ele já veio ao Brasil participar da Flip e eu mosqueei e não fui lá pedir a benção.
- Como quase todo judeu americano, ele mora em Nova York. E como quase todo morador de Nova York, o que ele escreve tem muito a ver com a sua cidade (o que me faz analisar que os novaiorquinos são os cariocas dos Estados Unidos. Será?)
- Os direitos de "Extremamente.." foram vendidos para a Paramount, o que me deixa com medo, porque o livro é realmente incrível, e se o filme não for nada menos que maravilhoso, eu vou ficar muito, mas muito irritada.
- Ele mora na mesma rua que o Paul Auster.
- Ele é vegetariano (característica que me deixa um pouquinho desapontada).

Friday, May 09, 2008

Vida Estrangeira

Por causa do post abaixo, fiquei lembrando da minha época de newyorker girl. Foi uma passagem meteórica - 6 meses - mas foi o tempo suficiente para que eu me moldasse ao sabor do american way of life. Quer dizer, parece até que o governo americano sabe direitinho a hora de mandar os latinos embora: quando eles estão se acostumando com o frio, com o dinheiro, com o trabalho, com as relações sociais... eles têm que voltar. That's the way it is.

Morei em NYC de maio a novembro de 2001. De recheio dos meus meses na América há o episódio que inaugurou o século XXI: o ataque ao Worl Trade Center. É óbvio que a minha temporada novaiorquina ficou muito marcada por esse fato, mas não ficou restrita a isso. Mesmo depois dos ataques, tenho outras lembranças que não remetem, necessariamente, à derrubada das Torres Gêmeas.

Posso dividir o tempo que estive em Nova York em três partes: assim que cheguei, depois que comecei a trabalhar como garçonete e quando entrei de estagiária na Globo NY. O 11 de setembro foi já na minha época de estagiária, e eu senti todo aquele caos com o gostinho de quem acabou de se formar jornalista e está no meio do furacão mundial. Os amigos me escreviam pedindo pra eu voltar pro Brasil, e eu respondia: "mas nem morta! Agora que tá ficando bom?" E babava observando as putas velhas do jornalismo brasileiro cobrindo os atentados. Só tinha primeiro time, e se tem uma coisa que me dá um tesão na vida, é ver gente competente trabalhando.

Mas antes disso, quando eu havia acabado de pisar nos Estados Unidos, decidi tirar um mês de férias e conhecer a minha nova cidade temporária. Todos os dias eu pegava o guia da Folha de SP e escolhia onde queria passear. Passei um dia inteiro andando no Metropolitan Museum, parando só pra comer um cachorro quente do lado de fora, e depois entrando de novo no prédio. Fiz o mesmo com o Museum of Natural History - e, mesmo assim, não consegui ver todo o acervo. É coisa pra cacete!

Eu vagava pela cidade sem muito dinheiro no bolso, conversando com quase ninguém, totalmente Lost in Translation (apesar de que eu falo inglês muito bem, mas é que sou meio bicho do mato mesmo). Foi uma época solitária.

Depois, quando consegui um trabalho de fim se semana em um restaurante brasileiro no Greenwich Village, tudo mudou. Eu saía do restaurante meio bebinha, sempre, lá pela meia-noite, uma hora da manhã, e as ruas estavam cheias de gente. Era o bairro gay de NY (um deles), e em cada esquina existiam dezenas de bares, e todo aquele povo ficava na rua conversando e rindo e falando alto. Eu conseguia fazer amizades fast food no caminho do restaurente ao trem (morava em New Jersey, então era trem e não metrô o que eu pegava, mas na prátoca era tudo a mesma coisa). Era uma época divertida.

A terceira parte, de quando fui estagiar na Globo, é a mais cansativa de todas: eu trabalhava de manhã em um restaurante americano típico, e de tarde eu ia pra Globo, de onde só saía às 9h, 10h da noite. Acordava às 6h porque tinha que chegar às 8h no restaurante (1h de metrô), vivia cansada, mas estava feliz. E depois que o WTC caiu eu fiquei só trabalhando na Globo mesmo, mas trabalhava umas 12h por dia e, dessa vez, ganhando uma graninha pelas organizações.

Eu morria de saudades do Brasil. E quando voltei, achava que tudo no Rio era lindo. Meus amigos reclamavam que não tinha nada pra fazer na cidade, e eu dizia: "Mas olha que linda a Lagoa".
Obviamente, esse sentimento passou em uma semana, e depois tudo voltou ao normal. Só ficou a saudade da New York Fucking City.

