Friday, January 13, 2006

Gelo

Queria congelar esse momento. Esse instante exato em que tudo parece perfeito: os livros, a música, a temperatura e a pressão; uma cama que não é a minha em um quarto que não é o meu e que, mesmo assim, faz com que eu me sinta confortavelmente em casa. Queria poder parar o tempo, mas sei que se tivesse essa habilidade, logo logo me encheria, bocejaria de tédio, procuraria outro interesse. O problema não é eternizar o momento, eu acho, é manter a sensação.

Sou viciada em pequenos acontecimentos, em novidades de cinco em cinco minutos, em pequenas polêmicas internas. Já quis, é verdade, tentar viver com a menor das necessidades do mundo. Mas sou gananciosa por informação, frenética e neurótica, uma pessoa que tem uma idéia muito controversa de paz.

Se eu pudesse eternizar a sensação, faria o seguinte: iria até ele, sentaria em seu colo e falaria que ele foi uma grata, uma bela surpresa. Mas não faço nada disso porque sei que não posso controlar nem o tempo, nem os sentidos, e que os meus sentimentos são sempre os primeiros a se dispersar. Então me mantenho calada.

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