Wednesday, February 22, 2006

Programação intensa

Como já foi dito, não gosto de carnaval, mas adoro cinco dias de férias. Adoro porque, entre outras coisas, gosto de não ter que trabalhar durante cinco dias. Parece óbvio, mas não é: todo mundo quer um trabalho, mas ninguém quer ter que trabalhar, entende. E é por isso que se ouve por aí que bom mesmo deve ser ter um trabalho sem precisar de um: ganhar na loteria e ocupar seus dias com duas ou três horinhas de escritório. Resta saber qual tipo de emprego me manteria ocupada duas ou três horas, dois ou três dias por semana. Esta é a parte mais difícil.

Mas enquanto eu não ganho na mega sena, celebro os meus cinco dias de mini-férias com muitas programações. Intensas, de várias modalidades e promessas de diversão sem limites.
São tantas as minhas possibilidades que começo a ficar preocupada. É que desde segunda-feira eu ando combinando encontro/ chopes/ praia/ DJ Hell/ piscininha + caipirinha/ fofocas/ monguices com metade do Rio de Janeiro. E metade da metade do Rio de Janeiro é composta por amigos que eu não vejo há muito tempo e que prometi encontrar sem falta durante o carnaval.

São muitos amigos para encontrar e apenas cinco dias. Oh, céus.

Monday, February 20, 2006

Stones no Rio - Eu fui!

Até os primeiros acordes dos Stones, o que me passava pela cabeça era: "Será que eu fico aqui? Será que eu vou pra casa? Neste momento o metrô deve estar vazio... Será que eu aproveito essa deixa?"
Todas estas questões existenciais se dissiparam nas primeiras notas de Jumpin' Jack Flash. Gente, o que eu posso fazer? Sou fã de Rolling Stones, não sou VIP e sei que outra oportunidade de ver os caras ao vivo iria ser muito difícil, dado que eu moro no Brasil e eles já têm mais de 60. Eu tinha que aproveitar de algum jeito.

Destaco os seguintes momentos:
* "Out off my cloud", música da década de 60 que quase ninguém conhecia mas que me fez ir ao delírio.
* A cover do Ray Charles, bluesíssima, linda, linda.
* "You can't always get what you want" no bizz, inacreditável, maravilhosa e tocada, graças a deus, ANTES de Satisfaction (quando a guitarrinha do hit começou, eu já estava pegando o meu rumo pra casa).
* VIPs levando coró do povão.
* Senhoras de 60 anos na minha frente dançando animadíssimas.
* Adolescentes que se pegaram, trocaram dois beijos sem mão no peito ou na bunda (eu observei) e depois se despediram.
* Medo de pegar o metrô na volta pra casa e caminhada até o Túnel Velho de Botafogo, onde fui resgatada pelo meu namorado-herói - que, por sinal, não me acompanhou ao show. "Ele é que tem juízo", declarou o meu pai.
* Medo dos hippies sujos que lotaram Copacabana, em rodinhas de violão, levando um Raul Seixas.
* Só turistas, por todos os lados, dando a impressão de que os cariocas tinham viajado pra Búzios. Me senti como aqueles turistas que vão a NY no reveillon e ficam morrendo de frio no Times Square, vendo a tal da maçã descendo em um frio de alguns graus negativos, enquanto que os newyorkers se animam em outros cantos da cidade.
*Quem foi que inventou a história da blusa "Stones no Rio - eu fui!"? Tipo assim, é isso mesmo?
* O povo só conhecia Satisfaction, Start me up, Sympathy for the Devil - e mesmo assim, a animação na areia foi contagiante.

E a raivinha de quem tinha blusa de VIP? Eu sou um ser rastejante, o pior de todos os seres, e dei um discreto sorriso quando vi uma perua de salto agulha levando um tropeção na calçada irregular da Princesinha da Praia. Foi minha vingança de plebe.

