Wednesday, January 11, 2006

From Hell

Outro dia eu vivi uma noite dos infernos. Daquelas com muitos cigarros e telefonemas de madrugada para ouvidos de plantão, de insônia, de vontade de retomar a sanidade. Agora, depois que a noite passou e que eu sobrevivi, tenho vergonha de tanta loucura, e um desejo imenso de que tenha aprendido alguma coisa com tudo aquilo. Mas isso é só uma maneira de auto enganação: o ser humano é o único animal que põe o dedo na tomada, toma um choque, e depois coloca a mão ali novamente. Os ratos são mais espertos que nós.

Há muito tempo eu não tinha uma noite dessas. Estava tudo tão controlado, tão aconchegado na palma da minha mão, que eu acreditava que infernos já não faziam parte da minha vida. Que tolinha. E agora, além da vergonha do drama inventado, há um certo orgulho. Bem lá no fundo. Uma felicidade de constatar que eu sou capaz ainda de perder o chão, de ir parar no Pinel, de tomar remédios tarja preta. Não, amigos, nem tudo é previsível aqui.

A previsibilidade é um dos aspectos mais tristes da vida. Tá certo, eu odeio infernos pessoais, odeio noites mal dormidas e, mais do que tudo, odeio me comportar como fazia há dez anos.
Mas nada me tira o prazer de me surpreender comigo mesma.

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