Tuesday, October 30, 2007

State of Emergency

Hoje eu estava lendo o blog da Kamille quando me deparei com esse texto maravilhoso sobre o show da Bjork. E fiquei com vontade de escrever sobre música e sobre como a minha vida é toda baseada em sons, e até o meu tempo é dividido por canções: com essa eu vou arrumar a cama, com essa eu vou preparar o meu sanduíche/jantar e com essa eu vou ficar lendo, deitada na cama.

(Agora estou ouvindo She's leaving home, dos Beatles.)

Eu fui no show da Bjork. Numa puta má vontade, é verdade, mas fui. Já vi a cantora outras duas vezes - minha estréia no FreeJazz, inclusive, foi na apresentação dela, em longínquos 1996, quando eu ainda era jovem. Dessa vez eu achei que o show não ia ser nada demais, porque nem gostei tanto assim do disco Volta, e comprei só porque uma amiga estava na fila e se ofereceu pra comprar pra mim.

(Agora estou ouvindo The warning, do Nine Inch Nails.)

Ainda bem que eu fui, ainda bem. Acho que não existe situação mais específica em que eu sinto a alma satisfeita que depois de assistir a um bom show. Exceto, talvez, algumas vezes em que leio uma certa passagem realmente incrível de um livro (acontecia toda hora com Incrivelmente Perto...), mas aí a história toda é muito solitária, muito você e o papel, sabe? Em um show a coisa é diferente, é como se fosse uma satisfação coletiva, com todas aquelas pessoas fazendo coro e gritando de prazer, literalmente.

(Ouvindo Glória, do Tom Zé.)

No caso da Bjork, as músicas foram repletas de lembranças de casos passados, de eventos e de historinhas inesquecíveis dos meus twenty somethings. Saudosista até o último fio de cabelo, eu cantava o refrão de Joga, o tal do state of emergency, how beautiful to be, versos que sempre entendi muito bem e sempre achei incríveis, e que durante anos figuraram na mensagem de abertura do meu celular tijolão, só pra me lembrar que eu não devo ficar encostada no muro vendo o povo passar - a menos, é claro, que eu esteja saboreando infinitamente esse momento.

(Ever Fallen in Love, do Nouvelle Vague)

Depois do show, o que mais tem pra fazer? Eu estava morrendo de sono e feliz e satisfeita, e havia uma chuva que empurrava todo mundo pra baixo das poucas coberturas do local, e era uma guerra pra conseguir uma cerveja.
Fui pra casa. Quando a coisa ta no auge eu me retiro, que é pra não perder tempo com a decadência.

(Próxima: Essa passou, Chico Buarque)

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