Wednesday, August 17, 2005

Terra do Nunca

A menos que todas estas coisas não sejam verdade - todas estas coisas que você me fala quase todos os dias, sobre amor e ficar junto e destino e tudo mais - a menos que nada disso seja verdade, então eu não tenho motivo para me preocupar com os outros (e com as outras, principalmente). Mas se na verdade tudo o que você me diz não passa de fantasia (veja bem, não digo que seja mentira, e sim fantasia, porque quando a gente mente a gente procura deliberadamente prejudicar o outro, enquanto que quando a gente fantasia, queríamos que aquilo se tornasse realidade) - então, se tudo o que você me diz não passa de fantasia, aí sim eu teria que me preocupar com traições morais, psicológicas e sexuais. E eu bem que acho que você é chegado inocentemente a uma fantasia, como naquele dia em que você disse que me amava. Hoje eu sei que você pode realmente me amar - já se passou tanto tempo e tal, e continuamos juntos e tal -, mas, naquele tempo, acho que você não me amava de verdade, mas você queria desesperadamente que aquilo se tornasse realidade, e então você falou a tal frase original: eu te amo. E aí eu ouvi e repeti que eu também, embora eu fosse exatamente como você: não amava, mas queria amar. E sabia que era só questão de tempo.
Como naquela outra vez em que a gente tinha bebido demais e eu estava levíssima, mais leve que o ar, flutuando entre os fogos, toda feliz porque estava rasa como muitas pessoas aparentemente felizes são, e então você me olhou bem sério - ok, nem tão sério assim - e segurou meus cabelos enquanto eu vomitava no jardim - eu nunca fui muito boa com bebidas, a menos que sejam destilados - e eu disse que tudo bem, e agora: olha aí.
Mas eu deveria saber, desde aquele dia, que você é chegado em um faz-de-conta, que você vive numa Disneylândia pessoal, e que quer transformar tudo em Vocelândia. Eu deveria ter percebido mas, por outro lado, isso não faria a mínima diferença. Afinal, eu também gosto de um conto-de-fadas. E outro dia mesmo eu vi a Sininho.

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