Wednesday, July 28, 2010

Um ídolo não pop

De tantas imagens fortes que a cobertura jornalística mundial já exibiu, a que mais me impressionou foi o Peter Jennings, âncora da ABC, em mangas de camisa e nitidamente exausto, apresentando as últimas notícias sobre os ataques de 11 de setembro. Foi depois da queda das Torres Gêmeas que Peter Jennings não quis mais sair do ar, queria ele mesmo transmitir todas as notícias do início dessa guerra, e chegou a quebrar o record de pessoa que ficou mais tempo no ar na TV.

Peter Jennings já era meu âncora favorito antes. Porque eu acabei desenvolvendo um carinho especial por ele quando, por volta de 20h, eu tinha que ouvir e transcrever o jornal de rede da ABC, nos meus tempos de estagiária de jornalismo em NY. Foi ali que descobri que existe uma forma diferente de apresentar um telejornal. Uma coisa além de Willian Bonner e muito, muito mais próxima que Cid Moreira. O estilo de Jennings de ancorar aquelas notícias era todo pessoal. Por isso que eu gostava dele.

Agora olha só, o cara era ex fumante, e depois dos ataques ao World Trade Center, voltou ao vício. Isso resultou em sua morte por câncer no pulmão, em 2005. De algum modo, eu considero o meu ídolo um mártir do jornalismo. Pelo tanto que ele se envolveu com a história do seu país. Por ele se livrar do paletó e perder a postura rígida dos apresentadores de TV, enquanto passava das 12 horas na bancada do telejornal. E a imagem que eu carrego dele é o rosto cansado na TV, os cotovelos apoiados na bancada como se ele estivesse conversando na minha casa, me contando as últimas informações que recebeu.

Diante de Peter Jennings, somos todos eternas focas.

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