Wednesday, May 20, 2009

Todo amor que houver nessa vida

Porque nunca mais vou conseguir ouvir Cazuza do mesmo jeito que ouvia antes. Porque você dizia que sua música era Todo Amor que Houver Nesta Vida, e que a minha era Blues da Piedade. E então eu perguntei se você achava que eu era uma dessas pessoas de alma pequena e você disse que não. E depois eu perguntei se você achava que eu queria sempre o que eu não tinha, e você disse que não. Aí eu perguntei por que Blues da Piedade era a minha música, e você respondeu que eu era careta e covarde. Eu achei absurdo, mas no fundo é verdade mesmo, e também é verdade que eu sou de alma pequena e nunca satisfeita com o que tem. Vamos pedir piedade.

Naquele dia a gente deitou no escuro e ficou bebendo e ouvindo Frank Sinatra aos berros, atrapalhando a vizinhança barulhenta de Copacabana. No outro dia a gente saiu caminhando pela praia, tomou um mate com guaraná e nos sentimos as pessoas mais saudáveis do mundo. E num outro dia fizemos guerra de picolé pelo apartamento enorme, e depois brigamos. E fizemos as pazes. E terminamos e voltamos tantas vezes que eu já perdi a conta, mas você não. E pensamos como seriam nossos filhos, e nos odiamos intensamente, e nos xingamos dos piores nomes só pra depois a gente chegar à conclusão de que fomos feitos um para o outro.

Nunca tentei tanto ficar com alguém. Nunca me esforcei tanto pra dar certo. Nunca conheci um amor como esse. E nunca mais vou conhecer.

3 comments:

Anonymous said...

"E nunca mais vou conhecer."... amores vem e vaõ, Bruna.. cada um a sua maneira, nem melhor, nem pior... nunca diga nunca...

radal - maranhao said...

simplesmente me apaixonei pelo seu blog

Unknown said...

Poxa, que bom, valeu pelo elogio.
Vou escrever mais, to prometendo isso pra mim há muito tempo... faz falta escrever, e quando aparecem elogios, a vaidade nos leva em frente!