Friday, February 17, 2006

Coisas em que já acreditei

- Jornalismo hard news é um trabalho legal.
- Casamento é uma instituição fadada ao fracasso.
- Megashows são imperdíveis quando a banda é boa.
- Perfiro um trabalho que pague mais ou menos e mê dê prazer que um trabalho que pague muito bem e não me realize profissionalmente (hahahahaha!)
- Música sem vocal é chata.
- Guns 'n Roses é a melhor banda de todos os tempos.
- Deposi que eu me formar vou sair da casa dos meus pais.
- Não tem problema nenhum em uma mulher chamar um homem para sair. Se o homem achar que essa mulher é muito avançadinha para ele, azar o dele.
- Moda é um assunto interessante.
- Todos têm obrigação de sair no sábado à noite.
- Eu e mais uns cinco sabemos o que realmente significa a vida. O resto da humanidade, coitados, apenas vive seu cotidiano mediano no piloto automático.
- Quando morrer vou pro céu.
- Se eu fizer o bem para os outros, a minha vida vai ter bondade também.
- Livros, filmes e artes plásticas escondem a resposta do sentido da vida.

Thursday, February 16, 2006

Preciso de uma página

Dia desses me colocaram em contato com aquele formulário de pedido de visto para os EUA. Um formulário é, por si só, um objeto estúpido. Mas talvez aquele seja o rei de todos os formulários estúpidos que já foram inventados.

Dentre as várias perguntas burocráticas que o burocrata americano tem mesmo que perguntar - tipo nome, idade, telefone, data de nascimento, tribo, etc - o cara quer saber se eu, por acaso, assim como quem não quer nada, sei manejar granadas ou explosivos plásticos ou qualquer tipo de arma. Ele me apresenta dois quadradinhos, um escrito SIM e outro escrito NÃO, e depois acrescenta: "caso a resposta seja SIM, por favor explique".

Tudo bem, eu esperaria tudo isso de um americano. Principalmente de um americano paranóico pós 11 de setembro. Mas o pior é que o espaço destinado à explicação é de uma linha!

Se eu soubesse manejar granadas, armas de fogo e explosivos plásticos, eu ia querer pelo menos uma página inteira como espaço para explicação. Poxa, deve ter uma história muito espetacular pra alguém saber usar tudo isso, deve haver um motivo, um local e uma aventura. Mas a gente só pode escrever duas ou três palavras, e mesmo assim saindo do espaço do quadrinho, se quiser justificar tantos conhecimentos de guerra.

Deve ser porque os americanos são muito cartesianos e resumem uma vida em duas frases. Eles são assim, não são?

Wednesday, February 15, 2006

Nózinho na garganta

Se tem uma coisa que me deixa sentimental são emails antigos que eu esqueci que tinha guardado.
Entre mensagens de amigos, textos e provas de livros de outros, encontrei uma poesia de um cara que não me conhece, mas leu o meu blog e viu meu defunto fotolog. Olha só:

Bruna, vi tuas fotos e quis te dizer isso:
Bruna, bruníssima
sua cara é tão franca
cheinha
de uma beleza meio assim
rensacença, renascente
resplandescente
e quando ilumina
e aperta os olhos
pra sorrir
deixa perceber
nalgum canto
qualquer coisa de santa
e sacana ma non troppo
que é "capaz de certas coisas que não quis fazer"
e que esse mundo é mesmo
muito injusto
mas que não é sempre
necessáriamente
disgusting
e que as vezes
quando quer
ou está distraido(a)
poder ser muito muito muito lindo(a).

Oooow. Não é fofo?

Stones: um programa Funai

Tudo bem, concordo que o show dos Rolling Stones na praia de Copacabana tem todas as características de programa de índio. Mas eu simplesmente não consigo me convencer de que ficar em casa e assistir pela televisão será melhor do que ver os caras ao vivo. A quilômetros de distância, é verdade - mas ainda assim, ao vivo.

Na primeira vez em que os Stones tocaram no Brasil, eu fui assistir no Maracanã. Era uma pirralha de 18 aninhos (ou menos, não lembro bem...), e achava aquilo tudo inacreditável demais. Eu não havia visto nenhum dos megashows que mudaram vidas até o momento - Paul MacCartney, Rock in Rio I, etc... - então aquilo era o supra sumo pra mim.

Na segunda apresentação da banda no país, deixei de ir ao evento porque achava que ver os Stones uma vez já bastava. Mas que nada: a verdade era que eu não tinha amigos que me acompanhassem ao show, fora aqueles que iriam com um ex que recentemente havia me dado um belo de um pé na bunda, e com quem eu não queria nenhum contato. E então, adeus Rolling Stones na Apoteose.

