Friday, July 22, 2011

Home Alone

Estou acostuamada com casa cheia. Cresci com duas irmãs, meu pai e minha madrasta e, agora que já sou grandinha e tenho a minha própria família, moro com meu marido e meus dois enteados. Isso quer dizer o seguinte: nunca o apartamento está vazio. Nunca. O que deixa as minhas chegadas em casa depois do trabalho bem animadas. Sempre a luz da sala está ligada, e o meu enteado mais novo me recebe com um milhão de novidades que ele quer contar naquele momento. Enquanto eu sigo pelo corredo em direção ao quarto ele vem atrás com suas histórias; eu largo a bolsa em cima da cama e dou um beijinho no meu marido, entro no banheiro pra lavar as mãos (meu enteado fica na porta ainda contando coisas) e sigo pra cozinha pra comer alguma besteira. Durante todo o percurso, o ar se enche com as palavras do meu enteado, da televisão ligada no meu quarto e do meu marido falando ao telefone. É uma sinfonia muito familiar e muito aconchegante, que faz com que eu desligue completamente do mundo lá fora e me dedique à vida dentro de casa.

Tem vezes que eu sou recebida com uma taça de vinho e uma fatia de camembert. Ou com uma dessas bebidas Ice de vodca, que eu mando ver de barriga vazia, e em menos de uma garrafa já sinto aquela dormência deliciosa que é ficar de pileque em casa. Passei a beber muito mais depois que casei, essa é a verdade. Mas descobri que nasci pra viver a dois. Ou a três e a quatro.

Mas ontem eu cheguei em casa e a luz da sala estava apagada. O silêncio era meio opressor, e eu tratei logo de ligar a TV da sala pra fazer algum ruído. Ouvi de uma amiga no trabalho que eu deveria aproveitar enquanto estava sozinha , e foi o que fiz: praticamente terminei de ler meu livro do momento, liguei o Skype esperando ligações de longe que nunca vieram, assisti ao programa onde eu trabalho. Mas nada disso me deu uma super satisfação, e eu fui dormir entre a entediada e a saudosa de todos os meus barulhos diários. A gente só aprende o que é silêncio depois que se casa.

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