Sunday, February 14, 2010

Sobre a virada dos 30

Fico passada com gente na faixa dos 40 anos que demonstra insegurança adolescente. Eu achava que quando alguém chegasse a essa etapa, a vida já tinha tratado de ensinar algumas coisinhas - e uma delas seria como lidar com a baixa auto estima. Ou como organizar melhor a impulsividade. Ou como não fazer intriga. Então, toda vez que encontro alguém de 40 e poucos que me parece que ainda não aprendeu porra nenhuma do mundo, fico pedindo baixinho pra que eu, pelo menos, não chegue lá da mesma maneira. É a minha meta de vida, mais que ser promovida, ou comprar um apartamento. Que eu não vire uma quarentona adolescente!

Mas como eu disse, as coisas não são exatamente como eu imaginava. Quando tinha 20 e poucos, achava também que aos 30 eu seria uma pessoa completamente diferente. Bem resolvida, mais paciente - mais sábia, digamos assim. Que decepção foi perceber que, na verdade, a minha paciência diminuiu deveras dos 20 e poucos pra cá. Às vezes eu penso que devoluí.

Eu também vejo a falta de paciência nas minhas amigas de trinta e poucos. Talvez isso aconteça justamente porque a gente passa os 20 anos fazendo um monte de merda, e depois, quando chega aos 30, não quer repetir tudo de novo. Quantas vezes já ouvi por aí: "vacilou uma vez, então esquece", como se ninguém fosse inocente por errar uma vez! Sou adepta do sistema das 3 chances: um vacilo, ok; dois vacilos, humm; três vacilos, beijo e não me liga.
Mas as meninas balzacas não estão tão dispostas a deixar pra lá o primeiro erro.

Pode ser que isso aconteça justamente porque a gente se acha mais malandra aos 30, mais vivida, e pronta a reconhecer comportamentos repetidos. O que nos torna umas verdadeiras biches, quando você olha mais de perto. Ou então é o relógio biológico mesmo, que fica gritando enfurecidamente que a gente não tem tempo pra besteira.

A verdade é que a sabedoria não vem de graça com a idade, como eu achava quando era mais nova. Essa coisa de amadurecer dói pra caralho, tem que dar um duro danado, e não é só porque a gente ganha uns pés de galinha e umas celulites que automaticamente passamos a entender melhor os outros. Ou a lidar melhor com os loucos.
Eu acho que o foda mesmo é perceber que nada vem de graça, e que agora é hora de correr atrás do seu próprio aprendizado, e fazer todos os esforços pra isso. Pelo menos eu já saquei como funciona a brincadeira. Agora tá na hora de começar a crescer.

2 comments:

Barbara said...

Eu sou dessas que por um lado ficou mais impaciente. Tenho cada vez menos paciencia para gente chata, desinteressante - o que eh de uma arrogancia (e falta de espelho) absurda.

Tenho medo de me cercar soh de gente que pensa igual a mim.

Em minha defesa, acho que fiquei mais paciente com as pessoas que eu gosto.

Kamille said...

Engraçado, eu me torno a cada dia mais paciente (na essência, sou muito, muito impulsiva). Mas uma coisa eu aprendi com a análise (e a vida): ninguém muda muito. Ou gosto do outro do jeito que ele é, ou é melhor olhar pra frente.