E agora eles inventam essa história de show de graça em Copacabana. Como um ser humano elitista e pré-balzaquiano, eu pagaria a fortuna que fosse para ver os vovôs com (um poquinho mais de) conforto, visão parcialmente garantida, som teoricamente louvável e companhia provavelmente muito melhor. Essa história de RS na praia virou a boa do fim de semana, o que não me deixa dúvidas de que a galera vai pra lá só porque não tem mais o que fazer mesmo.

Mas como eu sei que, mesmo com todos os contras, eu vou me enfiar no meio da multidão no dia do show, minha carteirinha da Funai já está separada, junto com os bilhetes especiais de metrô. Só vou rezar pra que não chova.

Tuesday, February 14, 2006

A Bagunceira está indo embora

Ok, alguém me ensina como é que se faz quando aquela sua amiga que você liga TODOS os dias simplesmente vai mudar de estado. Como é que se faz? A gente passa a pagar DDD e gastar fortunas, ou vai uma vez por mês pra São Paulo para conhecer o novo apê da ex-companheira de todas as horas, ou arranja novas amigas pra ligar todos os dias, mesmo sabendo que definitivamente não será a mesma coisa? E como é que se faz quando a gente precisa desesperadamente conversar com a dita cuja da tal amiga que agora vai morar em São Paulo, sob o risco de ir parar no Philip Pinel ou terminar o namoro caso não se consiga um minuto de conversa apaziguadora? Ou então quem é que vai tirar uma foto minha comendo Biscoito Globo doce e fazer com que isso pareça, ao mesmo tempo, carioquíssimo e cool?

Até o presente momento eu não tinha me dado conta de que dona Mess está de malas prontas. No tinha caído a ficha até que eu descobri a foto do biscoito e lembrei desse dia, quando nós fomos à praia no meio da semana e ela queria participar de um concurso da Lomo, e até que ela foi selecionada, mas não com essa foto aí. E então eu percebi que esses dias de praia, que atualmente são bastante comuns nas nossas vidas, vão ficar resumidos a feriados e meses de férias ou recessos de trabalho.

Será que todo mundo é que nem eu, que só me toco de que o doce está acabando quando começo a raspar o fundo do tacho?

Vai nessa que daqui a pouco eu vou encontrar com você lá. E São Paulo vai ficar bem pequeno com nós duas juntas na terra da garoa.

Monday, February 13, 2006

Prazeres terceiro-mundistas

Em fevereiro, brinco o jogo do contente repetindo mentalmente o mantra: “Poderia ser pior; eu poderia estar em Salvador”. Mas se eu tivesse nascido na Bahia, provavelmente teria arrumado uma maneira de fugir de mais uma unanimidade brasileira: o carnaval.

Odeio. E não é que eu seja doente do pé, porque de um bom samba eu gosto muito. Até na quadra da Mangueira eu já fui, arrastada por um amigo que me convenceu de que o Palácio do Samba era imperdível, e o que era para ser uma noite antropológica acabou se transformando em muita diversão. Mas o meu amigo, que me conhece de outros carnavais (com o perdão do trocadilho), me levou pra sambar em novembro, quando a quadra ainda não está lotada e a temperatura não se encontra absurdamente alta.

Tem gente que acha que desse jeito não tem graça. Que carnaval tem que ser um monte de cerveja quente, e homens suados sem camisa, e sprays de espuma fedorenta. Pois é disso que eu não tenho paciência, e parece que é exatamente neste, digamos assim, exotismo, que os gringos se amarram.

Pra começar, gringo que é gringo gosta da Lapa. Claro que sim. Tem coisa mais terceiro-mundista que um bairro sujo, pobre, fedorenta, com barraquinhas de comidas esquisitas e cervejas gelada e barata? No carnaval, dá no mesmo. Uma porção de nativos dançando freneticamente em microvestimentas. Todos muito felizes, saltitantes.

Eu explico por que vim falar mal de carnaval, assim, do nada. É que durante este sábado fiquei ilhada no apartamento do meu namorado, por conta de um bloco fora de época que passava na porta do prédio dele.

Ainda bem que lá dentro tinha ar condicionado e muito Hershey’s de Io Io Cream. Taí o tipo de divertimento que eu gosto.

