Friday, June 23, 2006

Otimização do texto

Não sou mais a Carie Bradshawn. Não vejo mais o meu futuro de trinta e muitos anos com roupas de grife bebendo coquetéis caros ao lado de amigas igualmente trintonas. Tampouco me imagino trocando fraldas de bebê, com a blusa suja de golfadas antigas e o cabelo despenteado. Eu bem que quero ter filhos, mas não sei como fazer isso de uma maneira higiênica.
Eu queria ser mãe tipo a Madonna: com cinco babás e corpinho de adolescente. E ficar com a prole nas horas em que não existe cocô mole.

O estranho é que quanto mais o penso no que quero, mais eu fico confusa. Quando se coloca o peso de 'para o resto da vida', minhas filosofias vão ficando molengas até virarem água, como se tivessem passado do tempo de preparo. Nunca fiz tatuagem por um medo louco de enjoar do desenho em três tempos. Então acho que essas decisões importantes a gente vai deixando acontecer, vai esperando o desenrolar e esperando que de repente tudo fique cor de rosa.

Uma vez um tarólogo (na época em que eu ainda gastava dinheiro com isso) me disse que meu destino era morar no exterior, casar por lá, ter filhos com outra cidadania. Oba, eu pensei. É isso mesmo o que eu quero. Mas daí entra ano e sai ano e nada de morar fora, nenhuma oportunidade imperdível, nenhuma chance memorável. Começo a desconfiar de que o cara errou comigo.

Mas se tem uma coisa que eu aprendi com o tarô foi a maneira de fazer uma pergunta. Quando você encara as cartinhas mágicas, não pode nunca levantar a questão de maneira negativa. Por exemplo: não dá pra falar 'vou continuar desempregada?' Tem que perguntar assim: 'vou arrumar um emprego?'. A resposta deve estar na pergunta, entende?
Adotei a técnica na vidinha e até que dá certo, sabia. Engraçado como mudar ligeiramente o foco traz outro resultado. Deve ser por isso que meus amigos que consideram otimista.

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