Monday, February 13, 2006

Prazeres terceiro-mundistas

Em fevereiro, brinco o jogo do contente repetindo mentalmente o mantra: “Poderia ser pior; eu poderia estar em Salvador”. Mas se eu tivesse nascido na Bahia, provavelmente teria arrumado uma maneira de fugir de mais uma unanimidade brasileira: o carnaval.

Odeio. E não é que eu seja doente do pé, porque de um bom samba eu gosto muito. Até na quadra da Mangueira eu já fui, arrastada por um amigo que me convenceu de que o Palácio do Samba era imperdível, e o que era para ser uma noite antropológica acabou se transformando em muita diversão. Mas o meu amigo, que me conhece de outros carnavais (com o perdão do trocadilho), me levou pra sambar em novembro, quando a quadra ainda não está lotada e a temperatura não se encontra absurdamente alta.

Tem gente que acha que desse jeito não tem graça. Que carnaval tem que ser um monte de cerveja quente, e homens suados sem camisa, e sprays de espuma fedorenta. Pois é disso que eu não tenho paciência, e parece que é exatamente neste, digamos assim, exotismo, que os gringos se amarram.

Pra começar, gringo que é gringo gosta da Lapa. Claro que sim. Tem coisa mais terceiro-mundista que um bairro sujo, pobre, fedorenta, com barraquinhas de comidas esquisitas e cervejas gelada e barata? No carnaval, dá no mesmo. Uma porção de nativos dançando freneticamente em microvestimentas. Todos muito felizes, saltitantes.

Eu explico por que vim falar mal de carnaval, assim, do nada. É que durante este sábado fiquei ilhada no apartamento do meu namorado, por conta de um bloco fora de época que passava na porta do prédio dele.

Ainda bem que lá dentro tinha ar condicionado e muito Hershey’s de Io Io Cream. Taí o tipo de divertimento que eu gosto.

2 comments:

Anonymous said...

A única coisa que eu gostava do carnaval era a quantidade de sexo de papel que era publicada. Isso nos tempos pré Internet, a rede mundial dos computadores, onde se conseguia sacanagem a granel com os donos de bancas de jornal, esses pervertores da juventude cristã.

Depois, com o advento do salário e da jeito balzaquiano blasè de ser, descobri que a grande sacanagem do carnaval é que dura só três dias (no Rio).

Eita feriado bom para ir para a serra...

Unknown said...

É verdade! Um ótimo carnaval que eu passei foi escondida em um sítio. Eu devia repetir isso todos os anos!