Tuesday, October 04, 2005

Namorado

Como de costume, acordei ainda louca de sono, e fiz mentalmente a lista das tarefas que deveria realizar hoje. Funciona como uma espécie de fator de expulsão da cama, já que eu não estava, também como de costume, com a mínima vontade de levantar. Uma coisa é você ser obrigada a acordar porque precisa chegar a certa reunião às 9h da manhã. Outra bem diferente é ter a reunião marcada para as 14h e ter que chegar às 10h só para não ficar muito feio. Em um Universo perfeito, hoje eu sairia de casa às 13h, para chegar ao trabalho a tempo do meu encontro profissional. Mas como nem o meu trabalho, nem eu, nem o universo são perfeitos, foi com muito esforço que me chutei da cama uns vinte minutos depois do despertador começar a tocar. E só consegui me chutar usando a técnica da lista mental de tarefas do dia.

Se de manhã me obrigo a ficar ligada nas ocupações e deveres de um ser quase totalmente responsável, à noite quero, desesperadamente, deixar tudo para trás. Também inventei uma técnica particular para me desvincular de todo o peso de trabalho + pressão + pouco dinheiro, e essa técnica se chama "namorado". Basta eu pensar um pouquinho nele e pronto: em questão de minutos estou pulando as nuvens junto com meus carneirinhos. E só volto a mim na manhã seguinte, quando o despertador toca.

Fora isso, bem, estou entediada. Acordo entediada, chego ao trabalho entediada, converso aparantemente animada - mas no fundo estou transbordando de tédio. Parece que as coisas estão se movendo em câmera lenta, e isso me dá uma impaciência louca. Não tenho tido saco nem comigo mesma. Como se faz para tirar férias de si mesma? Na verdade, pouca gente sabe, mas existe uma maneira de parar de encher o próprio saco. E essa maneira se chama... "namorado".

Só que o meu está longe. Quilômetros de distância. E aí eu sou obrigada a me agüentar até poder voltar ao normal.
Ai, que tédio.

***

Se bem que aconteceu um milagre. Meu peixe não morreu. E eu juro que ele estava seguindo a luz branca na última vez que o vi. Eu juro que ele já estava com um pézinho lá no céu dos peixes. Mas ele voltou a si e ontem, quando me viu, fez festa pedindo comida.
Vai ver não era a hora dele ainda.

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