Thursday, January 03, 2013

Eu odeio o reveillon. Mentira, eu amo. Mentira, não amo mais. To em transição de sentimentos quanto ao reveillon.

Tenho uma amiga que há treze anos não comemora a passagem de ano. Já foi chamada pra festas incríveis, em lugares maravilhosos, com "gente bonita" e "DJs do momento", e mesmo assim, declinou. Eu achava que ela era doida de perder esses eventos (pros quais eu nunca fui convidada), mas hoje em dia eu entendo essa posição. E estou me preparando pra fazer parte do time que não está nem aí pro reveillon.

A culpa é da Copa. Do mundo. E de Copa. Cabana. E de todos os muitos turistas que fizeram desse o ano novo dos recordes. A culpa também é de São Pedro, ou seja lá quem mande nas questões do clima. Porque o calor também foi recorde, fazendo as bochechas do meu lindo bebê - de pele branca demais pros raios ultravioletas cariocas - ficarem vermelhas de calor.

No fim de semana que antecede a virada, eu não ponho o nariz pra fora de casa. É que moro no bairro mais movimentado do Brasil nesse período, e por isso a ideia de qualquer programa só vai agradar a quem gosta de programa de índio. Aliás, minha amiga que não comemora a passagem mora no mesmo bairro. Será que é por isso que ficamos em desespero?

Há dois anos passei o ano novo em Paris. Tinha uma turma comemorando, mas os franceses mesmo, os poucos franceses autênticos ao meu redor, pareciam bastante entediados. Eu e meu marido conseguimos um lugar no único café que ainda tinha mesas disponíveis no Quartier Latin. Pedimos champagne e esperamos as doze badaladas, pra só então descobrir porque aquele era o único café com vagas na noite. Ali, com certeza, era o lugar mais deprimente do mundo. Na virada do ano, ninguém se olhou. Nem se abraçou. Nem sequer apertou as mãos. Na verdade, teve gente que até bocejou. Um desapego só.

Nessa hora, deu saudade no reveillon de Copacabana. Mas é pra isso que servem os reveillons em Paris: pra gente sentir falta de Copacabana e depois dar um gole num champagne francês e fazer a saudade passar totalmente. E verdade seja dita: o caminho oposto não existe. Não tem champagne brasileiro que cure a nostalgia da Cidade da Luz.

Bem fez a minha amiga, que virou o ano em casa, e no 1o. de janeiro foi passar um dia de rainha na piscina de um hotel cinco estrelas da Avenida Atlântica. Porque, como dizia o ditado: pra bom apreciador, meia piscina na cobertura da Atlântica basta. 

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