As minhas duram uns cinco minutos. Quando eu ouço a notícia e sinto aquele bem estar de missão cumprida e aprovada, aquele leve formigamento interno gerado pelo orgulho de si mesmo, por ser essa pessoa especial e única, que veio ao mundo para encher a Terra de soluções geniais. Eu tenho exatos cinco minutos de paraíso, e depois a conquista perde a graça e eu já passo pro próximo objetivo. Eu sou que nem esfomeado em churrascaria: não nego nehnuma carne e em pouco tempo estou empanturrado, sem conseguir comer mais nada, pensando no sushi do próximo sábado.
Por quanto tempo a gente pode viver uma glória? Concordo que os meus cinco meteóricos minutos de satisfação são muito pouco pra quem ralou por anos pra conseguir atingir sua meta. E eu não me dou descanso, não me dou um relax de pernas pro ar, eu quero mais e mais e mais, eternamente. Infernal, não é mesmo?
Mas também acho que viver pra sempre festejando as conquistas do passado é coisa de quem não entendeu que a fila anda e a caravana passa.
Só sei de uma coisa: enquanto eu faço tudo, enquanto eu dirijo e levanto peso na academia, e estou em reuniões supostamente prestando a maior atenção, ou vendo Seinfeld e fingindo pra mim mesma que eu estou ligada na estrutura da narrativa, enquanto eu faço tudo isso eu penso: tenho que escrever, tenho que escrever, tenho que escrever. Como uma obsessão. Mas não sento e escrevo porcaria nenhuma, eu só me cobro, de olho no próximo estágio da minha lenta e complicada jornada.
Hoje à noite eu vou chegar em casa e vou encontrar o apartamento incomumente vazio. Sem marido, sem enteados, sem empregada. Todinho pra mim. Desconfio que vou ficar entre o deprê e o conforto que só a solidão proporciona. Mas a ordem que martela há dias na minha cabeça estará lá, e eu não sei se vou dar ouvidos a ela.
Tem vezes que dá vontade de virar hippe e jogar pro alto essa obrigação de "dar certo".
Mas logo depois eu volto ao normal, deitada na minha cama queen size de lençóis lavadinhos.
2 comments:
e ai, vc ainda toma rivotril?
Não, a minha cartela perdeu a validade e eu nunca mais ganhei outra. E é claro que eu não tenho receita,
Mas sinto falta quando vou pegar um vôo longo, internacional. O rivotril me ajudava a dormir, e agora que eu não tenho mais, fico acordada praticamente durante todo o vôo...
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