Thursday, May 12, 2005

Rasa como uma poça

A melhor descrição de certa personagem que freqüenta a noite eletronica carioca foi: "Essa aí é mais rasa que uma poça d'água". Achei a comparção maravilhosa, e imediatamente a adicionei a meu vasto vocabulário. Desde então, usei e reusei a expressão inúmeras vezes, mas nem sempre para falar da mesma pessoa. A noite carioca tem memória muito curta, sabe como é.

A verdade é que estamos o tempo inteiro cercados de pessoas rasas. No trabalho, na noite, em filas de banco onde a gente consegue ouvir a conversa de celular alheia. A humanidade não passa de uma grande poça de enchente, de uma imensa lagoa de São Pedro d'Aldeia, e por mais que a gente caminhe, não conseguimos passar da água nos joelhos. Impossível de se afogar.

Pois é isso o que aconteceu: eu cansei de tentar ser profunda, de tentar em vão enxergar o que está por baixo de tanto glitter e sombra rosa. Decidi ser rasinha, dá licença? Não tem gente que toma drogas só para ter pauta para assuntos noturnos? Não tem gente que sabe de cor todas as roupas e sapatos dos amigos? Não tem gente que identifica os outros pelos carros que eles usam? Então qual é o problema de eu ser superficial?

Bem-vindos ao site que mostra diálogos inventados e nomes fictícios, mas fala de comportamentos reais.

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