Monday, July 18, 2005

Últimos anos dos vinte e poucos

Uma das piores verdades que me bateram nestes últimos tempos de vinte e poucos anos é de que eu não sei mais escrever. Foi algo que desaprendi. Será que isso é muito comum, você ter uma coisa que realmente gosta de fazer, e que faz bem, mas que deliberadamente joga pela janela? Pois foi isso o que eu fiz: joguei meus textos fora.

Outro dia sentei em frente ao computador, angustiada por uma idiotice qualquer, e tentei vomitar palavras na tela, como costumava fazer antes. Não saiu nada. Fiz e refiz inúmeras vezes as três primeiras linhas; relia, achava uma merda e apagava tudo. Esse processo de escreve – apaga – recomeça eu conheço muito bem, não é de forma alguma uma novidade. O que é novo é que, depois de algumas tentativas, eu cansei e fui ver televisão, com o orgulho intelectual (se é que eu tenho algum) ligeiramente ferido. Eu nunca na vida havia optado pela TV antes.

Não sei bem o que isso significa, essa constrangedora troca de telas, mas desconfio de que seja irreversível. Dizem que as coisas mudam quando se chega aos trinta. Será que mudam também quando se está apenas aproximando deles?

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