Thursday, August 09, 2007

Extremamente, incrivelmente

Sento à mesa da Argumento a apenas 21 dias do meu aniversário de 30 anos. Uma certa melancolia me acompanhou o dia inteiro - até quando eu comia, ou quando eu bebia café morno do escritório, ou quando eu fumava cigarros que não deveria estar fumando, porque tenho a garganta ruim e uma tosse seca constante. E, geralmente, quando certas melancolias me assolam sem razão, eu busco uma explicação. Deve haver uma explicação.

Descubro vários motivos, mas nenhum deles é o verdadeiro. Se eu acreditasse em infernos astrais, diria que esse pode ser um dos sintomas de hoje. Ou, olhando no calendário, poderia prever uma explosão de detestáveis hormônios femininos. Mas eu não acredito em nenhum tipo de inferno, muito menos os astrais, apesar de ler horóscopos no começo do mês e ficar levemente surpresa quando as previsões batem com alguns aspectos da minha vida. Se é pra acreditar, eu acredito na TPM, e acredito que ela não se manifesta apenas em determinado período do ciclo feminino, mas é mutável, de acordo com as circunstâncias e o grau de cansaço e de trabalho e de gente chata à minha volta.

Mas hoje, nenhuma dessas observações faz sentido.

E logo ontem eu comecei a ler Extremamente Alto, Incrivelmente Perto. Lia um pouquinho e parava para chorar um monte, soluçando que nem criança, gemendo um pouquinho alto demais para o meu gosto. Mais uma vez, fiquei me perguntando: por que esse choro? Dá pra explicar por quê?
Mas a razão não saiu. E hoje eu passei o dia inteiro pensando no livro.

Cheguei à conclusão de que eu gosto do personagem principal. Só pode ser isso. Oskar é um menino de uns dez que é sensível e inteligente e não passa um único segundo sem inventar algum objeto revolucionário e absolutamente sem utilidade. E não dá pra falar mais, porque esse é o tipo de livro que as pessoas devem comprar no escuro e se trancar no quarto para chorar e soluçar um pouquinho mais alto que os padrões aceitáveis. Dica de uma manteiga derretida.

3 comments:

Zander Catta Preta said...

Bruna,

Não sei se o meu depoimento vale a pena, não sei se eu li muito pouco ou me emociono menos ainda, mas esse foi o melhor livro que eu já li na minha vida adulta.

Acho que me marcou tanto quanto A Divina Comédia e A Metamorfose que eu li quando tinha uns 12 e, mais tarde, aos 14, o Fernão Capelo Gaivota.

Muito, mas muito emocionante. Eu soluçava como uma menina de nove anos no ônibus ao ir pro trabalho.

Anonymous said...

Caramba! Depois desses dois depoimentos acho que tenho que ir ali na biblioteca e pegar o danado! O livro é do Jonathan Safran Foer, não é?

Eu ainda não li nada dele, mas fiquei semanas pensando em Everything is illuminated depois de ver o filme. sabe quando mexe em alguma coisa lá no fundo que vc nem sabe muito bem o que é?

LB said...

esse também é um dos livros mais incríveis que eu li na vida.. para ter idéia, eu consegui ler inteiro durante a minha viagem a cuba no fim do ano. e olha que tinha coisa pra caramba pra fazer lá!! desfruta cada página e nunca olhe as fotos com antecedência!!!