Monday, January 07, 2013

Espelho, espelho meu: tem certeza de que essa trintona aí sou eu?

Hoje fiz uma experiência com a babá. Semana passada entrevistei a candidata, negociei salário, combinei de começar na segunda. Ela deve ter a minha idade (ou mais), e me chama de "senhora" e "Dona Bruna". E o pior é que eu deixo.

Não entendi muito bem como aconteceu essa história de ter que cuidar de uma casa. E olha que eu nem cuido muito da minha. Mas acho que a mudança foi inevitável no momento em que passei a morar com dois pré adolescentes, que insistem em achar que eu não tenho a idade deles. Só porque eu já passei dos trinta.

Quando a gente conversa sobre música, por exemplo. Outro dia estava passando na TV um show daquela bosta chamada Linkin' Park, e o meu enteado mais velho estava assistindo e dizendo que gostava. Não consegui segurar a minha língua e acabei falando que aqueles caras eram muito ruins, quase uma boy band travestida de guitarras pesadas. E aí, tive que ouvir de volta: "Você não gosta dessa banda porque as pessoas da sua idade não gostam, só os jovens."

Eu caí na pilha. E comecei uma ladainha sem sentido sobre como eu já conhecia Linkin' Park muito antes dele imaginar que a banda existia, e que ele só gostava porque não conhecia coisa boa de verdade, e yadda yadda yadda - como as pessoas fazem quando perdem a rédea da situação. Foi muito constrangedor, e eu percebi que estava fazendo um papel ridículo, mas não conseguia me safar dele.

É que o meu espelho interno, pessoal e intransferível, congelou a minha imagem aos 28 anos. O tempo pode passar o quanto for, mas eu ainda me vejo, imagino e... ok, ajo, como se ainda estivesse nos twenty something. Eu até admito os trinta, porque trinta é uma idade bem legal, com mais dinheiro no bolso, mais liberdade, mais segurança... Mas trinta e cinco é foda.

E isso é só o começo. Eu tenho um filho de seis meses que aos doze eu vou tentar convencer a ouvir coisa boa, de qualidade, seja Metallica, Air ou Nina Simone. E ele vai falar a mesma coisa que eu ouço hoje em dia "Tudo música de velho". Não importa se é bom, se é mais "moderno" do que várias bandas recém nascidas, ou se os caras das bandas recém nascidas tentam beber e copiar dessas fontes.

Agora senta que lá vem quarenta. Medo.

3 comments:

Sem Transtorno said...

Bruneca, parece que temos mais alguma coisa em comum: tb tenho enteados, um deles adolescente e outras duas no início da casa dos 20. Minha sorte é que eles todos gostam de rock. O azar é que eu tb já passei dos 35 e as vezes ouço "essa banda é do seu tempo". Meu tempo, pra eles, muitas vezes é anos 60, mas tudo bem! rss O lado bom é que essa molecada - pelo menos a aqui de casa - escuta Linkik Park, mas tb curte Metallica, Ramones... A gente costuma jogar Song Pop, conhece? É um joguinho de desafio musical do facebook, e a gente se diverte muito com essa questão das músicas "de velho" e de "novinhos". Eles falam, mas conhecem e gostam da maioria das músicas de velho! rsss

Anonymous said...

Poxa, normal! Ensine eles a não criticarem o gosto das outras pessoas e você também não precisará criticar o Linkin Park deles... O que é bom ou ruim é muito variável pois cada um tem o seu gosto, e escutar uma banda ou outra não define a pessoa que você é! :)

Eu mesma gosto dessa banda, mas também gosto de Metallica. E não estou no grupo dos novinhos, já sou mamãe! rs

Anonymous said...

Eu achei legal vc entrar na onda deles. É bom cultivar um certo nivelamento, é bom poder discutir com fervor, defendendo com pessoas mais jovens o mundo deles e lembrá-los que também é nosso. O duro é ter propriedade sobre conceitos atualizados que envolvem três gerações: vcs, meninos e bebe. Pelo que vejo vc consegue... Bjin