Thursday, March 22, 2012

Eu quero uma casa de campo

Casas de campo são tardes na piscina, discos antigos tocados aos berros, papo pro ar.
Casas de campo são cachorros, crianças e várias garrafas de cerveja espalhadas. Também são noites lindamente estreladas e festivais gastronômicos que parecem não ter fim. São dias pacíficos e tardes que se arrastam, e segundas-feiras que têm gosto de saudade de sábado.

Mesmo sem beber, não recuso um copo de vinho. Porque estou entre novos amigos e me permito essa pulada de cerca existencial.

Em 48 horas, aprendemos mais sobre uma pessoa. Sabemos os nomes dos filhos, vemos fotos e identificamos um lar com amor.
Também quero que a minha casa tenha amor. E que o meu filho seja feliz.
Que ele tenha todo o necessário para uma vida bela.

Monday, March 19, 2012

Grávida: uma mulher de peito

Se os meninos de Copacabana olham mais pra mim... é porque eu to grávida. Com as carnes, digamos, mais recheadas que o habitual, passei a atrair os olhares de gente que antes me achava assim muito magrinha, mal nutrida, sem gracinha, sabe. E as chances são de que o sucesso com o público masculino vá aumentando na mesma proporção em que a barriga vá crescendo e eu vá me deslocando pro norte da cidade. O povo lá de cima gosta de mulher com sustância, e não dão a mínima a essa estética ossuda e pontiaguda da Zona Sul do Rio de Janeiro.

A verdade é que os olhares dos populares são um alento pras grávidas de primeira viagem, como eu. Porque essa história de que grávida fica mais bonita, mais vistosa e mais iluminada, é papo de gente não grávida. Como diz uma amiga minha: grávida bonita, my ass. Aliás, é justamente na ass que todos os quilos extras parecem se alojar. Mesmo pra quem é desprovida de revestimento traseiro, como é o meu caso (o que já me rendeu o apelido de "sem-brunda"), parece que vai tudo parar lá atrás. Se a gente for contabilizar os quilos reais que uma mulher ganha só com bebê, placenta e outras parideirices, os extras são poucos. O lance é que a gente fica louca por comida mesmo, e libera geral onde antes segurava a onda. Eu, por exemplo, estou completamente ensandecida por doces. Coisa heavy metal, tipo brownie com sorvete, barra de chocolate, tortas e tudo o mais. Pra coisa não ficar muito fora de controle, comprei todos os sabores de gelatina à disposição no supermercado. Mas, ainda assim, quando tem uma torta na geladeira, a gente quer que a gelatina se dane. Quer dizer, eu sei que quero que ela se exploda - todas as mulheres não são assim?

Mas tem uma parte do corpo que realmente fica incrível na gravidez: os peitos. Enormes, redondos, macios, de um jeito que nunca foram e nunca serão novamente. Seja qual for a roupa que eu coloque, mesmo uma comportada camisa sem decotes, eles abrem espaço à procura do sol, exibidos e juntinhos, que nem bunda de bebê. É a vingança do sex appeal das parturientes: a gente fica com a bunda grande e flácida, a gente anda que nem pata e ainda carrega uma barriga monstra. Mas os peitos, baby, nem adianta tentar comprar igual: eles são originais de fábrica, e só embuchando é que se consegue um efeito semelhante.



Tuesday, March 06, 2012

O mundo bizarro das parideiras

Eu costumava olhar com certa pena algumas mulheres que diziam, orgulhosas, desconhecer totalmente tal ou tal banda que ia tocar no Circo no fim de semana, porque desde que os filhos tinham nascido, tudo o que ouviam era "A Galinha Pintadinha", ou coisa que o valha. Eu ficava com pena e me prometia nunca me tornar uma delas, mesmo desejando muito um dia ser mãe também. Afinal, eu seria uma mãe que nunca perderia contato com o mundo lá fora, uma mãe cosmopolita, prática, que poderia viajar pra qualquer lugar do mundo com o filho debaixo do braço, fosse qual fosse a sua idade, tal qual fazem os europeus. Tudo bem, eu ignorei que na Europa a gente anda um pouquinho de trem e já está em outro país, enquanto que aqui e a gente pode andar, andar e andar de carro, e só chegar em São Paulo. Mas o fato é que eu não deixaria nunca de viver a vida por causa do meu filho. O plano era trazer meu rebento pro meu universo, e não o contrário.

Mas nada como uma dose mínima de realidade pra colocar a gente no devido lugar. Mal começou a gravidez e eu descobri o bizarro universo consumista infantil. Fiquei fissurada em blogs e artigos e ítens com design destinados aos bebês, e particularmente maluca com um fone de barriga que vende na Amazon, e que permite que o meu filhinho escute, desde o ventre, todas as bandas que a mãe dele um dia vai fazer com que ele assista no Circo. E de repente eu me vi cercada de listas e listas de compras, com nomeclauras absolutamente novas (culote? conjunto pagão? fralda de ombro, pano de boca?) e objetos imprescindíveis pro bem estar do meu baby.

Mas não foi sempre assim. Um dia eu resolvi passear na feira de gestante que tem no Rio Centro, só porque estava ali pertinho, e porque uma amiga me prometeu companhia. Uma amiga corajosa, que não tem filhos, e que mesmo assim topou encarar o programa de índio. E a cena que se segue é de dar dó: duas completas perdidas no meio de todos os tipos, tamanhos e gostos do tal universo paralelo de parideiras. Eu vagava pelas ruelas da feira sem entender muito bem o que eu tinha que comprar, se era barato ou era caro, se eu devia viajar pra Miami e fazer o enxoval todo por lá ou se haveria uma boa alma que fosse capaz de me dar aulas sobre "ser mãe" (na vertente mercadológica desse vasto tema).

Aquilo foi me dando um desespero tão grande, uma noção do quão despreparada eu sou pra chegada desse serzinho, que eu voltei pra casa deprimida, pensando em me inscrever num daqueles cursos de grávida. E mesmo assim, no auge da depressão, eu tive tempo de comprar um balde e uma banheira transparentes com detalhes verdes, a coisa mais fofa do mundo.

A depressão passou e deu lugar a um monstro dersenfreadamente consumista no cartão de crédito. Ainda estou na metade da gestação, mas já maluca por objetos que eu coleciono em links salvos nos meus favoritos. Um dia, em breve, eles vão estar espalhados pela minha casa, entre panos de boca e fraldas de ombro (mas conjuntos pagão, jamais!). Enquanto isso, a "Galinha Pintadinha" vai bombar no iPig. E eu vou ser uma mãe, como tantas outras, que vai achar incrível qualquer gracinha do seu bebê, e vai mostrar, a quem quiser ver, todas as ultras, de todos os meses, como se fossem books fotográficos da America's Next Top Model. Não duvide, mulher: um dia isso vai acontecer com você também.