Thursday, February 09, 2006

Efeitos Básicos

1 - A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera
Na primeira vez que li, quis ser Sabina. Na segunda leitura, descobri que era Franz. Na terceira, concluí que Tereza é que é mulher de verdade. Mas ainda não sei o que vou achar de Thomaz na quarta.

2 - O Estrangeiro - Albert Camus
Porque todo mundo é julgado o tempo inteiro por qualquer de seus atos; porque todo mundo é júri do comportamento alheio; porque ninguém se sente tão à parte do resto do planeta; porque nenhum de nós se encaixa perfeitamente; porque às vezes a morte é só apertar um gatilho; porque 'não sei do que gosto, mas tenho certeza do que não gosto'.

3 - Crime e Castigo - Dostoiévski
Depois de ler me achei, assim, tão pequena e minúscula e tão ridícula ao me preocupar com microcosmos de acontecimentos que, dessa forma, abri meus horizontes.

4 - O Apanhador no Campo de Centeio - Sallinger
Não sei bem por quê, não sei bem o que, não sei bem quando nem como, mas esse livro me dá uma vontade louca de fumar um cigarro.

5 - 1984 - George Orwell
Estamos cada vez mais próximos.

6 - Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio - Henry Miller
Tive vontade de virar homem e fazer sexo sem camisinha.

7 - Tantos poemas do Fernando Pessoa
Descobri as piores feridas da minha alma e coloquei o dedo em todas elas.

8 - Um copo de cólera - Raduan Nassar
Bebi em largos goles babando de raiva em uma tarde de sábado.

9 - Pergunte ao Pó - John Fante
Aí está um livro que eu gosteria de ter escrito. Ou melhor: aí está O livro que eu gostaria de ter escrito.

10 - On the road - Jack Kerouac
Li aos 14 anos porque era o livro preferido do Jim Morrison e de repente descobri que existe vida fora do eixo escola - faculdade - emprego - casamento - dois filhos. E a descoberta deu um certo alívio, mesmo sabendo que provavelmente vou seguir o mesmo caminho dos meus pais.

Wednesday, February 08, 2006

Repetitivamente ex-fumante

Tem dias que são assim mesmo, que a gente acorda achando que não faz parte de nenhum círculo social, ou então que a gente simplesmente não tem saco de encarar o círculo social o qual somos obrigados a integrar, entende? Hoje eu vim pra cá meio cansada de uma noite mal dormida e incomodada, com um pouquinho de vontade de chorar (mas isso é normal, essa vontade de chorar, até quando eu estou vendo comercial de pizza me vem um sentimento, assim, de sopetão, e eu já cheguei à conclusão de que toda vez que eu sinto de verdade, seja bom ou seja ruim, as lágrimas me vêm aos olhos), mas incrivelmente impaciente para small talk e fofoquinhas e universos pequenos, que é onde, infelizmente, passo meus dias enfurnada, de 9h às 17h.

Outras vezes eu penso 'e daí?', e realmente não ligo a mínima para as pautas desinteressantes do resto da humanidade. Caramba, eu penso, isso deve ser falta de trabalho. Falta de encostar a barriga no tanque e lavar uma trouxa enorme de roupa e ariar uma panela sem teflon. Tudo bem, eu nunca fiz nada disso, graças a deus papai trabalhou bastante e proviu minha vida com uma infinidade de panelas teflon que eu nunca precisei ariar, mas eu garanto que ocupo a minha mente com problemas mais importantes que os do vizinho - ou seja, os meus próprios. E quando eu estou muito assim sem jeito com o resto do mundo é porque não tenho mesmo o que fazer, é porque estou de bobeira no trabalho esperando que uma nova torrente de obrigações caia em cima de mim. São bem vindas, eu juro! Se tem uma coisa que eu adoro é trabalhar que nem louca, dez, onze horas por dia, vendo as coisas se realizando, se construindo, erguendo-se tijolo por tijolo na minha frente.

Caramba. Como eu queria um cigarro agora.

