Tuesday, August 15, 2006

Tadinho do agricultor de Juiz de Fora



Orelhão de Ouro Fino, MG: não é fofo?

De todas as notícias terríveis e horripilantes que dominram os jornais nas últimas semanas, a que mais me emocionou foi a história do agricultor de Juiz de Fora que veio tentar a vida no Rio de Janeiro. A história dele se tornou o meu exemplo pessoal de esteriótipo de interioranos x moradores da cidade grande: os primeiros sempre ingênuos, fofos, prontos para cair no conto do vigário; os segundos sempre exxxxpertos, de olho nos otários, sem perdoar um pobrezinho recém chegado do campo.

Pra quem não sabe, a história é a seguinte: o tal agricultor veio de carroça com os dois filhos de Juiz de Fora ao Rio de Janeiro, em uma viagem que durou dois meses. Ele ficou famoso assim que chegou à cidade porque foi fotografado andando com a carrocinha no meio da avenida Presidente Vargas. O mineirinho estava com tudo preparado pra ficar na casa de uns parentes na Rocinha, mas daí falarm pra ele que se ele fosse morar lá, teria que se desfazer da carroça e da égua Darlene. Só que aí ele não quis, porque a Darlene era uma égua que tinha ajudado muito a família dele quando eles ainda moravam no roça. E aí ele resolveu ir pra um outro bairro onde a égua ficaria a salvo.

Só que é dura a vida na cidade grande. O agricultor foi até a Ceasa, em Irajá, pra ver se conseguia alguma comida para os filhos. Amarrou Darlene do lado de fora e foi à luta. Quando voltou, cadê Darlene? Ela e a carroça haviam desaparecido, fruto de algum desalmado mais rápido do que ele.

"O que eu vou fazer da minha vida agora? Como vou trabalhar", ele perguntava à repórter do Globo. Eu não sei o que ele vai fazer. Poderia voltar a Juiz de Fora e reconstruir sua vida na terra que ele conhece bem. Mas se o homem colocou os filhos pequenos em cima de uma tábua sobre rodas durante dois meses só para tentar a vida no Rio, é sinal de que as coisas na cidade dele não andavam lá essas coisas.

Eu tenho muita pena do mineirinho agricultor. Torço pra que um ricaço desses leia a sua história e o contrate como piscineiro, ou jardineiro, ou caseiro. De vez em quando a vida dá uns finais felizes assim.