Saturday, April 28, 2007

Pessoas que passam

Às 11h da noite de ontem, eu me despedia de uma senhora de cabelos curtos que tinha lágrimas nos olhos. Ela já começava a sentir as saudades que teria das nossas gravaçoes, depois de cinco dias de convivência intensa. Eu sei que nunca mais verei essa senhorinha e, mesmo assim, embalada por latas e latas de cerveja, ela me abraçou e me deu um beijo no rosto. E convidou para voltar à Goanésia, GO, no carnaval do ano que vem.

O mais certo é que eu nunca mais volte à Goianésia. Ou a Silvânia. Ou a Pão de Açúcar. Ou até a Fernando de Noronha (que lugar absurdamente caro! Prefiro ir à Espanha e gastar a mesma quantia). Mas em todos estes lugares deixei pra trás novos amigos, de idades variadas, que acolherem à mim e à equipe como membros de uma grande família.

Uma vez, quando estava em Jericoacoara, CE (dessa vez eu fui a passeio), um israelense que havia conhecido toda a América Latina me ensinou que, para quem viva na estrada, o lance é estar desapegado das pessoas. Uma coisa assim meio budista, de deixar que o outro parta, que conclua a participação que teve na nossa vida, sem sofrer por saudades. O israelense, cujo nome já nem me lembro mais, disse que esta foi a maior lição que ele aprendeu nas suas andanças de um ano e meia pela América do Sul. E ele disse isso, é claro, quando estávamos nos despedindo.

Mas eu nunca fui muito boa em deixar as pessoas passarem. Tenho essa mania de segurar por perto quem eu considero de bem, talvez porque eu esteja de saco cheíssimo de gente chata. Esse povo que eu conheci pelo Brasil é sempre gente que tem estima por humildade e que abre as portas de sua casa com alegria e sem ressalvas. Uma situação muito difícil de acontecer no Rio.

Tirei tantas fotos de meus amigos goianenses, mas sei que daqui a um mês não me lembrarei mais do nome de ninguém. Só vai ficar na memória a imagem da senhorinha emocionada, e dos copos de vodka com coca-cola na beira da piscina depois da gravação, e do churrasco mal passado especialmente pra mim.

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