Thursday, May 08, 2008

A praça é nossa

Uma das coisas legais que eu achava sobre morar em NY é que lá o povo realmente usa os espaços públicos. Explico melhor: quando é verão, o interior dos restaurantes fica vazio, porque todo mundo pede almoço pra viagem, e senta pra comer nas escadarias e chafarizes das praças. À uma da tarde é possível ver todos aqueles bancos e muretinhas tomados de gente com a quentinha na mão, comendo com talher de plástico e bebendo refrigerante em lata. Aquilo me encantava porque ficava muito claro que Nova York é realmente dos novaiorquinhos: eles usam e respeitam a sua cidade como uma extensão da casa deles.

Daí cheguei no Rio com a tal da sensação de que o que é público também é meu. Não lembro mais aonde foi, mas teve um dia em que eu estava cansada e resolvi me sentar na escada, e então veio um segurança e falou que eu não podia sentar ali porque atrapalhava a passagem. Uma escadaria enorme e só eu no canto e ele dizendo que eu estava atrapalhando! Foi aí que caiu a ficha de que a cidade não era minha, como eu pensava antes.

Quando me mudei e comecei a frequentar a querida pracinha da minha rua, a tal sensação de que o espaço público é uma continuação do privado voltou a me dominar. Isso porque existe uma série de eventos naquele coreto que me deixaram à vontade o suficiente para que eu chame o local de "meu bairro".

Na minha praça, crianças fazem festinhas de aniversário embaixo do coreto. O garçom do boteco da outra calçada arruma mesinhas e serve no meio da praça. Tem bloco de carnaval (pra quem gosta) uma vez por mês. Todo domingo, a partir das onze horas, rola um chorinho de craques, com partituras e tudo.

E não é só nas minhas redondezas que a praça é do povo. Em Laranjeiras, na General Glicério, é famoso o chorinho de sábado, logo depois da feira que tem tapioca e um mega pastel incrível. O povo fica lá ouvindo o chorinho, bebendo uma latinha, dando um relax da vida louca daquela cidade.

Outra praça que eu sou fã fica em uma daquelas ruas atrás da Jardim Botânico, naquele tipo de endereço que a gente nunca aprende o nome, mas sabe chegar lá de olhos fechados. Todo ano tem festa junina, e gente de todas as idades comparece fantasiado, e come salsichão e churrasquinho, e ouve música de festa junina, e não aquele funk podre que dominou as festividades de junho/julho da zona norte da cidade.

Quando etsou no Rio e não me acabei na noite anterior, meus domingos acontecem da seguinte maneira: acordo umas 11h30, desço e tomo um café na casa de sucos Copa de 70 (nome sensacional, vamos lá), sento no coretinho e fico ouvindo e vendo a vida passar. Quando acaba, vou logo ali no Oi Futuro ficar dando pinta até chegar a fome e a vontade de comer de novo. Faço tudo a pé, porque já dirijo muito nesse mundo de meu deus. E faço reverências ao sol da minha cidade do coração.

Wednesday, May 07, 2008

Melhorando (parcialmente) o orçamento

E então, pela primeira vez na vida, estou realmente correndo atrás de frilas. Já consegui meu primeiro, a assessoria de imprensa do Hush Hush, e confesso que tenho certo frio na barriga, uma urgência de fazer um trabalho lindo. É que há tempos não faço assessoria, então tudo é um eterno recomeçar: escrever o release, montar o mailling, criar estratégias de divulgação... Enfim, é tudo bacana demais, e eu to empolgada e também com um certo medinho. Mas eu simplesmente adoro sentir um certo medinho.

Fora isso, tenho ainda uma lista de revistas pra entrar em contato e propor sugestões de pautas frilas. Incrível como as idéias para matérias têm surgido aos borbotões: toda hora tenho um insight do que poderia ser reportagem, e então corro pra agenda que separei especialmente para os frilas e anoto a idéia em duas palavras, que eu sei que farão com que eu me lembre delas mais tarde.

O lance é que comprovei, por cálculos e mais cálculos, que não poderia manter um namoro no eixo Rio-São Paulo ganhando o que ganho. Era terminar o namoro ou rebolar pra fazer a renda crescer. Então vamos lá, né, minha gente, porque eu não deixo o Japanimation de bobeira de jeito nenhum! Acha que vou dar esse mole?

