Monday, October 22, 2007

Grupos que vão crescendo

Um dia desses eu estava conversando com um parisiense e ele me revelou a mais estranha mania dos franceses: a de não fazer novos amigos. A declaração se deu em meio a uma conversa sobre como ele chegou ao Rio de Janeiro conhecendo apenas uma menina, e saiu de lá com uma lista de novas amizades. E toda essa conversa aconteceu no apartamento dele em Paris, quando um grupo de brasileiros comemorava o ano novo com uma moqueca de peixe mega improvisada (imagina tentar achar os ingredientes corretos pra fazer uma moqueca em plena Paris! Tem que rolar uma licença poética, né...)

Segundo nosso amigo, os franceses - principalmente os parisienses - conhecem na infância o grupo com quem irão se relacionar o resto da vida. Muito raramente um ou outro membro é adicionado ao grupo original. E os programas de sábado à noite são jantares e noitadinhas básicas, mas nada de grandes festas de aniversário com amigos dos amigos convidados. É uma galera bem restrita, essa de Paris.

A história de David (o parisiense em questão) no Brasil foi a seguinte: ele chegou para trabalhar no Rio de Janeiro com apenas um contato na mão. Esse contato arrumou uma casa pra ele morar em Santa Teresa, onde moravam mais duas pessoas. Os dois roommates deram festas no apartamento do trio e apresentaram David para outros amigos. David arrumou uma namorada brasileira e se apaixonou por mais uma dezena de cariocas - embora continuasse fiel à sua namorada. Meses depois, quando ele já estava de volta à França, foi surpreendido com o email de uma das novas amizades do Rio, avisando que passaria o reveillon em Paris, e que ficaria hospedada na casa dele. Pois é, a nova amizade, no melhor estilo brasileiro de ser, avisou que se hospedaria lá - não esperou por nenhum convite. E foi com mais duas amigas. E recebeu visitas de mais um casal de brasileiros que estava hospedado em um hotel ali perto. E na noite de 31 de setembro, David se viu cercado de uma mesa com pessoas que ele havia conhecido há menos de um ano.

E ele ficou maravilhado. Porque isso não existe lá.

Os meus amigos são exatamente o contrário dos amigos do David. O povo que eu conheço há uns 15 anos gosta de agregar cada vez mais gente - embora, de vez em quando, exista uma certa má vontade em relação a alguns namorados e namoradas dos membros do grupo. Mas acho que isso é normal, né? Em determinadas situações, a preguiça social com os acompanhantes dos amigos é altamente justificável. Mas, de uma maneira geral, o meu grupo não é assim. Aliás, ele cresceu tanto que acabou englobando outros grupos, e tudo virou uma gigantesca bolha da amizade, sabe como é?
Tipo a Bolha Assassina. Só que trabalhando para o bem.

1 comment:

Anonymous said...

Os ingleses tbm sao mais ou menos assim. Eh muito estranho. Nao sei se vc viu Notting Hill, mas se vc vir de novo, presta atencao no grupo de amigos, e repara que alem do habito de ter amigos desde sempre sem nenhum amigo novo, as pessoas dormem na casa dos amigos depois de um jantar ou festa.