Wednesday, November 08, 2006

Inveja da nova geração

Outro dia comprei a Rolling Stone brasileira. Foi mais barata do que eu imaginava (paguei oito e cinquenta, mas esperava que fosse pelo menos uns dez reais; ponto pra eles), e deu vontade de comprar todo mês. É que desde pequena eu tenho essa mania de ler revista sobre música e, aliás, quis ser jornalista para virar repórter musical, tendência que logo passou depois que comecei a faculdade. É que, como pude comprovar, ser jornalista musical requer uma dose de nerdice que estava além das minhas medidas e, portanto, como uma boa profissional que se deixa levar pela correnteza, acabei parando na outra margem do rio: na tv, fazendo programa infantil. Coisas da vida.

Mas então, quando eu tinha uns doze, treze anos, comprava a Bizz todos os meses. Lia a revista de cabo a rabo, até as matérias sobre bandas que eu não conhecia. Muitas vezes ficava chupando dedo, porque não tinha como ouvior sons novos a não ser me aventurando a comprar discos sem saber do que se tratavam. A coisa melhorou um pouco com a chegada da MTV no Brasil, e então eu pude conhecer pelo menos o hit de algumas das bandas faladas na Bizz antes de decidir se comprava ou não o disco dos caras.

Lembro que uma vez respondi a uma pesquisa de opinião da Abril. Eu tinha doze anos e era muito aplicada quando se falava em música. Mas então, preenchi tudinho, e ainda me dei ao trabalho de colocar a pesquisa no correio, para que os caras recebessem as minhas sugestões. E uma das minhas idéias era que a revista deveria vir com uma fita cacete contendo pelo menos uma música das bandas que haviam sido pauta naquela edição.

Tadinha de mim! Minha sugestão nunca foi ouvida - e nem sei se foi lida. E eu continuei morrendo de curiosidade de saber como eram os grupos que recheavam a minha leitura.

Com a Rolling Stone Brasil foi completamente diferente. Havia várias bandas que eu nunca tinha ouvido falar. Mas agora, maravilha, eu tenho a internet! Agora eu posso ler e ouvir e ver quem são aqueles caras. É completamente diferente de ler a Bizz do começo dos anos 90.
Pra compreender uma revista musical, o melhor é engolir os artigos perto de um computador conectado. Rapidinho você passa no Google, ou no You Tube, ou em qualquer página que possa mostrar se aquela é ou não a sua onda. Se eu fosse adolescente agora, seria uma daquelas pessoas que conhecem todas as bandas, aquele tipo de nerdice musical, sabe como é? Eu seria intragável, porém feliz.

É verdade, eu tenho inveja da nova geração. E não só dos adolescentes, que têm muito mais acesso a filmes e bandas e camisetas cool e tintas de cabelo estranhas do que eu tinha aos quinze, dezessseis anos. Eu também morro de inveja das crianças, as de cinco aninhos mesmo, que saem na rua vestidinhas de princesa. Já viu isso? A menina vai no parquinho com a roupa da Cinderela. Eu daria tudo por um vestido da Cinderela, até mesmo hoje em dia!

Quando eu era pequena, tinha uma fantasia mega tosca da Mulher Maravilha. Eu não tirava essa fantasia por nada no mundo, ia pra escola com ela e tudo, e brincava de Super Amigos no recreio. Imagina se eu tivesse um desses vestidos com anáguas e muitas camadas de saias, e tule, e estrelinhas?

Tenho medo de como serão os meus filhos...

3 comments:

Anonymous said...

Bruna, vc conheceu a minha amiga Rafaela? Ela tambem ia todo dia para a escola vestida de mulher maravilha. Sera que eu era a unica crianca que nao fazia isso? Ou eh pre requisito para ser minha amiga?

beijos!

maybe said...

Ahahaha e eu tinha uma fantasia de bailarina super tosca que cheirava a mofo, mas era linda e eu me fantasiava pra brincar no prédio, pode isso? Eu nem sei se tenho tanta inveja dessa geração, afinal de contas ainda não somos tão velhas pra pesquisar novas bandas e tal, eu tenho feito isso direto... bem nerd mesmo. Beijos!

EMILY said...

Eu ODEIO ler, principalmente blogs.
Mas esse aqui pra mim é uma excessão.

Mas sobre o assunto,
Eu que tenho um pouco de inveja de você!

Hoje em dia tem sim muitos recursos,
mas as idéias não são as mesmas.

Os adolescentes estão cada vez piores!

Seguem modinha e ouvem som comercial.

Às vezes penso: "Ahhh se eu pudesse ter nascido em 1970!"

Mas como isso não tem como,
eu vivo essa merda de 2000 ouvindo clássicos setentistas e oitentistas.

E essa nova geração?!
Tenho muito contatos com a mesma,
Me acham cafona, antes ser cafona que virar um andrógeno!

Enfim, o que eu quiz dizer mesmo é que nunca é tarde pra fazer o que tem vontade.