Friday, February 12, 2010

Sabe quando?

Sabe quando você apaga e reescreve o começo de uma carta por que na verdade não tem coragem de dizer o que está dentro de você?
Sabe quando você percorre sozinha por mil caminhos conhecidos e se sente ainda mais sozinha quando está acompanhada?
Sabe quando você explica algo a alguém e o seu ouvinte parece não entender absolutamente nada do que você disse?
Pois é.

Essa mulher que eu vou contar a história chegou em uma festa e, olhando ao redor, descobriu que não tinha absolutamente ninguém com quem conversar.
Primeiro tentou ficar sozinha, mas parecia que todos os seus movimentos eram filmados pelos outros. Depois tentou puxar assunto, mas descobriu que tinha pouco interesse no que lhe diziam. E aí, sem muita alternativa, foi pegar um drink no bar.

Como é mágico o efeito do álcool. Ficamos fluentes em línguas que mal sabemos falar. Nos tornamos especialistas em assuntos que não dominamos e passamos a ter certeza absoluta de que somos indispensáveis para a festa.
Essa mulher de quem eu falo, em pouco tempo, circulava pelos grupos que antes ela tinha rejeitado.

Sabe quando o mundo gira muito rápido, e de uma maneira muito irônica?

As doses vão aumentando, assim como o incômodo que ela tentava sufocar. O incômodo estava sempre lá. A raiva. Essa mulher de quem eu falo é um poço de ressentimento, e ela sabe disso. Ela pensava em ir embora, mas sabia que não conseguiria ir à francesa. Ela olhava pra porta, juntava suas coisas, mas não saía do lugar.

Sabe quando isso acontece?

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