Thursday, August 30, 2007

E agora?

No fim de semana passado, terminei o livro "Extremamente..." Na verdade, não sosseguei enquanto não finalizei a história, e fiquei até altas horas da sexta à noite me deliciando com a prosa daquele cara que tem a minha idade e já escreveu dois livros geniais. Desisti de sair e encontrar amigos pra ficar cara a cara com Oskar e todos aqueles pensamentos absurdamente sensíveis e tristes. Obviamente, também fiquei sensível e triste enquanto acompanhava a vidinha do moleque novaiorquino - basta reler os últimos textos desse blog pra concluir que alguma coisa o livro conseguiu mexer aqui dentro.

Depois de ler a última frase e de acompanhar as últimas fotos, fiquei tomada daquela sensação de dever cumprido. Sabe como é, quando você conclui uma atividade a que se propôs, e fica sentindo aquele gostinho de satisfação. Mas essa sensação durou cerca de cinco minutos, e logo depois se transformou em um grande vazio. Afinal, agora eu não tinha mais com o que beijar a minha alma diariamente.

Costumo dizer para as pessoas que elogiam alguns textos desse blog que eu sou uma fraude. Porque os melhores contos e crônicas e etc saem justamente quando eu estou lendo algo muito bom. É como se a chama-piloto de repente passasse pra carga máxima, e então eu tivesse que colocar pra fora todas as coisas que costumo pensar enquanto leio um livro ou vejo um filme. Mas, uma vez terminada a leitura ou o cinema, volto ao estado inicial de chama-piloto, volto aos relatos fáceis e engraçados e curiosos do cotidiano, que eu escrevo com o pé nas costas, ouvindo música e conversando com outras pessoas. Falar sobre o cotidiano não é nem um pouco complicado pra mim; falar de sentimentos pega mais fundo, sai mais difícil e quase nunca eu gosto de resultado final. Mas também, quando gosto, leio e releio do texto me deliciando com a qualidade. Fico orgulhosa. Não é todo dia que a gente realmente gosta do que produz.

Agora me dedico ao livro do século XIX, um calhamaço de quase 700 páginas que eu estou há meses saboreando. Mas não é alguma coisa. Estou morrendo de saudades do Oskar. E também não é todo dia que sinto falta de alguém que nem existiu de verdade.

1 comment:

LB said...

prova "a sombra do vento", de carlos ruíz zafón.. vale muito a pena!

beijo

p.s. o que é aquela parte que oskar quer um colchão com buraco que dê para enfiar o braço!! esse garoto..