Tuesday, October 06, 2009

Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.

A frase é da Clarice Lispector. Outro dia eu li e fiquei pensando sobre isso. Que a gente é livre pra fazer o que quer, mas na verdade somos prisioneiros de nós mesmos. Eu me senti prisioneira de mim por um longo tempo, até entender que eu era a única responsável por fazer as coisas darem certo. Cada um é seu próprio deus, e tem controle absoluto sobre o que acontece nos seus dias. Parece óbvio, mas na prática é difícil se livrar de padrões. Eu estou lutando pra isso.

Hoje gravei um povo fala sobre traição. E fiquei surpresa de ver o quanto as pessoas estão dispostas a perdoar. Inclusive os homens. Isso porque a grande maioria acredita que a traição é inevitável. Ela faz parte do amor. O perdão não está lá porque as pessoas estão se tornando melhores e mais compreensivas umas com as outras. Ele existe porque a maioria acredita que sem ele o amor se torna impossível. Vai haver traição. E, para o amor poder continuar, deve haver perdão.

Eu nunca estive disposta a perdoar uma traição. Não sou o tipo que pensa que as outras são menos importantes que eu, porque eu sou a oficial. Eu busco a fidelidade porque eu dou fidelidade e lealdade. Quero o mesmo respeito de volta. Eu mereço isso.

Aí entra essa história da liberdade. A liberdade pode ser dolorosa, porque nela existe a possibilidade de abandonar o amor que traiu. Quando não há liberdade, já está tudo resolvido: aceita-se a traição porque não há outro jeito, e aquela ferida fica ali por baixo ferindo sempre, até que a gente acostuma com ela.

Mas eu escolhi ser livre, e escolhi todos os caminhos tortuosos por onde ela me leva. A liberdade dói. Mas eu estou pronta pra essa dor.

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