Saturday, March 10, 2007

A terceira conquista

Existem três conquistas que completam a alma.
A primeira tem a ver com a aquisição de bens de consumo duráveis. A compra do primeiro carro com infindáveis prestações usando o parco salário do primeiro emprego, a primeira viagem ao exterior, o primeiro aluguel e - um dia chegamos lá - o primeiro apartamento próprio.

O segundo é de cunho amoroso: quando a gente pára, mesmo que momentaneamente, a procurar a cara metade. Geralmente porque conhecemos alguém legal e pensamos "agora vai", mesmo que a história desande algum tempo depois. É o fim de beijos sem sentido e sexos com pessoas que preferimos nem lembrar. O famoso sossegar o facho com uma pessoa só, sabendo que agora você tem companhia para programas de índio.

A terceira conquista foi a que consegui realizar ontem. Muita gente vai dizer que não é nada demais, e que a ordem da lista está completamente equivocada, mas o fato é que na noite de sexta-feira eu consegui, finalmente, cozinhar um risoto de funghi.

Antes que comecem os protestos, eu preciso explicar quem sou eu em realção a assuntos de economia doméstica. Peguei uma receita na internet e rumei ao Zona Sul para comprar os ingredientes. Porém, enquanto monga, não sabia que a cebola tinha que ser pesada. Achava que a gente comprava cebola por unidade, que era só colocar no saquinho e apresentar no caixa. Passei pela vergonha de perguntar para a moça do supermercado: tenho que pesar isso aqui? Ela me olhou atônita, e respondeu que sim, com a cara de quem não está acreditando no que acabou de ouvir. E eu me recolhi à minha insignificância.

Depois teve o momento da falta da manteiga. Comprei tudo direitinho, até a cebola devidamente pesada, mas esqueci da manteiga. Acionei o Ninja, homenageado da noite (o que três semanas de viagem não fazem com o seu namoro!) para comprar pra mim o item que faltava, enquanto eu vigiava as panelas que já estavam no fogo. O coitado teve que calçar o tênis, atravessar a rua e voltar com o saquinho para que eu continuasse a minha aventura culinária.

Tem horas que você acha que aquilo não vai dar certo. Que a panela está mais parecendo uma canja que um futuro risoto, ou então que a quantidade de caldo de carne está errada. Mas, para a minha surpresa, o prato foi progredindo, progredindo, até que finalmente foi servido à mesa. Adivinha só. Ficou bom pra caralho. Na verdade, o risoto de ontem foi o melhor risoto de funghi que eu já comi na vida.
Não há tempero melhor que a auto satisfação.

Pra quem quiser se aventurar a fazer um risoto de funghi como este, aí vai uma receitinha tranquilíssima, e de sucesso garantido.
Se eu consegui, mesmo sem saber pesar a cebola, você também consegue. Acredite na terceira conquista.

4 comments:

Vivien Morgato : said...

Boas essas conquistas.Cozinhar é meio ritual, entao...uma conquista a mais sempre.

Adriana said...

E aí, Bruna!
Estou ansiosa por mais novidades no teu blog. Manda mais.
Um beijo, Nana.

Flavio Cond said...

Salivo aqui como uma cobaia de Pavlov..Qual é a malandragem pra fazer o funghi?

bastaestarvivo said...

bruna,
continuo lendo a safra 2007 pq descobri q i didn´t. e isso eh bbom como descobrir um autor e sair catando tudo dele.
sobre a 2a conquista me lembro sempre de uma coisa q li do bertrand russel q era meio feinho mas era el fodón: busquei primeiro o amor porque produz o extase. (sabe extase, sair fora do corpo, pairar sobre tudo e sobretudo pairar.rs)