Monday, February 06, 2006

Cuidado com o que você procura na rede

Ando acompanhando a polêmica acerca da censura chinesa ao Google, e a história vinha me parecendo muito óbvia, visto que todas as grandes empresas ponto com querem saber mesmo é de mais milhões em suas contas e não estão nem aí para a informação das massas. Mas aí hoje eu bolei. Bolei quando li que o Google e demais ferramentas de busca que a gente conhece armazenam os dados de pesquisa de todos os seus usuários, e podem passar essa informação pra justiça de qualquer país, se forem obrigados (ou se for de seus interesses).

Medo. Isso significa que absolutamente nada do que eu, você e a galera mundial fazemos na rede de computadores passa despercebido, e que se houver a necessidade todos nós teremos a vida exposta e arruinada pelas grandes corporações, por possíveis ditaduras e por gente má e poderosa.

Não tenho paciência para teorias da conspiração e provavelmente vou continuar pesquisando na internet e mandando emails idiotas para os meus amigos usando a conta do trabalho. Mas não posso deixar de lembrar daquele filminho meia bomba, protagonizado pela atrizinha meia bomba Sandra Bullock, que é o The Net. A Sandra Bullock era perseguida por uns terroristas-hackers e eles faziam de gato e sapato das fichas delas na polícia e no crediário; ela com o nome sujo na praça e polícia querendo prendê-la, coitadinha.

Descobrir que isso é possível dá uma certa preocupação, mas o que que a gente pode fazer? Parar de usar o Google, o Yahoo e o MSN?
Se pelo menos o Cadê funcionasse melhor... Ai, ai...

Thursday, February 02, 2006

Momentos de ócio na rede

Com a produção em baixa e uma internet banda larga na minha frente, sou capaz de passar horas e horas só navegando na rede. Começo com uma olhada nos meus quatro emails, passo para O Globo on line, depois blogs de amigos, blogs de desconhecidos e então não tenho mais nada o que fazer. Nadinha. Obviamente eu poderia procurar por infinidades de sites interessantes, mas como sempre escolho a pior alternativa, fui cair na página da Saraiva.

E daí comprei um livro, um mega livro, que está me fazendo perder o sono enquanto não chega na minha casa. Naked Lunch, do William Burroughs, que de todos os beatniks era o mais atormentado, que matou a mulher brincando de Guilherme Tell, que já trabalhou de caçador de ratos e detetive, ai, que inveja, e ele só chega lá em casa daqui a quatro dias úteis, quatro dias que significam semana que vem, segunda ou terça se o correio não entrar em greve e se eu não conseguir esperar calmamente sem antes comprar outro exemplar na livraria do mundo real Matrix mais próxima.

Da mesma forma que fiquei com medo do que aconteceria depois que lesse Crime e Castigo e Pergunte ao Pó, estou com medo do que vai me acontecer depois de Almoço Nu.
Juro que se meu presentinho for bom, eu queimo um livro ruim em homenagem a Burroughs. Vai ser como o sacrifício de uma virgem.

Wednesday, February 01, 2006

A vida sem nicotina é tosca

O ministério da Saúde adverte: nunca dê o primeiro trago. Pode parecer exagerado, mas nesse momento é exatamente desta maneira que eu me sinto. Se eu nunca tivesse começado, os meus dentes seriam mais claros, o meu pulmão seria mais limpo e o meu humor seria muito melhor do que está agora. Privar o corpo acostumado há dez anos com constantes baforadas é sentenciar a mente à TPM fora de época.

De vez em quando eu me pergunto por que mesmo eu parei de fumar, e daí lembro que tinha alguma coisa a ver com o fim da era dos vinte anos e com doenças respiratórias iminentes e pele, cabelo e voz de mulhereres que fumam há décadas. Só que quando a vontade bate, todas essas razões me parecem ridículas diante do prazer de dar um traguinho - ainda mais agora que estão descobrindo que as células-tronco podem ser usadas na cura de doenças pulmonares. Adeeeeus, câncer de pulmão!

Se você começa a pensar em todos os avanços da medicina e em tudo o que os cientistas caminham para descobrir, a última coisa que você se preocupa é em cuidar de si mesmo. Mas eu não quero pensar sobre isso, não quero pensar sobre cigarro, e quando alguém pára do meu lado com um bastãozinho de nicotina aceso, eu inspiro longamente, aproveitando o cheirinho de fumaça.

A vida é tosca com ou sem nicotina, eu presumo.