Wednesday, July 26, 2006

Eu já fui High School Sweetheart de alguém

Outro dia, arrumando um armário que eu não arrumava há, vamos lá, uns seis anos, encontrei minhas mixed tapes. Eu adoro mixed tapes. Aquelas fitinhas K7 gravadas com o requinte do amadorismo, mas cheias de boas intenções. Decidi que daria uma olhada nas fitas guardadas, e todo o dia eu ouço um pouco delas no som paraibinha que tem no quarto da minha irmã.

Hoje cheguei em uma gravação que ganhei de aniversário lá pelas idos de 1994. Uma criança, eu lembro bem. Quem me presenteou foi um menino que era de uma séria abaixo da minha, com quem eu geralmente passava os recreios conversando.
Na época do presente eu achei muito bonitinho da parte dele (afinal de contas, dava o maior trabalho gravar uma fita dessas), mas não percebi aí nenhum sinal de afetividade avançada. Só muitos anos mais tarde fui descobrir que o tal menino nutria por mim uma paixão secreta, que durou o segundo grau inteiro.

É engraçado quando você se vê na posição de objeto de adoração de alguém. Eu era uma musa, um ser perfeito e inantigível para esse garoto. Obviamente ele achava tudo lindo em mim, até meus ataques de pseudo-melancolia de adolescente freqüentadora de inferninhos de rock. Até o que era mais lamentável ele gostava. Eu não tinha defeitos. Era uma deusa.

Hoje, ouvindo a fita, tentei perceber se em algum momento as músicas denunciavam as intenções do meu amigo. Mas que nada, o que tinha gravado eram vários músicas de punk rock, que a gente escutava horrores na época, e uma do Renascence que eu gosto muito - e que não escutava há um tempão.

Os anos foram se passando e nós nunca perdemos o contato. Outro dia mesmo eu fui na porta da Matriz e encontrei o meu amigo perambulando com um copo de alcólico não identificado na mão. A gente combinou de se ver lá dentro, mas não deu porque estava tudo muito lotaaaado. Mas é assim. A gente se econtra, e conversa, e de vez em quando relembra da época em que ele gostava de mim e eu não sabia. E morremos de rir.
Fala a verdade. Essa é a verdadeira história de amor com final feliz.

Friday, July 21, 2006

Sem tema, sem posts

Ai, que preguiça de escrever no blog. Que preguiça. Checo a data do meu último post e - surpresa - faz um tempão. E olha que eu já pensei em um monte de assuntos pra postar, mas depois que algumas horas passam as idéias se esvaem... Por isso que eu tenho que andar com um caderno debaixo do braço. E que pena que é não poder escrever enquanto eu dirijo.

Já cogitei de escrever sobre novela, que é uma coisa boa de assistir, porque você não pensa muito e depois ainda tem sobre o que conversar no trabalho. Ando assistindo à nova novela das 9h, aquela que se passa no Leblon e que faz a gente acreditar que morar lá é tudo de maravilhoso. Só não falam que o Leblon dá uma certa preguiça (que nem a de escrever no blog, sabe) de ter tudo muito arrumadinho e plástico demais, com corpos esculturais aqui e ali, e litros de leite 30% mais caros que nos outros supermercados do Rio. Nem fui eu que disse isso, mas sim uma verdadeira moradora do bairro, que anda cansada de tanta beleza. Acho que dá pra cansar da beleza se ela não é natural, entende?

Depois pensei em escrever sobre a minha mania de chorar por tudo, o que já rendeu até o apelido dado pelo Ninja de Atriz da Globo (como se as minhas lágrimas fossem atuação! Nem todas, poxa...). O texto ia se chamar "Desidratada", e ia falar que eu choro vendo Jornal Nacional, novela (de novo) e filmes e livros e tudo o mais. Ia até ter uma parte bem bonita relacionando lágrimas com fazer amor. Mas depois eu me liguei de que não uso o termo 'fazer amor' para nada, mesmo que o faça, e daí fica falso, parecendo livro traduzido.

Ontem à noite, voltando da Matriz, me ocorreu um outro post. Seria sobre redescobrir prazeres, como festas de rock numa noite Sex and the City, beber whisky com Red Bull e voltar dirigindo a 110 por hora (sóbria, juro que sim). E enquanto eu voltava pra casa de madrugada cortando os poucos carros que ainda se aventuram à noite no Rio, escrevi mentalmente um texto lindo e bem colocado. Mas agora... Olha aí.

Tudo o que tenho é um post sobre outros possíveis posts que nunca chegarão a existir.

Tuesday, July 04, 2006

Paradinho

Quando a gente acha que não, acaba percebendo que sim. Que vem de onde não se sabe bem uma certeza e uma vontade de acreditar que vai dar certo. E vem junto com o medo. E fica assim, balançando, entre o "está tudo bem" e o "fudeu". Mas eu me recuso a pensar no "fudeu". De que me serve adiantar a catástrofe? Enquanto ela não vem eu concentro no lado bom, mezzo me enganando, mezzo colocando a prática do bem pensar em ação, para ver se a energia do cosmos acaba concordando comigo, percebe?

O fato é que agora eu quero que tudo dê certo. Quero muito, mais do que tudo. E aí, olha que estranho, tenho mais confiança no final feliz do que tinha quando estava tudo um mar de rosas. Pode isso? Uma pessoa que precisa de um quase "fudeu" para pensar no melhor? Pois é, esta sou eu, senhores.

Enquanto isso, releio emails antigos que eu tenho mania de guardar, ainda não sei bem pra quê. E descubro que é nas linhas passadas que está o meu coração piegas e brega. Tudo lá, intacto, congelado. Meu coração está pouco se lixando para seleções pseudo-hexas, CPIs que já nem sei o nome, contratos temporários x funcionária vitalícia. Meu coração pára onde não existe jornal.
E fica por lá. Paradinho.