Da última vez que fui na casa da Clarissa, ela exibia uma barriguinha de uns cinco meses de gravidez, que contrastava bastante com seu corpo magérrimo de professora de pilates. Enquanto Guilherme, o filho da Bia, tocava de cinco em cinco minutos o boneco do Darth Vader que decorava o futuro quarto do bebê, eu e as outras não-mães da casa nos empanturrávamos de pizza e coca-cola. E vinho branco. E pão de queijo.
A Clarissa, a Bia e todas as outras pessoas que estavam no apartamento da Barra da Tijuca naquela noite, são amigas de colégio que o tempo insistiu em não separar. Ao contrário: depois de velha fiquei mais próxima a elas do que quando era estudante e andava preocupada demais em passar as madrugadas de sábado na Dr. Smith - programa que mais ninguém ali gostava de fazer - com execeção da Cris, que de vez em quando se aventurava pelos caminhos underground.
O fato é que a Clarissa daqui a pouquíssimo vai ter um filho e vai entrar pro hall das mães do grupo. Esse subclube vem ganhando mais e mais adeptas, a cada ano que passa, apesar do ritmo lento. Parece que é mesmo um caminho sem volta.
Eu gosto de ver as amigas finalmente se tornando adultas. Eu gosto de acompanhar as ultras, ver as roupinhas de bebê e comprar presentes pro futuro rebento. Afinal de contas, meus hormônios também estão aí. Que atire a primeira pedra a mulher que nunca sentiu o peso da necessidade da procriação ao se deparar com um bebê fofíssimo pela frente.
Meu pequeno grupo de amigas se encontra de vez em quando, através de combinações por grupos de emails. Se não fossem os emails, não sei o que seria da minha vida social. Somos todas mega atarefadas, trabalhando muito e ganhando menos do que gostaríamos, cuidando da casa aos trancos e barrancos, bebendo um pouquinho mais no fim de semana, tendo que administrar amigos, namorados, ficantes e pais em um espaço de 48 horas, se jogando na academia na segunda-feira pra compensar o descompensamento do sábado e do domingo.
Tenho certeza de que o Yahoo pensou na gente quando inventou os egroups.
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