Monday, January 10, 2011

Show da Amy Winehouse x 3

Amy Winehouse toca hoje e amanhã no Rio, no HSBC Arena, bem ao lado do meu trabalho. E eu não vou. Acabo de chegar de uma viagem mega cara, to individada até a alma, e optei por não me complicar ainda mais. Mas doi um pouquinho no coração, até porque eu não sei até quando ela vai estar viva pra voltar aqui em outra época. Mas, tudo bem, eu sobrevivo ao trauma. O lance é que todo mundo, em um raio de 50 quilômetros, só fala sobre isso. E aí eu percebi que só eu deixo de ir a um show porque to dura. Tem uma grande parte da galera que dá um jeitinho.

Por exemplo: tenho um casal de amigos de uns 40 anos que vão ao show. Ela é doutoranda, mas ele já fez doutorado. Ela tem carteirinha de estudante, e fez uma hackeada pra ele. Quando comentei que não ia ao show por causa de grana, eles me ofereceram fazer uma carteirinha de estudante. Eu fiquei super sem graça e não topei. Faz tempo que não uso carteirinha falsa, anos mesmo, e sou totalmente contra essa festa da meia entrada. Acho, inclusive, que carteirinha tinha que ser só pra estudante de graduação. Mas obviamente não ia polemizar sobre isso com os meus amigos, porque essa decisão de não pagar meia é muito minha, e nada tem a ver com o resto do mundo.

Daí no mesmo dia, mais tarde, eu li no twitter do Tom Leão que ele só não paga o ingresso de um show quando vai cobrir ou quando é convidado. E que ele não ia cobrir o show da Amy, então ele teria que comprar, ou não iria, não lembro bem o desfecho. O lance é que aquilo me surpreendeu, porque se tem um cara que eu achava que não pagava pra nada, era ele. Primeiro porque ele escreve sobre música no Globo há anos, e aqui no Rio ele é um dos jornalistas musicais mais importantes. Segundo porque já é hábito dos jornalistas ligar pedindo um convitinho. Juro, todo mundo faz isso. Menos, é claro, eu. Não que eu seja melhor que ninguém. É porque fico com vergonha mesmo. Mas não se engane, porque se outra pessoa pede um convite e me oferece, eu aceito de bom grado. Ou seja: eu não faço o serviço sujo, mas mando fazer.

Essa história do Tom Leão me lembrou uma situação que presenciei no trabalho outro dia. Um repórter bem jovem do programa onde estou trabalhando temporariamente ligou pra assessora do HSBC pra pedir um ingresso. Isso me chamou atenção porque ele fez isso com tanta naturalidade, que eu fiquei me achando uma idiota por não fazer o mesmo. Será que é mesmo mal pedir pra entrar de graça? As assessorias já têm uma cota pros jornalistas - aliás, é assim que elas trocam favores com repórteres, produtores de reportagem, etc. Eles fazem um favorzinho de lá e a gente faz um favorzinho aqui. Mas é tudo muito... esquisito, não? Ou eu estou sendo puritana demais?

Não sei, mas o fato é que eu não vou ao show, e isso está ficando recorrente demais, essa coisa de perder eventos. Deve fazer parte da vida de casada. Mas, também, é tudo uma questão de prioridade. Troquei meu ingresso da Amy Winehouse por algumas taças de vinho em Paris. Por enquanto eu acho que estou ganhando na troca. Quando eu achar que to perdendo, eu mudo o jogo - mas pagando inteira.

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