Saturday, November 12, 2005

Viagem parte III - Recife

Eu ando tipo apaixonada por Recife. Completamente in love. A cidade tem um clima de Rio de Janeiro mas, ao mesmo tempo, esconde nas entranhas anos e anos de história. E a gente sente isso quando anda pelos becos e quando visita o centro antigo das igrejas caindo aos pedaços e ruas cheirando a esgoto.

Recife se autointitula "Veneza brasileira", porque é cortada por dois rios, etc e tal. Nunca fui a Veneza, mas imagino que deve haver uma grande licença poética na comparação. O que eu posso afirmar é que a capital de Pernambuco é de verdade o lugar dos homens caranguejos, como dizia Chico Science, porque o mangue faz parte da cidade tanto quanto as igrejas centenárias.

Eu me apaixonei por Recife porque tudo aqui é absolutamente mergulhado em cultura, popular ou erudita, para pobres e ricos. Veja bem: hoje é sábado e na cidade se apresenta a ópera Carmem, o grupo Cordel do Fogo Encantado e o Pastoril do Velho Maroto, para citar apenas esses poucos. Milhões de micro acontecimentos pipocam ao mesmo tempo, em cantos por onde já passaram índios, negros, portugueses e holandeses, de forma que o povo daqui tem uma aparência muito característica.

E como os pernambucanos gostam de assuntar. Quem é do tipo que prefere ficar sozinho olhando o mar e fumando um cigarrinho não deve se assustar. Porque aqui, se você está de bobeira, vem logo um puxar assunto. E o assunto não termina nunca mais. E vira um caso depois do outro, e quase todo mundo já morou no Rio (ok, agora é a minha vez da licença poética...), e a conversa rola pra sempre, a menos que um dos interlocutores tenha que trabalhar. E essa parte, invariavelmente, é minha.

Ah, sim, e tem os tubarões. Ao longo do calçadão da praia de Boa Viagem - tipo Ipanema, sabe? - ficam expostas placas com o desenho de um tubarão e os dizeres: Cuidado. Área sujeita a ataques. Proibido surfar.
E eu, como boa turista, fui fotografada com uma dessas placas fazendo fundo, por uma senhora que tomava sol no banco do calçadão. E que puxou papo comigo.

1 comment:

PAF said...

Bruna,
Eu como recifense posso lhe dizer que, realmente, de Veneza o Recife não tem nada. Em termos de atrativos turísticos, a cidade do Recife leva desvantagem em relação à outras capitais nordestinas, como Salvador e Fortaleza.
Mas o atrativo de Recife, como você frisou bem, não são as igrejas despedaçadas nem as ruas imundas do bairro de Santo Antônio. É a sua cultura. Não existe cidade no Brasil que tenha a diversidade cultural recifense.
Passando-se um pouco mais de tempo, descobre-se os recantos do Recife que realmente encantam. Nada de muito especial. Talvez tenha que ser realmente recifense para se curtir a Ponte do Limoeiro, os casarios de Apipucos ou o cais do Cabibaribe em frente ao Parque da Jaqueira.
Um abraço.