Monday, September 25, 2006

Coisas que andei pensando enquanto não tinha mais o que fazer

É legal tirar férias; acho que ninguém discorda disso. Mas o que não é nem um pouco legal é ficar de pernas pro ar, sem mais o que fazer, enquanto seu namorado, seus amigos e toda a sua família trabalham como pessoas normais. Estas férias foram esclarecedoras, porque eu sempre achei que daria uma ótima mulher de milionário, que redecoraria a casa de quinze em quinze dias e faria cursos de aquarela no parque Lage, mas de repente eu descobri que não, que não iria agüentar um milésimo dessa vida, e que eu reclamo mas o que eu gosto mesmo é de trabalhar dez horas por dia. Sendo assim, concluo: bom mesmo é trabalhar porque se gosta, e não porque é preciso - tipo aquelas pessoas que ganham na Mega sena e continuam sua vidinha normal. Aliás, existem pessoas assim?

Mas a questão toda do saco cheio dos dias vazios veio depois. Na minha primeira semana em casa eu praticamente fiz uma tabela no Excel para coordenar todas as minhas atividades. Visiteis bebês que acabaram de nascer, almocei com a minha avó que mora longe, me despedi de uma prima que vai sair do Brasil, protagonizei inúmeras girls nights - com o aval do Ninja, que é a favor de casais com eventos independentes aqui e ali - e comecei a ler um livro muito bom, um mal escrito e um clássico difícil.

Ah, sim, e decidi que não vou votar. Comuniquei aos meus amigos mais intímos a minha intenção de me abster do "direito" de escolha a um presidente, e fui recebida com um bombardeio de emails contrários à minha manifestação. É que os meus amigos são pessoas tão melhores e elevadas espiritualmente que eu que chegam a pensar em não usar a carteirinha de estudante falsificada para comprar ingressos para o Tim Festival. Eu, obviamente, nem cogito tal possibilidade.

E agora surgiu o Festival do Rio. Quando eu era uma interessada universitária, seguia os filmes favoritos, me acabava na fila do ingresso e assistia sessões improváveis que tanto poderiam ser geniais quanto furadíssimas. Depois que virei adulta, tive que deixar essa vida de lado porque nunca que eu conseguia conciliar minha vontade de ir ao cinema com os horários absurdos da minha profissão. Nesse ano, não. Comprei logo um monte de ingressos, e vou assistir a todos os medalhões. Outro dia mesmo foi a vez do novo do Wim Wenders. Uma merda, aliás. Ouvi o amigo ao meu lado dizer que ele está ficando gagá. Ou então somos nós mesmos que andamos cada vez mais impacientes.