É que a urgência de escrever acontece assim mesmo. Vai crescendo uns dias, eu vou ignorando, até que chega uma tarde em que não to fazendo nada de importante, em que não tenho com quem conversar, em que nenhuma ligação me satisfaz. E aí, nasce um post novo. Que não vai falar absolutamente sobre Big Brother, José Alencar recém morto, Maria Bethânia. UFRJ que pegou fogo... No meu blog, a manchete é sobre o mês e pouco que eu já estou sem fumar. E sobre como eu estou psicótica e neurótica em relação ao meu peso, e em como conto calorias e vou à academia todos os dias, e em como continuo achando o meu corpo uma bela porcaria que precisa de uma lipoescultura, mas não tenho coragem nem de encarar a faca nem de optar pela mesa de cirurgia ao invés de, suponhamos, uma viagem a Paris. No meu blog, o umbiguismo da autora é o editorial.
Eu costumo dizer que, pra toda profissão, existe uma certa postura que denuncia a amargura daquela atividade. Os jornalistas são todos encurvados, pode ver. É o peso da cruz nos ombros. Os roteiristas são barrigudos, porque dentro das barrigas mora um reizinho de genialidade que está pra ser parido a qualquer momento. Os diretores são estrábicos de tanto enxergar o mundo pela ponta do nariz. Mas os blogueiros... Eles são o quê? No começo, eles eram uns nerds que gostavam de escrever textos malditos sobre vidas que não conheciam de perto. Mas agora a coisa se popularizou e todo mundo tem um blog. Todo mundo. Os mais espertos definiram um assunto central e seguiram em frente, informando. Eu não tenho vontade de informar ninguém. Só tenho vontade de vomitar. Vai ver, se blogueiro fosse profissão, seriam todos bulímicos.
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