Monday, September 10, 2007

O filme do momento

Outro dia fui fazer compras e ouvi um empacotador comentando com outro: "...agora vai sair a segunda versão pirata, dizem que é diferente da primeira, e que tem a versão proibida também. Lá no Centro eu comprei um DVD e já emprestei pra um camarada..."

Mesmo sem ouvir o nome do filme, eu sabia que eles estavam falando de Tropa de Elite.

Essa foi a terceira ou quarta vez na semana que ouvi alguém comentar sobre a obra não lançada de José Padilha. Até a minha manicure assistiu ao filme, e o meu professor de direção cinematográfica mencionou na aula o caso de pirataria da obra. Esse é o assunto do momento, e vai das classes A a D: do governador do Rio aos empacotadores do Zona Sul.

Depois de prestar atenção na conversa dos meninos do mercado, resolvi que era hora de saber que negócio é esse que todo mundo está falando. Procurei no Youtube um trecho do filme e, pra minha surpresa, encontrei a tal cena de invasão do morro, em que o policial pega um estudante pra cristo e põe a culpa da situação em que vivemos em "maconheiros como ele".

Eu fiquei impressionada, achei a seqüência bem feitinha e tal. Mas uma amiga me disse que viu o filme e achou tudo muito lugar comum: as cenas de violência, a truculência dos policiais, o ambiente das bocas de fumo. Só que eu não sei se é tão lugar comum assim, porque eu imagino que invasão de morro seja exatamente daquela maneira. Quer dizer, eu, enquanto classe média alta do asfalto, não faço a mínima idéia do que acontece nas favelas com boca de fumo. Não subo morro pra comprar nada, então todas as vezes em que estive em uma favela eu passei bem longe dos cara. Nunca levei uma dura, nunca fui presa, nunca fui a baile funk. Então, pra mim, tudo o que rola na seqüência do filme pode ser o mais puro retrato da realidade.

E isso tudo me deprime horrores. Tenho amigos que plantam maconha em casa porque gostam de fumar um baseado mas não concordam em comprar de traficantes. Além disso, dizem eles, a qualidade da cannabis caseira é muito melhor que a de atacado.
Admiro quem faz isso, mas a grande maioria compra no morro mesmo, ou então consegue com intermediários que são os buchas que vão lidar com os donos da boca. De qualquer forma, a menos que você passe a produzir seu próprio barato, você está diretamente ligado a toda essa merda. É simples e cruel.

Ao mesmo tempo que eu chego a essa conclusão, eu penso em Nova York. Todo mundo fuma maconha em NY. E usa cocaína. E, mesmo assim, não existe esse duplo controle de estado - o oficial e o oficioso. Então é muito fácil colocar toda a culpa no usuário, mas o buraco é muito mais embaixo.

Tropa de Elite vai estrear no Festival BR, que deve ser em outubro. Eu não vou assistir à cópia pirata, vou esperar pra ver no cinema, em tela grande e, de preferência, com ar condiocionado. Mas vou asssitir e comentar com quem puxar esse papo comigo. Acho que esses temas têm mais é que ser debatidos à exaustão mesmo.

Update (copiando Baxt): Depois de escrever o texto, cheguei na casa do meu pai e enocntrei uma cópia pirata do filme. Aí me sentir na obrigação de assistir, né? Já que eu tava ali... Resumindo, o filme é bom mesmo. E eu vou ver no cinema também. Provavelmente não na primeira semana, mas vou ver.
É isso.

1 comment:

Anonymous said...

E sobre os estudantes da Puc? Nao achei exagerado nao. Nao sao todos tao imbecis quanto os do filme, mas que aquele povo existe, ah isso existe mesmo.