Quem sofre de insônia sabe: existe aquele micro momento em que estamos quase adormecendo e pensamos: vou conseguir dormir. Aí a gente acorda. E demora mais uma horinha looonga pra conseguir entrar no clima de novo, dessa vez tentando esvaziar a mente - o que por si só já dá um trabalho filho da puta. Insônias são contraprocentes, irritantes e angustiantes. E sempre chega a hora em que eu desisto de lutar e ligo a TV.
Não sofro de insônia. Mas, vez ou outra, por conta de ansiedade/putisse/preocupação eu acabo fritando bolinhos na cama. Aí levanto, acendo um cigarro, circulo pela casa. Mas aí é o problema, porque quando faço isso tudo estou contribuindo para que o sono não volte a se apresentar tão cedo. E quando ele chega de verdade é sempre uma hora antes do despertador tocar. É só comigo que é assim?
Daí hoje eu estou com olheiras até o umbigo, e me matei pra não dormir na aula sobre Proust. Ele também tinha insônia. E ele também acordava e achava que estava em outro lugar, às vezes. E às vezes ficava feliz, outras ficava triste por não estar onde achava que estava.
Depois de pensar "dormi" e acabar acordando, achei que estava no meu quarto de infância, na casa do meu pai. Fui abrindo os olhos e reconhecendo o fundo barulhento de Copacabana onde, não importa a hora, tem sempre um ônibus passando embaixo da minha janela. Não, eu não estava na casa do meu pai, aquele lugar tão silencioso e quieto que me dava tédio na adolescência.
E dessa vez, quando percebi que não estava lá, eu fiquei triste.
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