Wednesday, January 17, 2007

Banheiros de Paris


Vaso com lugar para pesinhos de um banheiro parisiense.
Pra quem quer fazer cocô de cócoras

'You're still doing things that i gave up years ago'

Lou Reed me dá tesão. Transformer é o disco mais afrodisíaco já lançado, com todos aqueles pianos e a voz rouquinha e meio sussurada (mesmo quando ele grita; é possível isso?) do Lou. Ele sim, ele pode falar de baixeza e do submundo, ele entendeu o que é isso, casou com um travesti e fez uma música em homenagem à heroína. É difícil tentar ser moderno depois do surgimento de Lou. Todos esses modernos wanna be que eu vejo por aí deveriam ficar envergonhados, porque ninguém, jamais, conseguiu ser como ele, Mr. Reed.

E de todas as músicas que eu ouço dele, o verso que mais cutuca a ferida é esse aí do título do texto. Ele, que já sabia que era moderno mesmo sem nunca ninguém ter dito, avisou pra quem tentasse copiar: você tá indo quando eu já estou voltando. Sacou? Dá vontade de fazer uma camiseta e sair por aí andando e cumprimentando gente que, meu deus, se prendeu a uma década. Lou é foda.

A culpa do renascimento da minha paixão por Lou Reed aconteceu quando eu comprei um MP3 player lindinho. Me rendi à tecnologia, apesar de ser uma menina do século dezenove. Eu baixei Transformer e fui suar barras de chocolate na esteira da academia ouvindo a voz de veludo do meu mais novo antigo muso, e aí percebi que, caramba, não existe mais nada depois de Satelitte of Love, ou Perfect Day. Não existe nada, quem faz música deveria parar de escrever, todo mundo já pra dentro de casa pra colocar o disco no repeat, até cansar as orelhas, até acabar a bateria do seu radinho. Todo mundo, agora, tirando a roupa e fazendo uma suruba em nome de Lou. Ele sim sabe o que é sexo.

Wednesday, January 10, 2007

Xixi d'orange

Em Paris a gente faz xixi laranja. Sei lá se é porque você tem apenas sete dias e uma lista infinita de visitas a prédios mais velhos que o seu país, ou se é porque está tão frio que vc não pensa em beber nada a não ser um ou outro chocolate quente, ou então se é porque você come muito queijo fedorentamente delicioso. Sei lá, mas o xixi em Paris é forte, nada desse mijo girlie que se vê por aqui, o negócio lá é intenso.

Essa foi a segunda coisa que percebi sobre a cidade.
A primeira foi: é verdade, eles usam chuveirinho de mão aqui; se bem que dá pra fixar na parede, de modo que fique exatamente como o chuveiro do resto do mundo.

Tirando a fixação por banheiro (eu poderia falar do vaso em que o sujeito fica de cócoras, mas deixo isso para outra ocasião), o momento em que caiu a ficha de que eu estava, de verdade, em Paris, foi quando o Sena surgiu. Toda viagem eu tenho o momento de cair a ficha: em NY foi o Times Square (óbvio), e em Paris foi o Sena e todas aquelas pontes, cada uma a seu estilo.

Ok, eu confesso: nasci pra ser francesa. Primeiro porque ADORO queijos - quanto mais fedorento, mais eu gosto - e poderia viver a vida comendo queijos de sobremesa, como eles fazem. Segundo porque eu tenho uma tendência a tomar vinho em qualquer ocasião, a qualquer hora. Vinho tinto, apenas, que eu não tenho paciência pra sofisticação muito sutil de um vinho branco. Vamos logo deixar essa língua roxa e o dente preto, ne, gente. E depois, no fim de tudo, eu adoro me vestir de cebola, com camadas e camadas de roupa, e não ligo a mínima pro frio.
Resumindo: Je m'apelle Brruná.

2007 começou em uma festa de brasileiros em um apartamento francês. Uma festa para adolescentes de trinta anos (será que isso nunca acaba? Será que eu nunca vou deixar de gostar das mesmas coisas que me faziam sair de casa aos dezessete?). A dona da casa, uma das poucas francesas do recinto, ignorava o seu piso de tábua corrida sendo manchado de cerveja. É 2007, o outro ano ficou pra trás, e agora todo mundo vai ser muito feliz.

Adoro reveillons. principalmente quando os anos começam em Paris.