Thursday, July 14, 2011

Meia noite em Paris

Sou do tipo fã boboca do Woody Allen: tudo que ele faz, eu nem i e já acho genial, e na verdade não chego a me decepcionar nem com os filmes que todo mundo decepciona. Eu sou fã, e fã é sempre um bobo. Só que esse último filme fez WA virar unanimidade de novo.

Todo mundo viu antes de mim, é claro, e todo mundo disse que é incrível. Eu estava louca pra assistir porque passei o fim do ano em Paris e percebi a mágica da cidade (era a minha segunda visita, mas talvez eu tenha sentido os efeitos parisienses mais fortes dessa vez), até que alguém me avisou: a Paris do filme é uma cidade diferente de todas as outras.

Pra quem não viu o filme fica difícil de falar sem estragar a surpresa, mas eu fiquei muito tempo pensando sobre a nossa inserção nos dias atuais: o que achamos da época que vivemos, como nos relacionamos com o presente e com o passado.

Quando eu tinha 15 anos, tudo o que mais queria na vida era ter nascido em 1969. Eu me vestia, ouvia as músicas, devorava os livros daquela época. Chegava ao meu colégio mega burguês de subúrbio vestindo longas saias indianas, como uma hippie. Mas me sentia muito sozinha ao encontrar meninas que se vestiam igual ao mim, porque reparava que elas (aparentemente) só tinham em comum comigo as saias indianas. Elas ouviam Geraldo Azevedo (ui!) e liam Sem Tesão Não há Solução, ou She e He, o que me dava um certo medo.

Só que um ano depois tudo isso já tinha mudado: eu estava totalmente inserida no final dos anos 90.

Essa historinha só serve pra ilustrar um pouco do que o filme fala, de que nunca estamos satisfeitos com a época que vivemos, e estamos sempre achando que décadas passadas foram as melhores épocas da História. A gente sempre vai achar isso, porque todo mundo tende a romantizar o que passou; o passado é realmente perfeito, e até o que foi dor a gente vê como aprendizado, já reparou?

Mas, sinceramente, depois que passei da fase 1969, eu parei com essa mania de querer viver em outra época. Na verdade, eu tenho uma super admiração pela geração mais nova que eu: o pessoal que tem vinte e poucos, e que tem um acesso irrestrito a todo tipo de informação e aprendizagem. E esse povo sabe usar direitinho essas ferramentas! Eu acho a geração que tem dez anos a menos que eu muito mais interessante do que a que tem dez anos a mais.
Uma pena que ninguém nunca tenha me ensinado o caminho à Terra do Nunca...

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