Monday, June 22, 2009

Sing along

Eu sempre gostei de cantar. Mesmo com essa voz rouquinha e avessa à afinação, eu me aventurava na cantoria quando via que não tinha ninguém por perto. Na verdade, eu queria desesperadamente que alguém virasse pra mim e dissesse que eu era ótima no vocal, e que eu deveria formar uma banda e me apresentar pelos palcos da vida. Mas aí ninguém nunca me disse isso, e eu sentia atração e medo dos palcos - embora o medo tenha quase sempre falado mais alto - e nunca realizei o sonho de montar uma banda, e isso deixou um gap na minha formação até hoje. Tanto que, aos 31 anos, eu ainda gosto de cantar.

Como nunca formei uma banda, mas mantive o meu medo/fascínio de cantar em público, acabei sentindo uma atração bizarra por videokês. Ao mesmo tempo que acho brega e incômodo, não consigo ver um microfone sem cantar uma musiquinha da Rita Lee. Porque sempre tem Rita Lee nessas máquinas, e eu ainda me dou ao respeito.

(A propósito, fazem uns bons 4 anos que eu não canto em videokês. A última vez foi em um boteco horroroso de Aparecida do Norte. Eu estava fazendo um documentário sobre a cidade, e ao final do expediente, eu e o câmera decidimos beber uma cerveja pra relaxar. Tinha um boteco ao lado do nosso hotel, com 5 gatos pingados locais e um videokê no canto. Não resisti e coprei a minha ficha, e conquistei o minguado público do boteco cantando "Aquele Abraço". Foi glorioso.)

Depois do episódio do bar de Aparecida do Norte, guardei essa ligação, digamos assim, com o videokê dentro de mim. Até duas semanas atrás, quando descobri o Karaokê Indie.

Os karaokês estão na moda no Rio de Janeiro. Podem ser em lugares trash, tipo o Sal e Pimenta, na Lapa, ou acompanhados de luxuosas bandas, como no projeto Chuveiro, que já deve ter tido umas 5 temporadas. Mas a idéia de fazer um karaokê onde se canta Smiths, Pixies, Garbarge, The Clash e tantas outras milhões de bandas que eu já cantei aos berros em pistas de dança foi sedutora demais pra mim.

Eu estava deprezinha em casa, tinha brigado com o namorado, entediada com a vida, quando minha roomate veio com a proposta: vamos no karaokê hoje? Eu disse que sim, e tive medo do palco quando chegamos lá. Disse que não cantaria dessa primeira vez, e que ia ficar só olhando os corajosos.

Mas acabei encontrando amigas que não via há muito tempo, e que me chamaram pra subir no palco com elas. No final acabei topando, e fizemos uma apresentação memorável de "I think I'm Paranoid". Gostei tanto que subi mais três vezes: uma pra cantar Amy Winehouse, outra pra cantar Nancy Sinatra (These boots are made for walkin'), e uma última que eu não lembro o que eu cantei. Mas aí já eram umas 3h da manhã, então realmente não importava muito qual era o repertório.

O bacana é que o público, formado, em sua maioria, por trintões que se recusam a crescer (como eu), participa ativamente do número cantado no palco. O povo canta junto, aplaude no final, dança na platéia. É a noite mais divertida dos últimos tempos.

E foi a redenção dos meus sonhos adolescentes.

4 comments:

ReinaLuna said...

Oi Bruna!
Que interessante, eu cheguei ao seu blog totalmente por acaso, quando estava buscando informação sobre um remédio que me receitaram hoje e ainda não sei se quero tomar... e aí comecei a ler, e a gostar cada vez mais!
Seu estilo de escrever, as coisas que diz... são muito legais!! Dá vontade de ter alguém assim como você como amiga! =)
Onde é esse karaokê? eu sou aqui do Rio também mas não conheço mais nada, tava morando na Inglaterra até ano passado... voltei e tô por fora, mas também adoro um karaokezinho, hehehe.
Beijinhos!

Unknown said...

Bom, preciso fazer alguns comentários:
1º: Adoro e sempre adorei "ler você";
2º: Nossa, já sabia que nossas vozes são total de "taquara rachada", pois, quando jovenzinhas, (...) cantamos muitas musicas da Marisa Monte, principalmente pelos corredores da sua casa, mas não sabia que você desesperadamente também gostaria que alguém achasse que cantas bem e o medo e fascínio dos palcos, affff, digo mais nada;
3º: Agora que, mais uma vez, sou turista na cidade do Hell de Janeiro, você e sua roommate (... love ya, both! youwere talking about Kamille, right?) terão a obrigação doce e louca de me levar ao karaokê Indie, porque qdo li que isso começou quis imediatamente correr pra lá.
Te amo e adoro. Beijos beijos beijos

Moveis para escritorio Classe a Flex said...

Parabéns pelo seu trabalho.

Unknown said...

Oi, Luna :)
Bom, o karaokê indie rola toda quarta (e acho que agora no domingo tb), na drinkeria maldita de copacabana. Fica ali na aires saldanha, quase esqueina com Miguel Lemos.
Só que ta muito cheio, tem que chegar cedo! Se nao vc nao consegue cantar...
beijos
depois me conta como foi :)