Tuesday, November 21, 2006

A diferença

Já disse e repeti que sentar na mesma cadeira durante anos e anos me incomoda. E que eu estou, inadmissivelmente, absolutamente cercada de pessoas assim, que há muito desistiram de realizar sonhos e de alcançar outros patamares de existência. Desistiram, apenas, porque se contentaram com salário e décimo terceiro e férias de trinta dias. Tão triste que me faz rezar todos os dias pra que papai do céu me livre da acomodação. Quero ser uma eterna incomodada! Uma eterna reclamona, cutucando com cara curta o vespeiro mais próximo. Eu rezo pra deus: "por favor, não deixe que eu fique como eles..." e dá quase pra ouvir a voz do deus respondendo: "Só depende de você, guria". Eu ouviria, se acreditasse nele e tivesse certeza de que ele é brasileiro e nasceu no sul. E que me chamaria de guria.

O ano chega ao fim e eu concluo que muito coisa não basta apenas existir, tem que se extrapolar, superar a si mesma. Não basta fazer o seu, tem que mostrar a que veio. Não basta amar alguém, tem que ter afinidade. Não basta, não basta... tem sempre um porém, um motivo além, que faz com que a gente continue pensando em frente. Ainda bem. Se eu acreditasse em deus, ele diria, sem tirar a boca do canudo do chimarrão: "Tolinha, isso tudo é calculado"; e então colocaria mais uma pedra na minha frente pra que eu, bravamente, contornasse e seguisse o meu caminho.

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