Pois então, eu e três amigos fomos ver as fotos da Nan Goldin. Aquelas que foram censuradas porque tem gente chata demais no mundo, sabe como é? Fui preparada pra ver imagens chocantes e me deparei com lindas histórias de amor. Até chorei - e uma grávida que vê uma cena de sexo e chora é algo pra se pensar, não? Ah, tudo bem, tinham uns viciados se injetando aqui e ali, mas o grosso mesmo da obra da Nan Goldin (pelo menos dessa que aportou no Rio de Janeiro) fala de amor, de relacionamento, de amizade. De uma maneira soco no estômago, ta certo. Mas no final a mensagem é: amem-se! Chega a ser uma mensagem cristã, quase.
Eu lembro de ver, dessa vez sozinha, uma exposição da fotógrafa, há muitos anos. Não lembro quando, nem lembro onde, só lembro do auto retrato que ela fez depois de tomar porrada do namorado. Achei corajoso demais. Hoje em dia eu sei que essa é uma foto meio lugar comum, que um monte de gente já fez. Mas naquela época, as pessoas que apanhavam se escondiam. Nan Goldin não só se mostrou, como ampliou os hematomas e correu o mundo. Toda a minha admiração a ela.
Saí do MAM com aquela sensação de alma lavada que só uma bela tarde nerd no museu proporciona. Na saída, bicões de abertura de exposição bebiam prosecco em copos de plástico. Meus amigos beberam, mas eu não. To grávida, ne. Bebi água mesmo. E mesmo de cara limpa aturei com toda paciência do mundo o começo do bloco de ex estudantes de cinema da UFF, que concentrava nos jardins. Achei até engraçado quando fiquei na dúvida se uma menina estava fantasiada, ou se se vestia a sério. Definitivamente, a análise está dando certo, e eu sou uma pessoa melhor.
Meus incansáveis amigos, sedentos por me mostrar outras formas de arte, me levaram à Praça Tiradentes. Onde antes havia uma horrorosa grade, agora a praça se abre, enorme, redonda, e servindo de base pra estátua de Dom Pedro I. Realmente, lindo demais. Fiquei orgulhosa. E dessa vez eu não estou sendo sarcástica.
Na volta, passamos pelo ponto de turismo-catástrofe da vez: o prédio que caiu na Cinelândia. Fiquei olhando praquele buraco no meio dos prédios e me lembrei do Ground Zero, e do dia em que as Torres Gêmeas foram derrubadas. Memórias de guerra.
E no final das contas, voltamos de metrô pra Copacabana. Eu me despedi deles com abraços e beijos e saudades sem fim, lamentando que cada vez menos eu tenha sábados de sol nerds em tardes de museu. Valeu cada nanossegundo.
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