Wednesday, August 01, 2007

Friozinho em Búzios

Se você é uma pessoa normal, você não leva em consideração um convite para um balneário em plena frente fria. Principalmente se esse convite surge na madrugada de quinta para sexta. E, mais principalmente ainda se você está sem carro no fim de semana.

Só que eu não sou normal.

Chutei o balde do trabalho às 3h da tarde e, armada de uma mochilinha de quinta categoria, rumei para aquele local aprazível do Rio de Janeiro chamado Rodoviária Novo Rio. Foram três horas de viagem de ônibus do meu trabalho até a rodô, mais um tempão na fila da passagem, até que, finalmente, tive o bilhetinho nas mãos: RJ - Cabo Frio às 19h.

Quase perco o ônibus de bobeira, porque fiquei dando pinta na deliciosa rodoviária: fumando um cigarrinho, comendo um chocolatezinho, apagando as mensagens do meu celular... Quando me dei conta, lá vai o MEU ônibus manobrando pela plataforma. Desesperei. Depois de tanto esforço, só me faltava perder o buzão! Pedi encarecidamente e aos berros que um funcionário me ajudasse. Não só ele se recusou como ficou rindo da minha cara. Não me dei por vencida e saí correndo no meio da plataforma, a mochila de quinta sacolejando nas costas, os cabelos completamente despenteados. Mas cheguei a tempo. O motorista - muuito mais simpático que o outro cara - abriu imediatamente a porta pra mim. Entrei no ônibus e lá estava a minha poltrona, único lugar vazio no meio de tantas cabecinhas e olhares curiosos em cima de mim.
E então começou a viagem.

Búzios é Búzios mesmo com chuva, não é mesmo, minha gente? Mas o que se faz na Armação em dia de tempestade é... beber.
Sábado fomos para a Rua das Pedras e compramos fogos em uma barraquinha de feira e duas garrafas de saquê. Depois de terminado o saquê, eles passaram para o chope e eu para a vodca + coca-cola. E, então, decidimos que era hora de soltar os fogos.

Resumidamente, não foi uma boa idéia. Secretamente eu pensava no meu pai, e em como ele sempre me censurou nas festas juninas, liberando que eu brincasse com fogos se fossem aquelas estrelinhas de bolo de aniversário - e olhe lá. Bombinha ele já pirava. Imagina então se ele descobrisse que, na era balzaquiana, eu me metia no meio de rojões e derivados.

Não posso negar, no entanto, de que foi engraçado.

Em menos de meia hora já conhecíamos todos os garçons do bar (inclusive, porque quase colocamos fogo no Conversa Fiada graças ao show pirotécnico), e nem percebemos que o ambiente foi enchendo, enchendo, até que a nossa mesa era, com toda certeza, a mais
barulhenta. Alguém falou em ir embora e nós fomos, sem perceber que a chuva tinha apertado.

Nem deu trabalho, a chuva. Eu e a Lina, há muito tempo libertas dos grilhões sociais, dançamos na rua para espantar os maus espíritos. (Na verdade a gente tentou entrar em um show de blues, mas fomos barrados. Daí gritamos: não precisamos disso! E fomos pagar um puta mico no meio da Rua das Pedras). E ainda ligamos para amigos que estavam no Rio, e pegamos endereços de emails para onde nunca enviaremos mensagens, e voltamos de carro pra casa tirando fotos malucas.

Depois disso tudo, me responde você: vale ou não a pena passar um friozinho em Búzios?
Eu e Brigite adoramos.

2 comments:

Anonymous said...

Excelente seu blog. Você escreve muito bem. Fiquei por aqui a tarde quase toda, curiando antiguidades e novidades de sua vida, mesmo sendo uma completa desconhecida.
Voltarei! ;) Fique bem. Beijos.

Unknown said...

:)
Tks!