Monday, July 26, 2010

Viva a melancolia

Quando eu era uma jovem universitária, era uma pessoa muito ávida por cultura. Lia pra cacete, via filmes em sessões vazias do Estação Botafogo e encarava meus colegas de período com aquele ar blasé fake de quem acha que já viu muito mais do que os outros. Pobre de mim.

Mas toda essa busca por cultura tinha uma razão de ser: a minha melancolia. Ela estava sempre lá. Não sei por quê inventei de ser melancólica (eu não tinha razão pra isso), mas o fato é que lia tanto e via tantos filmes pra conseguir algumas respostas sobre a vida.

Tinha vezes que dava certo. Foi quando assisti "O Sétimo Selo" e simplesmente pirei com o Bergman. Pensei: "Agora estou entendendo tudo!" Mas a real é que eu não estava entendendo nada. Mesmo continuando a ver filmes suecos lentíssimos.

Aí o tempo vai passando e a gente começa a trabalhar muito mais. E tem pouco tempo. E então, quando percebemos, quase não temos ido ao cinema, nem lido nada relevante, nada que nos dê um sentido. Aliás, passamos a não buscar mais esse sentido. Quando nos damos conta, estamos apenas vivendo.

E foi assim que, um dia, eu vi que estava indo pelo caminho errado. O caminho de deixar a correnteza levar, o que pode acabar fazendo com que eu bata nas pedras. Corri pra livraria e gastei uma grana considerável em três livros imprescindíveis. Era o recomeço da busca.

A minha melancolia ainda existe, mas dessa vez eu não a vejo mais como inimiga. É ela que me faz evitar a todo custo a vida no modo piloto automático. É ela que me obriga a gastar dinheiro que não tenho com coisas que vão me fazer bem. A minha melancolia é a minha melhor parte. Ainda bem que eu sempre trago comigo.

1 comment:

Barbara said...

Sobre seu comentario no meu blog: Caito quer acabar com a minha auto estima.