Mas o mais legal é que a busca por frilas me fez vislumbrar uma nova possibilidade na minha profissão. Eu já estava fazendo tudo no automático, meio sem saco e meio zumbizinho mesmo, até que fui inventar de ter coisa nova, e olha aí o medo "do bem" de volta. Frios na barriga fazem a gente acordar pra todo o resto, não é não? E parece até que criatividade é um músculo: quanto mais você exercita, mais idéias aparecem.

Tuesday, May 06, 2008

Diálogo que mudou a minha vida. Sério.

Ex-girlfriend: Whatever happens in the end, I don't wanna lose you as my friend.
Jack: I promise, I will never be your friend. No matter what. Ever.

Desse curta.

On the road

Gosto de tomar decisões súbitas sobre viagens e afins. De repente, me dá uma vontade de encher o tanque do carro, comprar um saco de Fandangos sabor presunto e uma latinha de iced tea e mandar ver na estrada. Tudo bem, era muito mais legal quando eu fazia isso antes de roubarem o rádio do carro. Mas eu ainda tenho o meu iPod - god bless its soul - e um cartão de crédito sempre à beira do precipício, mas que nunca pulou de verdade. O resto é achar uma pousada que caiba no meu parco orçamento cansado de gastar com tanta ponte aérea.

O Japanimation é como eu, meio ligado a uma aventura. Só que muito mais cauteloso: ele pesquisa preços, pondera sobre a melhor época, faz cálculos inimagináveis pra mim, que vivo na indecisão entre ser uma perdulária total ou encarar o quão careta é o meu posicionamento em relação à grana. Tanto que nunca na vida entrei no cheque especial.

E essa nossa história de gostar de viajar com mochila nas costas encontrou reforço quando passamos um mês só assistindo road movies. Sem brincadeira, foram uns três seguidos: o ganhador do Oscar "Onde os Fracos Não Têm Vez", aquele outro que é bizarro mas também é lindo "Na Natureza Selvagem" e, finalmente, "The Darjeeling Limited", que é bom demais. E todos esses filmes (pricipalmente o "Na Natureza Selvagem") me deixaram com coceira pra tirar trinta dias de férias, encher a mala do Palio 1000 e seguir para o Nordeste. Ou pro Centro. Ou pro Sul.

Planejamos pegar o carro até o sul da Bahia e ficar por lá durante uma semana. Outra opção é a Chapada dos Veadeiros, menos hypada que a de Diamantina, mas tão bonita quanto ela. Ou seguir pra Floripa, ver as baleias e os golfinhos e todas aquelas praias de águas muito claras que eu nunca dei sorte de encontrar. A gente planeja o tempo inteiro e, quem sabe, um dia a gente realiza o que a gente sonha.

Uma vez só conseguimos fazer uma coisa assim, de pegar as malas, jogar no carro e ir embora. Foi quando conhecemos Ilha Grande, uma das melhores viagens de todos os tempos.
Mas como eu nunca estou satisfeita, quero mais. Quero lugares novos. Quero mais caminhadas. E quero gastar toda essa energia acumulada no vai e vem casa-trabalho-casa.

Monday, May 05, 2008

Você percebe que está ficando velho quando

- Dá uma festa na sua casa e no final sua geladeira tem mais cervejas do que tinha antes.
- Ouve o pronome de tratamento "senhora" com muito mais frequência do que "você".
- Demora um dia e meio pra se recuperar de uma ressaca.
- Considera que é melhor comer algo antes de beber pra não ter dor de cabeça no dia seguinte.
- Começa a andar com um bloquinho, anotando as calorias de cada refeição.
- Seus amigos se casam e os pais deles perguntam: e aí, quando vai ser o seu?
- Um dia a menos de academia significam mais 500g na balança.
- Seu pai alerta sobre a raiz branca à mostra na sua cabeça.
- Empresta dinheiro pros seus pais.
- Se pergunta porque não escolheu uma carreira que pagasse mais. E começa a encarar a possibilidade de estudar pra aquele concurso com salário inicial de 5 paus, apesar do trabalho burocrático.
- Se dá conta de que adquiriu medos novos, como claustrofobia, desconfiança e paranóia de que você pode ser assaltado em qualquer lugar, por qualquer pessoa.
- Faz a contas e percebe que se não se jogar agora, não vai ter tempo de se jogar depois.
- Acha que está na hora de ter filhos mas treme só de imaginar uma vida acordando antes das 10h.